OLU, metade da dupla de Atlanta EARTHGANG que agora integra os quadros da Dreamville de J. Cole, usou a DJ Booth para publicar um sentido editorial dedicado ao seu pai e a todos “os que se sentem em baixo ou apáticos perante o estado actual do mundo”. Esse texto vem acompanhado de uma versão do clássico que deu título ao álbum que Marvin Gaye lançou em 1971, trabalho inspirado pelas conversas que o cantor teve com o irmão, então acabado de regressar da guerra do Vietname.
Quase cinco décadas mais tarde, o clássico que Gaye inscreveu no mais elevado panteão da soul continua a inspirar quem pretende questionar os rumos do mundo: “Todos os dias há uma diferente história, num diferente país, um diferente crime contra a humanidade. Num tempo em que estamos todos a fazer o melhor que conseguimos para sobrevivermos e aguentarmos, parece que Deus meteu o mundo dentro de uma garrafa de gasosa e nos agitou a todos”.
OLU prossegue: “Todos tínhamos planos para 2020. Todos tínhamos objectivos para melhorar as nossas vidas. E aqui estamos nós, a lutar contra uma doença global, a lutar para comer, a lutar para mantermos um tecto sobre as nossas cabeças, a lutar para educarmos as nossas crianças e para as manter seguras, a lutar para salvarmos o mundo das mudanças climáticas enquanto combatemos o racismo, o sexismo, o sistema de classes e o individualismo… É muita coisa. Muito para processar. Portanto cantar torna-se uma actividade catártica quando nem sequer se pode chorar por não se entender exactamente que sentimentos são estes”.
Mirrorland é o mais recente álbum dos EARTHGANG e “End of Daze”, tema com Spillage Village e JID com a participação de Jurdan Bryant, Mereba e Hollywood JB, o seu mais recente single, lançado no mês passado.