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19 de Novembro de 2023 ficará guardado como um dos dias mais tristes para a música portuguesa, depois da notícia que deu conta do desaparecimento precoce de Sara Tavares, uma artista ímpar da nossa praça que ao longo da sua carreira foi capaz de unir a lusofonia e estreitar as ligações entre Portugal e Cabo Verde.
Sara tinha apenas 45 anos e, apesar de atravessar uma fase de menor fulgor do ponto-de-vista editorial, era uma figura especialmente activa nos bastidores, atenta aos novos talentos cujas linguagens musicais se cruzavam com a sua própria estética, e fomentando o intercâmbio entre os vários criativos que vão dando mais cor ao cancioneiro nacional. No meio dessas trocas de ideias, aproveitava para ir colaborando com alguns dos seus pares e esculpir temas para o seu próprio repertório, como aconteceu num passado recente com “Grog d’Pilha” (criado com a ajuda de DJ BeBeDera e Eva RapDiva) ou “KURTIDU” (com o emergente Berlok a assumir a produção). Perspectivava-se, por isso, que um próximo disco pudesse mostrar uma nova e renovada face da artista portuguesa de ascendência cabo-verdiana, mais enquadrada com o fenómeno das batidas electrónicas de Lisboa.
Para o futuro já só sobram apenas memórias, daquelas que devemos abraçar e apertar com força contra o peito — mais “perto do coração”, como apontava com Fitxadu, conforme revelou numa entrevista em 2018 hoje recuperada por cá pela mão de Rui Miguel Abreu. Desafiadas pelo Rimas e Batidas, as M3DUSA, um colectivo de DJs que procura promover a representação feminina e LGBT no contexto da música, escolheu 17 desses pedaços de memórias musicais protagonizados por Sara Tavares, para que possamos recordar para sempre a sua arte.
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