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Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.
De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça, por dentro e por fora.
[DreNaz] “Risco”
Risco é coisa que a aposta em DreNaz não acarreta. Na medida em que o rapper da Margem Sul definiu desde cedo uma linha inequivocamente direccionada ao drill cantado em crioulo. Nesse sentido, “Risco” é exactamente aquilo que, naturalmente, esperamos do autor de Momentos — e, nesse aspecto, não podia ser mais eficaz.
[xtinto] “Tontura” feat. Wugori
A semana que passou ficou marcada pela estreia de xtinto num longa-duração. O já há muito projectado Latência ganhou, finalmente, forma, corpo esse que se distanciou do registo que a princípio fez o rapper de Ourém sobressair. Sem perder afinco na caneta, o autor de Ventre e Inacabado permitiu-se a explorar as suas capacidades vocais — mais ainda do que havia feito nos singles “Marfim”, “Éden” e “Android” —, mas em “Tontura” o exercício é outro: ao lado do igualmente inventivo Wugori — em modo Juice Manuva —, xtinto mergulha num engenhoso egotrip por caminhos inesperados, com benji price, Lunn e Guire a proporcionarem a “parvoíce” dos dois MCs. Tema que foge à regra do disco, mas que, precisamente pela abordagem inusitada que oferece, se revela um dos mais apetecíveis deste álbum irresistível.
[Johnny Virtus] “Não Posso Agora”
Se não o tivéssemos visto em carne e osso há uns meses, talvez a esperança de ver o autor de UniVersos — cujo 10.º aniversário se celebrou nessa noite em Lisboa — novamente em palco se sentisse mais apagada. Mas o que é facto é que, de tempos a tempos, o rapper e produtor do Porto, Johnny Virtus, tem (re)aparecido em primeiro plano com um ou outro sinal de vida. “Não Posso Agora” volta a acender essa chama que, em boa verdade, nunca desvaneceu — entre fãs e artista. E, segundo consta, ainda há obra por se cumprir…
[Achero & ZOO] “TRAJE #3”
A trilogia aberta por Achero e ZOO em “LUMI ZOO #1” e desenvolvida em “SINAIS #2” fecha-se agora com o terceiro capítulo concretizado em “TRAJE #3”. O Legado foi o resultado deste trabalho tripartido em que o “traficante de rimas” versa, com especial enfoque, na sua história de superação. Assunto encerrado, venha o próximo — que o rapper do Lumiar já anteviu uma colaboração para o seu próximo lançamento.
[Buba, Angry Pete & Fia] “Inspira”
“Influencia e diz quem te influenciou”, é deixa-chave para “Inspira”. Isso vale não só para Buba, Angry Pete e Fia, mas para todos os membros da Armário Records. Para quem não os conhece, talvez nomes como Catalão, Animal, Rumo, Rilha, Cevas, Johny Malibz, Mura, Vácuo, Chapz, Farrusco, Avan Gra, Puto P, Renz ou João Pestana sirvam de referência ao que por lá se faz; até porque estes foram, precisamente, os intervenientes do último cypher saído do Armário — por sinal, destacado por aqui.
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