[TEXTO E FOTOS] Inês Costa Monteiro
Não é novidade que a estrela queer do mundo do hip-hop em pouco ou nada se contém. A aparição em palco, demorada e silenciosa, deu-se com uma distribuição de morangos para o público. Segundos depois de cantar a primeira música do novo EP, Mykki Blanco mandou afastar quem estava ali para o ver e formou a sua própria bolha em Hooze Booggie Life. Se os decibéis da voz chegavam ao Mercado da Ribeira, os samples da DJ não chegavam a metade dos que ali estavam. Mesmo com reclamações e paragens contínuas, o rapper americano continuou a elevou o espectáculo a outro nível.
Não foi um concerto, foi uma residência artística. Desde a mesa de DJ ao balcão do bar, não ouve metro quadrado por onde a estrela não tivesse passado. Morangos, mel, correntes ou colchões de espuma. Houve de tudo um pouco e para todos. O desafio foi constante e Lisboa há muito que precisava de sair da sua zona de conforto.
A música, rítmica e dançante, há algum tempo que vem pondo frente a frente todos os conceitos até agora associados ao hip-hop. O rap, atrevido e directo, trouxe uma nova energia. A tão esperada energia irreverente de Mykki.
Podia ter terminado de outra forma, mas preferiu abandonar o palco pelo público… para ir buscar um gin e mais tarde regressar, já Deejay Earl estava a moderar uma battle no palco. E uma senhora battle.
Os sintetizadores e baixos sobredimensionados são os seus melhores amigos e a música electrónica está-lhe mais do que no sangue. Se Mikky Blanco deixou a água na boca para a dança, Earl satisfez todos os ouvidos.