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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 26/10/2022

Imersas no inexplorado.

Violeta Azevedo + Félicia Atkinson no Semibreve: mergulhos na mente e saltos no desconhecido

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 26/10/2022

O SEMIBREVE arranca no dia 27 de Outubro e a dupla Félicia Atkinson e Violeta Azevedo será responsável pelo primeiro concerto da edição deste ano. A encomenda deste espectáculo foi feita pelo evento bracarense em parceria com o Maintenant Festival, de Rennes, onde aconteceu a primeira actuação. Não se trata de um encontro inédito, mas será apenas a segunda vez que as duas artistas se juntam, ou seja, ainda há novos caminhos a necessitarem de exploração nesta conexão. Antes da actuação no Santuário do Bom Jesus do Monte, as duas inventivas exploradoras do som desvendaram um pouco sobre este PARQUE onde todos poderão entrar, de certa forma.


Foto por Gwendal Le Flem

Antes de falarmos do SEMIBREVE, que lições aprenderam na primeira performance em França?

[Violeta Azevedo] Pedimos um double crossed stereo para ter uma experiência sonora mais envolvente. A peça que criámos juntas para estes concertos chama-se PARQUE e queremos sentir a imersão dentro desse lugar.

[Félicia Atkinson] Eu gostei do diálogo que criámos entre o piano de cauda, a flauta, a voz e a electroacústica.

A vossa segunda apresentação acontece amanhã em Braga. Vão existir grandes mudanças, diferentes abordagens?

[Violeta Azevedo] O primeiro concerto em Rennes no Festival Maintenant já foi muito incrível e por isso sinto mesmo muita vontade de tocar novamente esta peça com a Félicia.

[Félicia Atkinson] Penso que não. Trabalhámos através da continuidade, metade é composto e metade improvisado, o que nos permite alguma liberdade e desconhecimento em cada ocasião.

Quando o desafio vos foi feito, já conheciam o trabalho uma da outra?

[Violeta Azevedo] Eu conhecia a música mas nunca tive a possibilidade de ir a um concerto a solo. Espero que isso aconteça no futuro próximo :)

[Félicia Atkinson] Eu não sabia muito sobre o trabalho da Violeta, mas senti que a sua música estava muito próxima de mim e do que eu faço.

Esta não terá sido a primeira vez que as duas tiveram de conhecer outros artistas (com quem nunca tinham trabalhado antes) para encomendas deste tipo. Para vocês, qual é a coisa mais importante para que este tipo de diálogo artístico resulte e o que é que gostam sempre de retirar disso?

[Violeta Azevedo] Já toquei com várias pessoas, mas para mim este tipo de encontro de apenas conhecer a Félicia durante os festivais que vamos tocar é a primeira vez. Conversámos e trabalhámos online, e inicialmente para mim foi um pouco assustador, mas desde as nossas primeiras interacções online deu para perceber que está tudo certo e eu gostei mesmo muito de a conhecer pessoalmente. Conversámos sobre sol e cerveja antes de tocarmos juntas pela primeira vez no dia seguinte. Isso deu a conexão necessária que faz as coisas acontecerem e amplifica o prazer de tocarmos juntas.

[Félicia Atkinson] Troca de ideias/cuidado no trato/confiança/humor.

Vão conseguir ver mais concertos na edição deste ano do SEMIBREVE? Têm interesse em alguns em particular?

[Violeta Azevedo] Eu tenho a sorte de estar aqui o festival inteiro e devo conseguir ver todos os concertos porque não se sobrepõem. Tenho um interesse especial em ver KMRU e a conversa com a Príncipe Discos. Também estou muito happy que o local onde trabalho, a Patch Point, venha com o Synthesizer Lounge e que o meus colegas de trabalho e buddies estejam cá.

[Félicia Atkinson] Eu adoraria vê-los a todos, especialmente o Ben Vida e Lea Bertucci, Stephen O’Malley, Kassel Jaeger, Caterina Barbieri, KMRU, Gábor Lázár… mas estou a viajar com o meu filho de quatro anos e é a sua semana de férias, por isso vamos, eu e o Bartolomeé, o meu marido, ver o que é exequível… :)

As palavras “experimental” e “aventureira” são commumente associadas música que fazem nos vossos projectos em nome próprio. O que é que significam para vocês?

[Violeta Azevedo] Hmm, para mim significa estar profundamente concentrada e submersa na minha mente. Quando toco e componho a solo eu visito um planeta com seres e lugares que me trazem emoções com as quais eu tenho de lidar e curar. O processo é uma viagem comigo e com essas entidades, uma profunda exploração desses sentimentos que se traduz depois com minha linguagem sónica de frequências, texturas e padrões. Este processo sónico ajuda-me a curar o meu eu exterior e evoluir pessoalmente.

[Félicia Atkinson] Significa que cada espectáculo ou disco é uma aventura através do desconhecido. Improviso sempre piano e voz, e penso que nós somos, de alguma forma, o nosso primeiro público… 


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