[FOTO] Direitos Reservados [CAPA] Francisco Vidal
Nha Cutelo, o primeiro EP de originais dos Fogo Fogo, vai ser apresentado ao vivo no próximo domingo, dia 3 de Junho, na Casa Independente, em mais uma edição da Espanta B’jon, residência mensal que o grupo tem há vários anos no espaço lisboeta.
Com uma edição limitada de 500 cópias, o 7″, o único formato disponível do trabalho, estará à venda em lojas de discos independentes e na Casa Independente. A capa, que é da autoria de Francisco Vidal, faz parte de uma série inspirada pelo movimento “Acaba de Me Matar”.
Antes da matiné do próximo fim-de-semana — que também conta com um DJ set de CelesteMariposa –, o Rimas e Batidas esteve à conversa com João Gomes e falou sobre o novo EP e a exposição crescente do funaná:
Os Fogo Fogo nasceram em palco, começaram por gravar material alheio e chegam agora aos originais. Como nasceram estas canções?
Depois de dois anos e meio a tocar e explorar o repertório clássico de funaná dentro das várias vertentes existentes, do mais tradicional de ferro e gaita (acordeon) ao moderno electrónico “badju di gaita”, sentimos que já tínhamos uma identidade para começarmos a criar as nossas músicas, com as influências certas, que queríamos, e com conhecimento de causa. Não pretendemos fazer funaná de Cabo Verde, mas usar esse ritmo e cultura como base para criar um som original, que nos represente.
O funaná tem ganho exposição crescente no último ano: compilações, reedições internacionais. Porque é que este género viveu tanto tempo escondido?
Penso que essa premissa é relativa. Há pessoas que já morreram e viveram toda a vida dentro do funaná. No nosso caso, o Danilo (que viveu no Mindelo até aos 18 anos) de certeza que tem uma relação diferente com o funaná do que o Márcio (que viveu praticamente toda a vida no Porto).
De qualquer forma, lembro-me de, no início dos anos oitenta, ouvir os Tubarões a tocarem o “Venham Mais Cinco” nesse ritmo. Ou seja, em Portugal, não é assim tão obscuro e incomum. Lá fora, as pessoas estão sempre à procura de novas modas, e esses fenómenos não nos interessam especialmente, porque nem sempre são sustentados e duradouros, na minha opinião.
Mas, claro, a globalização está aí, e por isso existirão cada vez menos tesouros escondidos… e mais salas e clubes para nós trabalharmos.
Alguma surpresa planeada para o concerto de domingo?
Sim, mas é surpresa.
Este novo registo é o primeiro passo para um álbum de estreia?
Pode ser. Mas neste momento estamos mais interessados no formato 7”.
Diz-nos 5 clássicos de funaná que todos deveríamos conhecer de cor!
“Bulimundo”, “Febri Di Funana”, “Pó Di Terra”, “Kabu Frontam” e “E Si Propi”.