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Fotografia: Arlindo Camacho
Publicado a: 24/02/2023

A mesma voz, diferentes facetas.

JÜRA sobre “ameio”: “Interessa-me muito este cruzar de identidades e sonoridades”

Fotografia: Arlindo Camacho
Publicado a: 24/02/2023

JÜRA ganha novas asas sobre uma produção de DØR em “ameio”, tema que conta ainda com a colaboração de Icaro.

Depois de ver o seu nome vincado entre as maiores promessas da pop nacional, embalada pelo lançamento do seu EP de estreia jüradamor no ano passado, Joana Silva quer continuar a impressionar os portugueses com escolhas musicais ainda mais arrojadas. “voltarpramim“, a faixa avulso com que fechou as suas contas relativas a 2022, já demonstrava essa abertura da cantora para testar a sua voz noutros registos, ali camuflada por entre uma electrónica certeira envolta num swing mais exótico.

Com a canção nova que hoje editou, “ameio”, torna-se ainda mais difícil de cartografar todas as regiões sonoras pelas quais se desdobra o talento de JÜRA, mas conseguimos facilmente enquadrá-la numa certa revolução que tem vindo a causar especial mossa por estes lados: a de uma hyperpop profundamente influenciada pelos traços culturais do Velho Continente, com especial queda para fazer ressuscitar — mesmo que inconscientemente — o groove “quebra-pescoços” que está impresso na matriz da cultura urbana do Reino Unido, tais são os resquícios dessa vibrante cadência dançável que mudou as regras do jogo na transição para o presente milénio, rotulada de UK garage.

Em “ameio”, a artista volta a contar com o seu habitual produtor a ditar qual o rumo a seguir, numa viagem em que embarca ainda o rapper Icaro, ele que também voa a uma altitude inédita e roça o Sol neste beat de DØR. Oficialmente aberta a season de 2023 para JÜRA, podem contar com, pelo menos, mais dois singles para os meses que se seguem, formando uma trilogia de faixas esteticamente mais ousadas, fruto das experiências que a cantora e a sua equipa têm vindo a desenvolver em estúdio e argumentos de peso para as duas datas ao vivo que tem no horizonte — há concertos na calha para o Hard Club (Porto, 21 de Abril) e Capitólio (Lisboa, 29 de Abril).

O momento é, por isso, mais do que ideal para voltarmos a trocar mais algumas impressões com ela, quase um ano após a segunda e esclarecedora entrevista que concedeu à nossa publicação.



jüradamor está quase a completar o primeiro aniversário. Sentes que há um “antes” e um “depois” do teu primeiro disco de originais?

É verdade. Que orgulho. “Antes” e “depois”? Não. Sinto que a vida continua e que, consequentemente, novas canções nascem. Que tal como as fases da vida, têm pulsações diferentes. Que foi e é tudo um caminho no que é viveraqui, em mim.

Entretanto lançaste a “voltarpramim” e agora a “ameio”, duas demonstrações de como há por aí mais cadências que a tua voz ainda quer explorar. Isto é uma JÜRA ainda à procura de melhores versões de si mesma ou há essa vontade de continuar a quebrar convenções independentemente do momento?

Sabes, não me sinto à procura de nada. É mesmo a liberdade de expressar que me move. De poder fazer tudo e só o que sinto. Porque é o que sinto, o que tenho pra dizer, que define o caminho que a música vai levar. E assim será, sempre. E por isso sem limites.

Creio que esta “ameio” é a canção portuguesa que mais facilmente associo ao fenómeno internacional e bem plural da hyperpop, no qual se incluem nomes como PinkPantheress, Erika de Casier ou Shygirl. É uma corrente da qual estás a par? Que coisas te têm inspirado a dares estes passos?

Na verdade não estava a par, não. Mas já me fizeste ir aprender uma coisa nova. Eu não costumo ter influências diretas. Muito raramente, pra não dizer nunca, começamos uma canção com uma referência musical. É tudo mais sensorial. Mas interessa-me muito este cruzar de identidades e sonoridades. Hip hop, pop, electrónica, música urbana.

Apresentas este single como parte de uma trilogia. Que JÜRA é essa que vamos encontrar ao longo dessas faixas e que mais nos podes adiantar sobre o que se avizinha?

São três faixas que vêm com uma nova pulsação. Com sonoridades mais urbanas, que se aproximam mais ao que eu ouço. Acho que o que destingue mais estes novos sons do que tem saído até agora é mesmo a pulsação. Sinto a vida a acontecer mais depressa e isso traduz-se nas canções. De resto, continua a ser o coração a falar. A querer dividir a dor. E o amor, multiplicar.


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