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Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 06/06/2023

De 29/05/2023 a 04/06/2023.

Rap PT – Dicas da Semana #138

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 06/06/2023

Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.

De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça, por dentro e por fora.


[Domi] “Bombar” feat. Panda

Já ouvimos Domi numa série de registos diferentes — e a fazer-lhes justiça em cada um. Mas nenhum deles soa tanto à sonoridade por excelência do rapper algarvio: uma cadência boom bap com doses equilibradas de auto-confiança e uma camada extra de descontração que só ele sabe imprimir, quase sem esforço. E Panda entra em “Bombar” exactamente na mesma frequência e com a mesma energia. Para quem não está familiarizado com a Taberna do Sul, é imaginar esta faixa em alta rotação num espaço como, a título de exemplo, O 36.


[Montblanc] “Montblanc”

Durante cinco dias, cinco amigos juntaram-se e criaram cinco temas juntos. Montblanc foi o resultado desse retiro criativo levado a cabo por GriLocks, Krayy, Crate Diggs, Adilson e Salomão em Montalvão, Portalegre. A quarta faixa, homónima do primeiro volume concebido por esta mão cheia de individualidades, acaba por representar o espírito do projecto na íntegra: instrumentais cheios de alma e versos tão introspectivos quanto reivindicativos.


[L-ALI] “Kilates”

Engraçado é que L-ALI verse sobre o peso da palavra (“Palavra nula é peso morto”) e dos sonhos (“Não conta quanto pesa o dele nisto”) quando, na verdade, está cada vez mais leve. E ele sabe-o — “Leve sou (…) Pilates no beat, ’tou sempre solto”. E não deixa de ser fascinante ver alguém que nos amarrou a atenção com uma aura tão pesada a tornar-se cada vez mais gracioso, sem perder, no entanto, a acutilância de um ourives de rimas exímio. Imagine-se o que não virá do EP que está a preparar a meias com Lunn, agora ao lado da CRVVO Records no agenciamento.


[Il-Brutto] “Cativeiro freestyle” feat. xtinto

Vidrado nas águas do Oceanário e de leme orientado ora Por Este Rio Acima ora Por Este Rio Abaixo, xtinto voltou a emergir em grande plano no pós-Latência, álbum que editou no arranque de 2023. Já o primeiro longa-duração de Il-Brutto em nome próprio não tem, por enquanto, data de estreia, ainda que este seja o quarto avanço de um disco sobre o qual já lhe conhecemos nome — FUSCO — e alguns dos seus participantes, designadamente Ângela Polícia, Jack Crack e os restantes membros do trio ESCALPE, nas pessoas de Tilt e NERVE. A coisa promete a julgar por este princípio de elenco…


[Kroniko] “John Gotti”

Il-Brutto volta a estar em destaque na edição desta semana, mas desta vez em causa alheia: o produtor que tem primado pelo trabalho aliado à nata do hip hop nacional serviu mais um desses activos. “John Gotti” marca, por isso, o regresso de Kroniko à sua fiel imagem, ele que deixou uma pegada inconfundível no rap de rua e que se reapresenta agora pronto a “revolucionar a Lisa” — como nos adiantou em entrevista por aqui.


[Azart] “Voltas”

Foram várias as voltas, mas o álbum de estreia chegou-nos finalmente às mãos. Projectado como Karma, o primeiro trabalho a solo de Azart mudou de rumo para Foco (como nos explicou em entrevista momentos antes da listening party do LP), um trabalho que resulta de e espelha a jornada artística de Sebastião Oliveira, um rapper cujo potencial se justifica nas muitas cartas que até então tinha por dar. Lançado na véspera da revelação do disco, o quinto single do ainda recém-editado Foco vem reforçar o valor do MC que não se fica pelo rap na hora de mostra aquilo que sabe (há muito) fazer.


[Johnny Virtus] “CONVALLARIA

Parece cada vez mais incontornável e inadiável a concretização daquilo que já há algum tempo andamos a antever de dedos cruzados: o sucessor do clássico UniVersos só pode estar à beira da edição, quando uma sucessão de temas como “Não Posso Agora”, “Sou Bem” e, agora, “CONVALLARIA” nos chegam entre intervalos de tempo cada vez mais estreitados por Johnny Virtus.


[Subtil] “Mau da Fita

“O autor expressa uma série de pensamentos e sentimentos de maneira poética, abordando diferentes temas, como desafios pessoais, relacionamentos, ambições, e reflexões sobre a vida. A linguagem utilizada no texto é coloquial e informal, com um tom assertivo e confiante. O autor explora o uso de expressões idiomáticas e gírias para transmitir sua mensagem. No entanto, é importante observar que algumas dessas expressões podem ser consideradas vulgaridades ou ofensivas, o que pode afetar a interpretação e o impacto do texto. Ao longo do poema, o autor faz uso de figuras de linguagem, como metáforas e comparações, para transmitir suas ideias e sentimentos de forma mais vívida. Essas figuras de linguagem adicionam um elemento de criatividade e originalidade ao texto. Embora a estrutura e a rima do poema sejam consistentes, a clareza na construção das ideias pode ser um desafio em alguns trechos. Algumas frases são complexas e podem exigir um esforço adicional por parte do leitor para compreendê-las completamente. No geral, o texto retrata a perspetiva do autor sobre sua vida, experiências e observações, e busca transmitir emoções e pensamentos por meio da linguagem poética.”

O preâmbulo, ainda que escrito na terceira pessoa do singular, não deixa de ser bem explícito sobre as intenções do repetidamente visado por “autor”. E, em boa verdade, “Mau da Fita” é uma personagem várias vezes assumida por Subtil, um rapper que tanto afirma o seu valor artístico como reconhece as suas falhas a título pessoal. Fá-lo é por palavras e registos diferentes, mesmo que acabe sempre por voltar a discorrer sobre esses conflitos internos — e sempre com uma habilidade muito própria.


[Farrusco] “Más Horas” feat. xtinto

A narração inocente e contemplativa de xtinto na abertura de “Más Horas” contrasta com a entrada particularmente ríspida de Farrusco. De um não se esperava menos e de outro não se esperava, também, outra coisa. Só o cruzamento entre estes dois rappers aparentemente distantes a nível artístico é que se apresenta, à partida, inesperado, mas mais interessante ainda seria, porém, ver o MC de Ourém protagonizar um segundo verso no longa-duração de estreia do autor de Uma Mão Cheia De Nada. Ainda assim, boas surpresas não faltam em O Cão Que Encontrava Trufas, trabalho inteiramente produzido por saraiva (fora “Fumo Ninja”, cujo instrumental tem mão de Crate Diggs) com selo Zona Recs.


[Biex] “Nem sequer eu sei

Começou-se pelo Algarve, andou-se pelo resto do país e acaba aqui a volta novamente a Sul, com Biex a motivar mais um destaque para uma edição nacional. 7 Duque é o novo trabalho do histórico rapper de Quarteira cujas últimas novidades nos chegaram, deste lado, a par do parceiro Lois.

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