Em 1982, a LinnDrum foi introduzida ao mundo como uma espécie de Volkswagen da Linn Electronics, desvendando aos menos abonados um mundo que até então só estava acessível às elites: o das baterias reais encapsuladas em chips electrónicos. Porém, um ano antes do lançamento da famosa máquina do povo, já a Oberheim Electronics tinha introduzido no mercado o seu modelo DMX, com funções em grande parte idênticas, que viria a ganhar popularidade no seio do hip hop por ter ajudado a desenhar a estética do estilo na década de 80 – tamanha a importância que levou o rapper Earl Simmons a adotar o pseudónimo DMX em sua homenagem.
Lançada em 1981, a Oberheim DMX contava com 24 sons de bateria, criados a partir de 11 sons originais, disponíveis de forma polifónica em oito canais. Isto pode parecer tudo confuso numa primeira análise, mas não é. Se olharmos para a imagem acima, podemos rapidamente concluir que cada fader corresponde a um canal (num total de oito), e que cada canal tem um conjunto de teclas assignado. Cada tecla corresponde a uma variação do instrumento principal descriminado abaixo do fader (bombo, tarola, prato de choque, dois timbalões, cymbals e duas vias de percussão), perfazendo um total de 24. Dessas duas dúzias apenas 11 teclas correspondem a instrumentos diferentes samplados, levando a que as restantes não passem de manipulações do som original a nível de volume, timbre e envelope.
Assim como a LinnDrum, também a Oberheim DMX permitia a troca de chips para a obtenção de novos kits, tendo sido, ainda assim, o set original aquele que criou maior sucesso e que os nossos ouvidos conseguem identificar em questões de segundos, como serve de exemplo o tema “Blue Monday”, dos New Order.
Gravados em 8bit, mas processados através de logaritmos de compressão e expansão, para se aproximarem do intervalo dinâmico dos 12bit, os samples da Oberheim DMX ganharam popularidade pelo seu punch característico e sonoridade única, tornando-a uma das mais importantes máquinas da cultura hip hop. Outra das suas características é o seu próprio groove, que coloca, por defeito, algumas peças da bateria com ligeiros atrasos em relação a outras para criar a sensação de erro característica da imperfeição humana. A tal humanização da máquina.
Colocada à venda por $2895, a Oberheim DMX permitia ao utilizador criar um total de 100 sequências e construir 50 músicas. A sua sucessora, a Oberheim DX, introduzida no mercado em 1983, numa tentativa de ser um modelo mais acessível que o primeiro (o preço rondava os $1395), tinha 18 sons ao invés de 24, polifonia e saídas independentes para um total de seis vias e não oito, e uma estrutura de plástico, mais frágil, a substituir a madeira. Seguem alguns exemplos de clássicos produzidos na Oberheim DMX:
“One For The Treble”, Davy DMX (One For The Treble, 1984)
“AJ Scratch”, Kurtis Blow, (Egotrip, 1984)
“Children’s Story”, Slick Rick, (The Great Adventures of Slick Rick, 1988)
“Believe”, Chemical Brothers, (Push The Button, 2004)
“Rockit”, Herbie Hancock, (Future Shock, 1983)