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Era digital, informação à velocidade da luz. Vídeos e músicas a soçobrar pelas plataformas virtuais. Novidades emaranhadas entre si, confusão sónica, sentidos desorientados. Quem nos guia? Por onde vamos? Para onde vamos?
7 Dias, 7 Vídeos é o resgate audiovisual semanal nos terrenos do hip hop e electrónica. Filtragem de qualidade, barreira contra a poeira que nos cega com tanto de novo, com tanto para espreitar e escutar.
[Fly Anakin] “Class Clown”
Aos 27 anos, Fly Anakin lançou, na passada sexta-feira, aquele que considera ser o seu primeiro álbum “a sério”, e logo por uma editora de culto internacional, como é o caso da Lex Records. Um momento especial para quem o vai acompanhando de perto aquilo que o rapper de Richmond tem vindo a alcançar nos últimos anos, celebrado com pompa e circunstância pela nossa revista com uma entrevista. O videoclipe para “Class Clown” chegou ao YouTube nesse mesmo dia e é agora o quinto single a ser extraído desse importante marco na carreira de Anakin que é Frank.
[redveil] “diving board”
E se uns batalharam durante anos para verem a sua arte valorizada fora das zonas onde vivem, há ainda quem logo, desde muito cedo, consiga criar vias para que o seu som se expanda por esse mundo fora. Foi o que aconteceu com Niagara, curta-duração que redveil lançou em 2020 e que catapultou o seu nome para algumas das principais publicações da especialidade. “diving board” é o terceiro tema avulso que o artista de Maryland dá a conhecer desde Niagara e surge a meros dias de uma data especial para o hip hop alternativo norte-americano: redveil vai partilhar um dos palcos do SXSW com Fly Anakin, Pink Siifu ou bbymutha.
[Pink Siifu] “All Dat”
Quem também quis ter material fresquinho para apresentar ao vivo no SXSW foi Pink Siifu. O camaleónico MC do Alabama foi arrojado quando, em Agosto do ano passado, compilou quase uma hora de música nova em GUMBO’!, um trabalho que prima tanto pelo vasto leque de sonoridades que apresenta como também pela ambiciosa lista de créditos, entre a qual nos saltam à vista a presença de nomes como The Alchemist, Liv.e ou DJ Harrison. No início deste mês, a versão deluxe veio trazer mais 10 faixas ao longa-duração, como é o caso desta “All Dat”.
[Raury] “2020 Vision”
Coloring Book (Chance The Rapper), B4.DA.$$ (Joey Bada$$) ou Telefone (Noname) são três projectos distintos e capazes de mostrar alguns dos contrastes sónicos que encontramos dentro do hip hop nos dias que correm. Um ponto que todos têm em comum é a presença de Raury nos seus alinhamentos, ele que em 2015 dava os primeiros passos com All We Need. Sete anos depois, o artista de Atlanta dirige a sua própria editora THE WOODS, pela qual, em 2019, editou Fervent e, mais recentemente, os singles “Channel Zero” e este “2020 Vision”, ambos apontados pelo seu autor como avanços do seu próximo Strawberry Moon.
[Jah-Monte Ogbon] “Oh Nah, We Locked Boo”
Já entrámos em contagem decrescente para a entusiasmante estreia de Navy Blue nos palcos portugueses, que acontece em pleno Bairro Alto, na Galeria Zé dos Bois. E se o grande foco na música de Sage Elsesser recai sobre as suas rimas cristalinas, o mesmo faz questão de nos lembrar que dos seus dedos saem também batidas dignas de figurar nos compêndios de ciência rítmica avançada, ao lado de gente como Madlib, J. Dilla ou Dibia$e. Uma das pessoas que saem a ganhar com a versatilidade de Navy Blue é Jah-Monte Ogbon, que volta a ter o ex-skater profissional creditado na produção de um tema seu.
[Orion Sun] “pressure”
“Música r&b” e “escapismo emocional” são termos cujos significados se confudem no dicionário de Orion Sun. A cantora de Brooklyn pode gabar-se de nos ter conquistado com um grande álbum de apresentação, Hold Space For Me, e está agora a promover um novo trabalho, Getaway, que saiu durante a última sexta-feira e está a conseguir manter a nossa atenção presa, uma vez mais. Depois de “concrete” e “dirty dance”, este “pressure” é a nova experiência audiovisual a ser extraída desse curta-duração.
[Vitor Rua] “Ide Pró Caralho”
Enquanto os noticiários estão ocupados a dar-nos as actualizações da guerra na Ucrânia, tudo o resto que se vai passando no nosso país — como o facto de o Novo Banco, mesmo vindo de um ano em que obteve um lucro histórico, estar novamente a tentar ir buscar mais alguns milhões aos nossos bolsos — fica automaticamente em segundo plano — terceiro ou quarto, se quisermos ser mais realistas. Quem embrulha tudo isto numa pequena e protestante prenda musical é Vitor Rua, que aponta a coordenada exacta para onde se devem de dirigir, com caracter de urgência, todos os “políticos e banqueiros corruptos” e também aqueles que se deixam embalar pelas cantigas forjadas do autocrata russo.
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