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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 10/12/2021

Honestidade e transparência no rap.

Navy Blue, o mais sincero, actua na ZDB em Março de 2022

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 10/12/2021

Navy Blue tem concerto marcado na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, no dia 19 de Março de 2022. Os bilhetes para assistir à estreia do MC e produtor no nosso país custam 15 euros.

Sage Elsesser tinha apenas 21 anos quando passou de anónimo a nome a manter debaixo de olho no radar do hip hop expressado na língua inglesa. Em 2018 era já um skater profissional em clara ascensão (com ligações à Converse e à Supreme) e contava com diversos projectos editados de forma bem discreta no SoundCloud, compostos por algumas das suas ideias soltas e que, individualmente, se manifestavam através de curtas faixas, muitas delas abaixo dos dois minutos de duração. Ao mesmo tempo que alimentava o hobby do rap, o seu portfólio musical ia ganhando proporções dignas de quem aposta na carreira com bastante seriedade, já que o seu nome integra as listas de créditos de trabalhos como Blonde (Frank Ocean), I Don’t Like Shit, I Don’t Go Outside (Earl Sweatshirt), MAY GOD BLESS YOUR HUSTLE (MIKE) ou Dump Gawd: Hommy Edition (Mach-Hommy).

É nesse mesmo ano que volta a colaborar com Earl no álbum Some Rap Songs e a sua voz surgiu em destaque logo ao segundo avanço, “The Mint”, embora a sua participação se tenha estendido ainda ao capítulo da produção, sendo ele o autor das batidas que escutamos em “The Bends” e “Azucar“. A ligação a um artista tão singular, como é o caso do ex-Odd Future, fez soar os alarmes e prontamente se formou uma espécie de culto em torno do jovem que editava música a todo o vapor sem olhar a grandes preocupações. E a dupla fotografia dos dois amigos que embelezou a edição do tão badalado “The Mint”, uma espécie de “antes e depois” em que se recupera um frame de um vídeo com mais de 10 anos e que faz parte da memorabilia dos que diggaram esta fase mais a fundo, veio dar rosto a uma parceria que já há muito se tinha iniciado e que, até então, operava exclusivamente longe da vista alheia.



Subiram o número de seguidores e o interesse por parte dos media na arte levada a cabo por Navy Blue. Com cada vez mais olhares focados na sua música, também a vontade de Navy entregar produto ainda mais maduro aumentou. “The Mint” é, por isso, um ponto de viragem na sua carreira, conforme o próprio explicou durante uma longa conversa para o podcast Reel Notes. 12 barras apenas de pura sinceridade — “Growin’ from my father, bitter to his touch / Now I’m solely honor, livin’ is a must / All this for my momma ‘til I’m dust” — bastaram para que a sua vida mudasse por completo a partir daquele momento.

2020 foi o ano em que a sua arte ganhou contornos ainda mais íntimos e personalizados. Fez de Àdá Irin o seu álbum de apresentação e não demorou muito a dar-lhe uma sucessão, com Song of Sage: Post Panic! a aterrar três dias antes do Natal. É através dessas duas obras que podemos concluir que, hoje, Navy Blue é um rapper consciente dos mais dotados que por aí andam, capaz de ombrear com gente como Ka, billy woods ou, se quisermos puxar por exemplos mais ancestrais, o próprio Yasiin Bey (anteriormente conhecido como Mos Def), todos eles nomes que confluem nas fichas técnicas desse par de LPs. A saga da procura pelos versos mais puros e cristalinos de todos os tempos continuou em 2021 com Navy’s Reprise, uma nova colectânea de mantras capazes de nos fazer meditar em torno da nossa própria condição enquanto seres humanos, sejam eles um conjunto de raciocínios em bruto e em cascata, como acontece em “Ritual“, ou focados numa temática mais precisa, como a faixa que dedica à irmã, “Primo”.

Conseguir alcançar este grau de sensibilidade, mesmo a bulir na velocidade máxima, é obra. Além dos três projectos em nome próprio com que nos brindou ao longo dos últimos dois anos, Sage Elsesser produziu discos inteiros para ANKHLEJOHN (As Above So Below), AKAI SOLO (True Sky) e Wiki (Half God), tendo também abençoado com versos seus faixas que integraram trabalhos de Evidence, Ka, Armand Hammer, Earl Sweatshirt, Moor Mother & billy woods, The Alchemist ou, mais recentemente, Medhane.


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