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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 10/02/2024

Entre Portugal e Reino Unido.

#ReBPlaylist: Janeiro 2024

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 10/02/2024

Fevereiro está a ser mês de balanços no Rimas e Batidas e, a semana passada, revelámos por cá as nossas listas de discos favoritos, nacionais e internacionais, relativamente ao ano transacto. Hoje o throwback é mais curto e foca-se no primeiro mês de 2024 em mais uma edição da #ReBPlaylist, que é composta por 5 escolhas musicais. A portugalidade reina por cá, mas há laivos britânicos a ter em conta entre as faixas que constam no imaginário da equipa do ReB quanto ao começo do novo ano.


[The Smile] “Teleharmonic”

2024 ainda agora começou e já temos um motivo para sorrir: os The Smile estão de volta com um novo álbum. Wall of Eyes é o título do segundo projecto deste grupo de veteranos tornados “novatos” composto por Tom Skinner — proficiente baterista e um dos fundadores de Sons of Kemet — e Thom Yorke e Jonny Greenwood — respectivamente vocalista e guitarrista de uma “pequena” banda chamada Radiohead. Desde a sua origem que o trio nos habituou a temas bem construídos, e “Teleharmonic” é um dos destaques do álbum e uma fresca e nova adição a essa lista.

Somos recebidos por sons graves, distorcidos e electronicamente cavernosos, que se mantêm durante toda a música, e o instrumental e voz clamorosa de Yorke flutuam no éter sonoro com uma leveza que dissimula a força deste tema. É como ver uma tempestade a formar-se num globo de neve, e no refrão os relâmpagos despontam. Há tristeza nas palavras que ouvimos, algo no passado que se deseja esquecer mas cuja dor mantém vivo. A flauta é uma bela adição a uma progressão natural e muito bem construída, a sua melodia é semelhante a um choro que acentua o discurso de Yorke. “Teleharmonic” é um tema discreto, permeado por algo de muito real e saudosista. É uma viagem introspectiva criada por três músicos no auge das suas capacidades.

— Miguel Santos


[Ana Lua Caiano] “Vou Ficar Neste Quadrado”

Enquanto aguardamos pelo primeiro longa-duração de Ana Lua Caiano, certamente uma das grandes revelações da música portuguesa nos últimos anos, vamos enchendo as medidas com canções como “Vou Ficar Neste Quadrado”, single desvendado neste primeiro mês de 2024. É um tema que, através da voz cristalina e versos poéticos da sua autora, fala de alguma solidão e afastamento, o que pode ser um prenúncio para o disco. Em termos sonoros, Caiano explora como nunca a sua voz como um instrumento, recortando-a em infinitos loops e construindo o seu puzzle, munida de ferramentas electrónicas, que aqui ganham preponderância. A cereja no topo deste bolo é a sequência de flautas que se intersectam com um turbilhão noise digital. De pés assentes na terra da tradição, mas de olhos postos no futuro, com as mãos a construir um presente muito seu, assim segue Ana Lua Caiano em direcção ao lançamento do seu álbum de estreia. Tememos que não haja quadrados que possam suster a sua vitalidade artística.

— Ricardo Farinha


[Kristoman] “Tou Cá Em Cima”

A olhar para o horizonte, mas sem nunca esquecer o que ficou para trás. É esta a premissa de Kristoman que se reintroduz a solo depois de 3 anos em lume brando, mas que em 2024 promete deixar o hip hop luso a ferver. O rapper de São Brás de Alportel está a celebrar 20 anos de carreira, e que melhor forma de o fazer do que com um novo álbum — Anotha Situation está pronto, e deverá ver a luz do dia nesta primeira metade do ano.

É nessa base que “Tou Cá em Cima” acaba por ser construído, num tom mais reflexivo e até nostálgico onde o rapper faz um flashback ao que foram as últimas 2 décadas, com muita história e música na bagagem. Mas atenção, o tanque está cheio e a caminho está um disco fresquinho, que já tem confirmadas participações de Uzzy, MadKutz, Jean Richard e até um featuring surpresa reservado a quem comprar o disco físico.

É apenas o arranque de 2024 para Kristoman, que até vislumbrou aqui um possível regresso dos icónicos Tribruto, formados por ele, RealPunch e GIJOE. Dito isto, Kristoman certamente é dos nomes que não podem escapar do radar para o novo ano.

— Carlos Almeida


[Miss Universo] “Ser Português”

Há poucas heranças tão valiosas como a que José Mário Branco (nos) deixou, ele que soube como ninguém o que é, afinal, isto de ser português (ou solidário…). Terá sido com ele que, por força dos circunstancialismos, Afonso Branco (reza aqui precisamente a circunstancialidade da coisa) aprendeu . Não só sobre as vicissitudes das suas raízes — africanas, também, pois claro —, mas sobretudo, e antes de mais, a cantar, compor e tocar. Não é linear a transmissibilidade de talento via código genético, mas há casos que nos levam a crer cegamente nos mistérios da fé científica. Ou para quem procura explicações nos astros, a resposta poderá estar em Miss Universo: no reverso das cartas revelou-se o já mencionado Afonso Branco, a par de André Ivo, numa aparição tão enigmática quanto esclarecedora nesta nossa atmosfera. Sangue novo de velhos modos, lufada de ar fresquíssimo no namoro ao bafiento, vinda de aspirantes a taberneiros e burgueses em negação. Carisma e irreverência, ingenuidade e maturidade, vanguardismo e revivalismo, Tash Sultana e Tito Paris. A beleza dos contraditórios. Matéria de que é feito qualquer bom português.

— Paulo Pena


[Holympo & BELLA SAINT] “Honesto (Faroeste)”

Corações magoados podem voltar a amar de forma honesta mesmo quando o peito está feito um faroeste. Holympo e BELLA SAINT amparam-se em pleno Inverno com uma faixa aconchegante de bounce londrino e fazem derreter o gelo um do outro com combinações de dates e promessas de reverter comportamentos que outrora estiveram na base de fracassos. O rapper de Cantanhede assume um maior protagonismo dentro da narrativa da faixa e mostra-se inventivo nas rimas, recorrendo tanto a clichés de uma simplicidade pop que fala a língua do presente — “Tá-me a dar o 10 / De 0 a 10 / À tua porta em dez / Send location” — como a fraseados de maior raciocínio e força poética — “Muita areia, tu aqueces / Fazes do meu coração glass / Uma flecha fazia uma mess / E eu não quero voltar a varrer cacos de afecto”. Já a cantora e produtora fica mais recatada, a manter a cadência garage que embala a canção, e surge a meio com versos cantados em inglês que dão um toque R&B ao produto final. Cheira bem na cozinha da Detox Music neste arranque de 2024.

— Gonçalo Oliveira

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