O novo álbum dos Sons Of Kemet, Black To The Future, fica disponível no dia 14 de Maio através da Impulse! Records. Com participação de Kojey Radical e vídeo realizado por Ashleigh Jadee, “Hustle” é o primeiro avanço do disco.
Para além do autor de Cashmere Tears, a lista de créditos tem nomes de Joshua Idehen (que repete o papel que cumpriu em Your Queen Is A Reptile), Moor Mother, Angel Bat Dawid e D Double E a atiçar a curiosidade. Num ensaio que podem encontrar aqui, o líder Shabaka Hutchings discorre sobre o próximo trabalho da banda, falando de “invocação de poder, memória e cura” ou da “fúria, frustração e percepção” que surgiu depois da morte de George Floyd.
O longa-duração que lhes garantiu uma nomeação para o Mercury Prize e o topo da lista de melhores do ano da revista The Wire foi a base para a marcante passagem do grupo britânico pelo NOS Primavera Sound, em 2019:
“E de facto, o mundo tremeu. Sob a direcção de Shabaka Hutchings, um ensemble com quatro bateristas — Tom Skinner, Eddie Hick, Max Hallet (com quem o ReB conversou há meses a propósito do álbum de The Comet Is Coming) e ainda Jon Scott — mais o todo poderoso e trovejante Theon Cross em tuba e o poeta/griot/MC Joshua Idehen, os Sons of Kemet XL foram absolutamente vulcânicos numa apresentação que não se compadeceu com o “espírito de festival” e que foi absolutamente livre, totalmente intensa e perfeitamente cataclísmica.
A ferocidade de Shabaka foi total. Com o seu tenor com som processado por efeitos, sobretudo delay, Hutchings confere ao seu poderoso tom uma dimensão cósmica, que em nada mascara a força que emprega, tanto nos solos como nos riffs, com uma linguagem que é sua, verdadeira e absolutamente livre.
Ao seu lado, os músicos também brilham: os poliritmos debitados pelos quatro bateristas são intrincados, mas também centrados, permitindo a dança tanto quanto estimulando a imaginação com mil e um detalhes absolutamente preciosos. É apenas um mutante baterista de oito braços e outras tantas pernas, de quatro cabeças e de um sem fim de origens — África e Jamaica, Cuba e Trinidad, Chicago e Andrómeda, Londres e o futuro… — que escutamos, enquanto a tuba de Theon Cross escava abismos de graves mais fundos do que o Grande Canyon e as palavras de Idehen nos incendeiam a imaginação e nos juntam num coro em que se grita a plenos pulmões ‘i want to take this country forward’. Impossível não acreditar.
Dizer que foi o concerto do ano, sinceramente, é dizer muito pouco. É urgente marcar o regresso desta versão XL dos Sons of Kemet, para que nos tragam a história das rainhas que são mais nobres do que répteis e mais urgentes do que nunca. Antes de sairmos todos visivelmente abananados, ainda recebemos um aviso do Rei Shabaka: ‘Quero que vão para casa meditar, que ensinem os vossos filhos a meditar, e que parem para pensar nas estruturas que vos rodeiam e na forma como as podem subverter’. Inspirador!”