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Publicado a: 10/04/2018

Westway LAB Festival 2018: Onde a música não se mede apenas em decibéis

Publicado a: 10/04/2018

[TEXTO] Manuel Rodrigues [FOTO] Direitos Reservados

Na edição do ano passado (a primeira para a pessoa que escreve estas linhas), o Westway LAB Festival revelou ser uma verdadeira caixa de surpresas, não só no campo das residências artísticas, das quais se destacaram as conexões entre Jaran + Yafeni e Buslav + Urso Bardo, não esquecendo também o projecto III, que juntou em palco Guillermo de Llera Blanes, Pedro Coquenão e Júnior, mas também no dos concertos propriamente ditos, onde ganharam especial relevo as actuações dos portugueses You Can’t Win, Charlie Brown e dos norte-americanos XIXA, com estes últimos a assinarem aquele que foi, muito provavelmente, o momento musical mais rico e intenso do certame.

As Conferências PRO foram outro dos pontos altos do Westway LAB Festival 2017. Dos casos de sucesso de países como a Suécia e a Holanda, passando pelo interessantíssimo painel que explorou a música em contexto de cinema e televisão, e acabando na conferência que abordou os modelos de negócio entre músicas, editoras e serviços de streaming, todos os tópicos se manifestaram válidos, contribuindo para o enriquecimento da audiência que, durante os três dias de palestras, acorreu com assiduidade ao Palácio Vila Flor, local escolhido para albergar estas magnificentes aulas focadas na indústria musical.

As atenções do Rimas e Batidas, assim como as do repórter enviado para a missão em questão, focaram-se, compreensivamente, na palestra de Tom Silverman, o homem da editora Tommy Boy, que lançou trabalhos de artistas como Afrika Bambaataa, Queen Latifah e Naughty By Nature. Porém, reduzir Silverman ao trabalho que fez na área do hip hop é descurar toda a vivência que este colossal empresário tem no campo editorial e até na própria indústria, onde ganham especial destaque as ligações à Warner Bros e ao mercado cinematográfico, derivado da própria editora no ramo, a Tommy Boy Films. Não é por isso de admirar que a sua palestra se tenha transformado numa monumental ensaboadela para os presentes.

Dito isto, o que podemos esperar da edição deste ano do Westway LAB?

O tiro de partida para o festival dá-se oficialmente no dia 11 de Abril, por volta das 18h30, com uma sessão de Talks no restaurante Cor de Tangerina – um convite aos artistas para exporem as suas ideias ao público, depois de uma semana de clausura no Centro Criativo de Candoso (as Talks repetem-se no dia a seguir, à mesma hora, no espaço Tio Júlio). A noite é dedicada aos showcases dessas mesmas Residências Artísticas, onde será possível testemunhar a soma dos esforços conjuntos de Cari Cari com O Gajo e ANA com Perkins Sisters (os showcases repetem-se no dia a seguir, à mesma hora, tendo como protagonistas Vita + :Papercutz e Laure Briard + Mister Roland). Este será seguramente um momento recheado de surpresas para o público e até, quem sabe, um ponto de partida para futuras colaborações entre artistas. Os remates para ambas as noites são entregues aos húngaros Dope Calypso e ao esloveno Bowrain, respectivamente.

A Áustria chega ao Westway LAB Festival 2018 na qualidade de primeiro país de sempre a ter um foco especial no evento. Não é por isso de estranhar a elevada concentração de músicos austríacos no cartaz. Do charme envolvente de Cari Cari à promissora ternura de Avec, passando pelo carácter heterogéneo dos Molly e pela electrónica de MOTSA, todos terão a sua hora e local para se expressarem, seja em pequenos espaços, como o Café Concerto e o Pequeno Auditório, ou em salas de dimensão alargada, como o Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor. Haverá também um meet & greet com representantes da indústria musical austríaca no belíssimo Palácio dos Duques de Bragança, sexta-feira 13, no âmbito do programa Austrian Heartbeats do Austrian Music Export. Esta será, portanto, uma edição com os olhos e ouvidos bastante focados no exterior.

No campo das Conferências PRO a oferta é vasta. O destaque de quinta-feira vai para o Sync Panel I: A Composição para Cinema, moderada por Markus Linde, supervisor musical na Thag’s Agent, e com a participação de Pia Hoffmann (supervisora musical de cinema sediada em Hamburgo) e Rodrigo Leão (numa altura em que o músico português celebra 25 anos de carreira a solo). Às 16h30 desse mesmo dia, Vanessa Reed tratará de apresentar o Keychange, um projecto europeu dedicado ao equilíbrio de géneros em eventos de música, com o objectivo de atingir a meta de 50-50 até 2022 (a organização do Westway LAB informa já ter subscrito este programa, tornando-se o primeiro festival português a envolver-se no Keychange). Os trabalhos de sexta-feira iniciam-se com a apresentação do C/O Pop Festival & Convention, um dos principais eventos profissionais de música na Alemanha, em Colónia, pela mão de Ralph Christoph. Logo a seguir terá lugar um painel que colocará Peter Smidt, fundador do Eurosonic-Nooderslag, no centro das atenções. Este poderá ser um dos momentos altos da edição deste ano, dada toda a experiência e a vivência de Smidt na área da música. Já quase no final do dia, Vitor Macedo (Altafonte) e Raquel Lains (Let’s Start a Fire PR) apresentam um workshop sobre distribuição digital e promoção/comunicação, entre outros temas. Na manhã de sábado terá lugar a sessão anual da GDA – Sociedade de Gestão dos Direitos de Autor, concentrando a sua atenção na importância dos Fundos Sociais e Culturais na acção das Sociedades de Gestão de Direitos, naquela que será a temática que encerra as Conferências PRO.

Para a noite de sábado estão reservadas as actuações dos Dear Telephone, Leyya, Toulouse, Stereociti e, claro, Manel Cruz, com este último a fazer-se certamente acompanhar de canções do seu álbum em nome próprio, a editar em 2018. Se juntarmos a isto os City Showcases, as INES Sessions, as conferências e concertos WHY Portugal e ainda apresentação do resultado do projecto de criação entre Valter Lobo e André Barros, os Lobos de Barro, no palco do Pequeno Auditório do Centro Cultural Vila Flor, é caso para dizer que esta é, novamente, uma edição a não perder. E escusado será dizer que o Westway LAB Festival é sempre um bom mote para visitar ou revisitar a magnífica cidade de Guimarães, por isso, toca a fazer as malas!

 


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