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Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 28/02/2023

De 20/02/2023 a 26/02/2023.

Rap PT – Dicas da Semana #124

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 28/02/2023

Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.

De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça, por dentro e por fora.


[TILT] “ESPINHOS”

O caminho em direcção a Espirro, o próximo longa-duração de Tilt a solo, vê-se cada vez mais nítido. Com “Espinhos” pelo meio, o rapper da Margem Sul enfrenta “raiva, drogas, vinho” como escapes a um labirinto desenhado, involuntariamente, pelo próprio. Labirinto esse que leva a terceira parte de ORTEUM a passar volta e meia por aqui. E nós, espectadores, no mesmo sítio à espera que ele volte.


[Crate Diggs] “30 Flores” (feat. Farrusco & João Pestana)

Dar flores a quem as merece em vida é o melhor que se pode fazer. E podem ser 30 de uma vez mal Mais Um, Entre Tantos vol.2 — segundo volume de uma beat tape editada em 2016 — veja a luz do dia. Até lá fica o segundo vislumbre do novo trabalho de Crate Diggs, com Farrusco e João Pestana em assinalável evidência.


[Oliver Ghost, Bender & Cachapa, Lazy & DJ Tommy El Finger] “PASSA O MIC #7”

Numa fase em que o formato cypher escasseia, “Passa o Mic” já vai na sétima edição. Instrumental de Lazy, riscado pelo habitual Tommy El Finger, que serve de guia para as sixteens de Oliver Ghost, Bender 7 e Cachapa — três MCs assertivos com a lição bem estudada. E, no fundo, é “só” isso que se pede de um cpyher: um bom beat, bom scratch e boas dicas da semana.


[Krayy, Kulpado, Mura, Pestana, E.se & GriLocks] “Pela MS”

Damos pela falta, e respondem-nos a dobrar. Pegando na deixa de “Pelo Sul”, iniciativa promovida por Uzzy a partir do Algarve, Krayy avançou com “Pela MS” — aproveitando a progressão inicial do instrumental de “PELO SUL #2”, produzido por Dextah — para reunir uma bela turma de artilheiros da Margem Sul do Tejo: a começar pelo próprio rapper e produtor (que dá rimas e batidas ao seu cypher), Kulpado, Mura, João Pestana, E.se e GriLocks carregam o peso do código postal e dão cartas a cada 16 apartados.


[Jack Crack & DwÓ (DopeFinest)] “Credenciais & Crackóscopio”

“Credenciais” e “Crackóscopio” vêm, respectivamente, de Scopolamina (2017) e Caleidoscópio (2020), trabalhos de Jack Crack e DwÓ sob a dupla DopeFinest que serão re-editados em formato físico pela Godsize Records. Fica o isco para uns voltarem a provar e outros descobrirem os confins do rap mais ácido que o underground alberga.


[Animal, Cabril & Cevas] “Número 2”

E por falar em rap ácido… “Número 2” é a faixa número um do novo trabalhado saído da Armário Records: Pelo Cano Abaixo junta Animal, Cabril e Cevas em cinco temas de rap sujo e duro — como mandam as regras no subsolo do hip hop, seja ele de onde for.


[KILATE] “CAVALO”

Goste-se mais ou menos, Kilate garantiu-nos desde cedo uma regra sempre que surge com novidades: o cuidado estético e a criatividade visual são indispensáveis nos lançamentos do rapper do Prior Velho. Em “Cavalo”, conseguimos fazer pontes de influência de um incomparável K-Dot na tela, registo que, na faixa propriamente dita, se esfuma — é mesmo a voz característica do “Toni Toques”.


[VLUDO] “PATRIMÓNIO”

Ditam as regras da pluralidade que, para se formar um elenco — de luxo — bastam dois elementos. E em equipa que não só ganha, mas brilha, não se mexe nem um milímetro. Ter Sam The Kid e Blasph juntos num trabalho — DEDOS FINOS — é o concretizar de uma fantasia que qualquer hip hop head seria capaz de confessar logo à cabeça. E que duas cabeças estas, que abrem mão a uma primeira parte do “património” que, em conjunto, ergueram. Depois de “Sendo Assim”, “Body”, “Deixar de Ser”, “High” ou “3,14”, a expectativa de ver Samuel Mira a superar o insuperável não desvanecia. Nova parceria, novo verso estonteante — ainda mais testemunhado ao vivo —, com dicas não da semana, mas da história. E Blasph, representação do célebre dito hip-hopiano “o favorito do teu favorito”, a manter a fasquia elevadíssima do rapper e produtor que o acompanha em VLUDO, com um verso de abertura que colecciona quotables a cada barra. Pára tudo: rap e mais nada.

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