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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 28/12/2020

Série sobre 10 pioneiros da música electrónica, os seus temas mais sampláveis, mais bizarros e os que podemos carimbar de “proto” qualquer coisa por soarem aos novos movimentos rítmicos.

Electrónicas de Ontem nas Pulsações de Hoje #7: Carlos Maria Trindade

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 28/12/2020

Carlos Maria Trindade começou com formação clássica tradicional de piano mas ainda jovem sentiu que a limitação “unitimbrica” do instrumento não era para si, ao contrário de Jorge Peixinho ou Jorge Lima Barreto que exploraram a componente sónica das cordas com a técnica do “piano preparado”.

Com a banda new wave Corpo Diplomático, CMT já usava orgão e não o piano — ligado a um pedal wah-wah dando-lhe uma maior possibilidade sonora –, mas foi só nos Heróis do Mar que passou para os recém-chegados sintetizadores.

Sem querer entrar no jogo do “ovo ou a galinha”, os primeiros sintetizadores conhecidos que vieram parar a Portugal foram para o então GNR Vítor Rua no final de 1971; um Mini Moog Model D para Miguel Graça Moura e um Arp Odissey para Jorge Lima Barreto, estes em 1972. Muito provavelmente também os membros dos Tantra os compraram por esta altura e outros músicos “com menos tempo de antena” os terão adquirido.

Ainda nos 70s, Carlos Maria teve contacto com a musica de vanguarda de Stockhausen, Ligeti ou Emanuel Nunes e na segunda metade da década de 80 adquiriu um sampler Roland S50, pois eram tempos muito rápidos da evolução tecnológica em Portugal. Como músico sem fortes possibilidades financeiras, aguentava os setups que comprava durante vários anos e recorria frequentemente a material emprestado, por exemplo dos Tantra, com quem partilhava a sala de ensaios.

Considerava-se mais hippie do que punk e foi com as fusões do pós-punk e da new wave que se definiu profissionalmente, altura do aperfeiçoamento dos gadgets electrónicos. Lembra-se de uma das suas primeiras experiências com samplers ser nas gravações de um disco de 1986 dos… Delfins.

As limitações das máquinas eram incentivo à criatividade e foi com as baterias Simmons que os sons “triggados” dos Heróis do Mar se destacavam nas suas apresentações ao vivo.

Das máquinas para o homem, Carlos Maria Trindade é um dos maiores nomes da música eléctrica em Portugal e tem obras com linguagens electrónicas fundidas com sons acústicos, da new age à pura experimentação, da produção do segundo disco de António Variações ao recentemente celebradíssimo Mr. Wollugallu com Nuno Canavarro, etc.

Eis alguns dos trabalhos com os seus dedos mágicos:



 [Carlos Maria Trindade] “Em Campo Aberto”

Primeiro single a solo de Trindade de ’82, com um lado B de perfeição pop electrónica.



[Né Ladeiras] “Húmus Verde”

Do mesmo ano, ’82, um disco carregado de electrónica artsy representativa dessa década em Portugal.



[Golpe de Estado] “Rev 25”

Um single com produção de Carlos Maria Trindade que o Rimas já aqui dissecou.



[Carlos Maria Trindade] “Deep Travel” e “Super Express”

Salto para 1996, num álbum de new age com inspirações em outros meridianos.



[No Data] “Hardfacts”

Projecto de Carlos Maria Trindade e Luís Beethoven, aqui acompanhados Augusto Sanches e João Lima.

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