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Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 09/04/2024

De 01/04/2024 a 07/04/2024.

Rap PT — Dicas da Semana #182

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 09/04/2024

Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.

De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça. Por dentro e por fora.


[Kristóman] Another Situation

Quando o assunto em cima da mesa é rap, Kristóman costuma ser homem de palavra. E escolheu precisamente o dia em que se perdoam as mentiras para, sem falsas partidas, revelar Another Situation — trabalho que já havia sendo antecipado a partir do lançamento de singles como “Tou Cá Em Cima”, “Aladino” e “Dava Tudo”. Composto por 12 faixas, o novo disco do histórico rapper algarvio assinala o seu regresso aos longa-durações quase uma década depois de editar Remédio Santo.


[Parker & si!va] “Pó de Arroz freestyle”

Vénia estendida e rendida a si!va por concretizar o que era tão óbvio e, ao mesmo tempo, impensável: samplar desavergonhadamente “Pó de Arroz”, do malogrado Carlos Paião, era demanda para ontem — se é que ninguém já o havia feito. De resto, coube a Parker fazer das suas, que é como quem diz rima solta e verso livre, texto deste “poeta a sério” com Rosa Mota em destaque. E o que têm em comum estas duas figuras em evidência? Um morreu precisamente no ano em que a outra conquistou a medalha de ouro olímpica. Quem diria…


[Fonseca] “Cidade Pequena”

Num género tão competitivo por natureza, qualquer cidade é pequena para dar palco a todos os seus filhos, pródigos ou abençoados. Ainda para mais sendo o rap um campo vincadamente territorial, com pouco espaço para partilha de endereços e códigos postais. No caso de 2430 — indicativo da cidade de Marinha Grande —, a patente está bem entregue a João Fonseca, que volta a dar sinais de vida sem padecer de uma qualquer síndrome de “Cidade Pequena”.


[TILT x Jackie] “Vinho de Pakote”

“Tolos falam de acordo com a crença de que somos todos da letra a não ser que eu esteja presente. Nesse caso falam do flow.” Foi NERVE quem o disse, agora é TILT quem o concretiza em sede própria. E fê-lo a matar quatro coelhos de duas cajadadas: não só deu espaço a Jackie para um beat inusitado, como puxou também o tapete a quem dá por estanque o seu registo imaculado. Primeira cajadada. E não só deu mais um passo rumo seu próximo disco a solo — que deverá ter umas quantas peças inéditas reveladas em primeira mão já este mês, quer dia 13 no Tokyo, em Lisboa, quer dia 20 no Ferro Bar, no Porto —, como nos relembrou da incerta iminência da derradeira aparição de ESCALPE. Com, precisamente, NERVE a confirmá-lo em segundo plano. Segunda cajadada.


[ODm_ & Benny Broker] “Tudo menos a palavra”

Seja do “pakote” ou da garrafa, seja letra ou palavra, servem diferentes meios para chegar ao mesmo fim. E seja esse fim procurar uma inspiração inebriada, seja inspirar quem recebe o resultado dessa inspiração. Sendo bem diferentes, essa é uma coisa que TILT e Benny Broker têm indubitavelmente em comum: queimar tudo menos a palavra é, para ambos, palavra de ordem nas respectivas labutas. E, se para o fazerem, puderem contar com bons beats, melhor ainda. Será certamente essa soma que há-de resultar de SoundCheck, trabalho a ser desenvolvido por ODm_ a par de Benny B., que tem data de edição prevista para o primeiro dia de Junho. Palavra de honra.


[Mura] “GTFO freestyle”

A escola de Mura é a que ensina a valorizar o trabalho constante, como fórmula única para a evolução em sede própria. Dessa filosofia resulta que o ímpeto criativo canalizado para a feitura de um trabalho maior, como foi o caso de ADAMAS — disco que recentemente editou a meias com Stereossauro —, não se esgote no pós-álbum. Aliás, até poderia ser esse o caso, mas vale-nos novamente a garantia dos frutos que esse trabalho constante dá a artesãos do rap como o MC de Almada, que no caso de “GTFO freestyle”, pela natureza do formato, até deverá ter a tinta da caneta ainda fresca. Justiça feita à obra de Daringer.

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