Quem não conhece, e muitos ainda não estão a par de todo o poder de Nayela, pode ficar espantado quando dizemos que o seu concerto na Casa Independente, que ocorreu no passado sábado (30 de Abril), foi o seu primeiro espectáculo a solo em Lisboa.
Um exemplo? O single de estreia “Perda“, recentemente lançado pela Sony Music Entertainment Portugal, que foi, do início ao fim, recebido e projectado de volta pelo público, numa combinação de diferentes tipos de sotaques portugueses que deixaram todos ali com as emoções à flor da pele.
Com a casa cheia, a cantora e produtora apresentou um extenso repertório com canções que vão do r&b a elementos de semba e MPB, por exemplo, junções que trazem modernidade e identidade à música. Os sons e as nuances que Nayela carrega consigo trazem conforto e nostalgia, aquela boa sensação de se experimentar algo novo e, mesmo assim, ter a impressão que já conhecia.
Apesar de só agora se assumir em nome próprio, a presença da artista é de quem já tem muita estrada — basta recordarmos que fez parte da banda que acompanhou Dino D’Santiago (com quem acabou a cantar “Nha Kodê“). Sozinha, há muitas faces suas para assumir com propriedade diferentes tipos de letras, ritmos e narrativas, convidando aqueles que ouvem (principalmente ao vivo) a viajar nas ranhuras dos graves ondulados e das batidas quebradas em camadas de sintetizadores etéreos. O “r&b sob o signo de Luanda” cunhado pela própria.
Depois de pisar terra em Bruxelas, Luanda e Lisboa, a multi-instrumentista promete, com aquilo que vimos, ser uma das líderes (tal como o seu irmão Nazar) desse ambicioso projecto que é fazer cumprir “uma Angola futurista que há muito vem sendo adiada”.
No final, fica o que a própria Nayela disse, e nós concordamos sem precisar de citar: ela está mesmo pronta agora, trazendo sua sensibilidade e talento de sobra. Só teremos de tentar acompanhar.