Em oito anos, Slow J conseguiu passar de um técnico de som anónimo para o artista português que bateu o recorde de álbum mais ouvido de sempre no Spotify no primeiro dia após o lançamento. João Batista Coelho lançou Afro Fado na passada sexta-feira, 24 de Novembro, e o disco foi tão ouvido nos primeiros dias que se tornou no oitavo álbum mais escutado na plataforma a nível mundial. Lembram-se quando nos avisou que pretendia fazer com Rui Veloso aquilo que Ronaldo havia feito com Figo?
Mas há mais. Embora Slow J tenha cada vez mais uma identidade artística e um som próprios, ultrapassando de forma progressiva quaisquer fronteiras de géneros musicais, não há como negar que será o primeiro rapper, o primeiro artista a solo a emergir do hip hop, a tocar e a esgotar a Altice Arena. O concerto está marcado para 8 de Março de 2024 e já não há bilhetes.
Afro Fado foi construído ao longo de quatro anos e distingue-se por uma série de factores. É o disco em que Slow J, conhecido por ser um controlador criativo, se permitiu abrir-se mais do que nunca à colaboração. Não que a lista de créditos seja enorme, mas porque o álbum foi todo co-produzido com os irmãos GOIAS, os gémeos Henrique e António Carvalhal, cuja história o Rimas e Batidas contou num artigo publicado este Verão e que já antecipava como fora o processo de construção do quarto disco de João Batista Coelho. Os Carvalhal foram uma peça-chave para desbloquear o caminho por onde toda a produção do álbum iria seguir — com o single “Grandeza”, que foi apresentado no A COLORS SHOW mas que acabou por não integrar o álbum — e por esculpirem os cerca de 45 esboços que já estavam entre as mãos de Slow J.
Com participações de Teresa Salgueiro e Gson, num álbum em que o seu autor mantém o rap mas se afasta dos padrões instrumentais que mais associamos ao hip hop, o resultado é um som híbrido e coeso que junta elementos urbanos e tradicionais, globais e locais, personificando perfeitamente aquilo que é a visão do Afro Fado de Slow J. Em entrevista, da qual esta é uma versão editada publicada originalmente no Observador, o músico fala sobre o processo de construção do disco e o conceito que idealizou.
Este Verão entrevistámos os GOIAS, que nos descreveram o processo de construção do álbum do ponto-de-vista deles. Eles contaram-nos que, quando entraram neste processo, tu já estavas a trabalhar no disco há bastante tempo e que tinhas muitos esboços de temas. Quando é que começaste a trabalhar neste Afro Fado? Terminaste o You Are Forgiven e passaste logo para o seguinte?
Sim, praticamente. De certeza que fiz um intervalo nas idas a estúdio, mas eventualmente voltei a esse modus operandi de estar aqui todos os dias e ver o que é que sai, ir fazendo cenas, quase como um diário. Acho que o único som que resvalou é o “Ultimamente”. Estava para entrar no You Are Forgiven, mas nunca chegámos a uma produção que eu sentisse mesmo. Portanto, é provavelmente o som mais antigo, sendo que o “Sereia” também é, e poderia encaixar no You Are Forgiven. Foi um bocado o processo de, nos vários espaços em que estivemos, ir trabalhando e desenvolvendo ideias. Sendo que o conceito de produção… Andei atrás dele durante os quatro anos todos, mas só o identificámos quando fizemos o “Grandeza”, foi o primeiro som que fiz com os gémeos. E quando fizemos esse percebemos: há aqui um caminho para a produção do álbum.
Mas nessa altura já tinhas versões diferentes, mais em modo rascunho ou demo, da maior parte destas músicas?
Sim, o “Pirâmide”, o “Nascidos & Criados”, o “Terra”, o “Sem Ti”, “Reza”, “Sereia”… Já tinha todos estes quando os gémeos entraram, mas no total tinha uns 45 sons ou assim. Nem todos terminados — mas muitos. E quando começámos a conseguir dar esta roupagem do “Grandeza” é quando sinto que o álbum se começou a encaixar. Depois apareceu o “Where U @”. E a última foi o “Tata”, foi o último som que fiz.
Que é a primeira do álbum.
Curiosamente, foi como no meu primeiro EP. O primeiro som, que é “O Objectivo”, também foi o último que fiz. E curti disso. Não sei se é verdade, mas uma vez ouvi dizer que, por vezes, nos filmes, gravam as cenas iniciais dos atores no fim porque eles já estão mais em personagem, como aquela é a primeira impressão de quem vê. Gosto disso porque no “Tata” já somos nós bué confortáveis naquela pele, já é um som muito natural e simples. Não parámos muito para pensar como é que íamos chegar ali, já estávamos meio treinados para esse Afro Fado.
Tendo em conta que tinhas tantas faixas que poderiam ter entrado no disco, o desafio passou muito por fazeres esse processo, de perceberes o que faria sentido entrar ou não? Já te tinha acontecido nos outros álbuns teres tantos sons que ficaram de fora?
Não tantos, mas sim, também tinha. É útil, tendo em conta a maneira como trabalho. A quantidade ajuda-me muito. No fim do dia, tentamos estabelecer uma narrativa que funcione desde o início ao fim do álbum. Que faça sentido, quer esteticamente, quer conceptualmente. E os sons têm de servir isso. Não fazemos grandes concessões. Há um som que tenho quase a certeza de que, se estivesse no álbum, seria o maior single — mas não encaixava.
Estás a dar prioridade ao conjunto, àquilo que pode servir o álbum, e não necessariamente àquela música…
Sim, poderia bater agora, mas daqui a 10 anos a pessoa que vai ouvir vai ficar a pensar: porque é que este som está aqui? E nós tentámos limpar um bocado isso. O próprio álbum, hip hop mesmo só tem um som, o “Origami”, que tem um beat mais de hip hop. Era um bocado dançar no que era o risco em relação às expectativas das pessoas do que é que um álbum seria. Se bem que já está mais do que provado que as pessoas curtem que a gente faça o que nos apetece.
E, no teu caso, sempre extravasaste géneros musicais.
Sim, meio que a expectativa já é essa. Se bem que temi, juro-te.
Como assim?
Até lançar, porque tem muito poucos beats de rap. Do ponto-de-vista de quem tinha o álbum e ainda não o tinha lançado, parecia muito arriscado. Construíste uma base de fãs ao longo do tempo que está muito apoiada aí. Ao mesmo tempo, o álbum tem muito rap. Mas foi muito encaixado noutros contextos, o que acho fixe. Seja no “Where U @”, no “Fogo”… São sons de barras, o beat é que é diferente.
E porque é que o “Grandeza” acabou por não entrar no álbum? Claramente gostaste do tema, porque o lançaste e porque foi o ponto de partida para trabalhares o disco com os GOIAS.
Ya, só que o “Grandeza” não encaixava em mais parte nenhuma sem ser no início do álbum — que era a intenção. Foi feito para ser o primeiro som. Mas tivemos de escolher entre começar com o “Tata” ou com o “Grandeza”. Ou começavas de uma maneira mais conceptual, ou começavas de uma maneira que também é bué conceptual, mas que além disso é orelhuda. E para mim o “Tata” é um som muito especial, claramente tinha de ser o primeiro, e depois ainda tentámos encontrar sítios para o “Grandeza”, mas pronto… Está na rua, já é das pessoas.
A parte do conceito em si, e é um título muito forte, vem em que momento do processo?
O título foi a primeira cena. Aliás, eu estou com medo porque não sei o título do próximo [risos]. Mas sempre soube o título de todos os trabalhos antes de começar. Foi sempre a primeira coisa.
E o conceito do Afro Fado foi crescendo à medida que ias construindo os temas?
Tem várias origens. Vem, por exemplo, de discutir com o Kalaf sobre como é que chegas fora do país, obviamente por causa de toda a experiência de Buraka Som Sistema, e a ideia de que, quanto mais local for aquilo que tu fazes, mais fácil vai ser exportar porque não há competição — mais ninguém faz isto. E pareceu-me muito interessante porque o meu caminho já era muito dessa exploração. Os meus primeiros trabalhos têm muito disto, mas com beats de hip hop. No You Are Forgiven, quando fiz o “Lágrimas“, senti que acertei ali num sweet spot. Não sei se te lembras… Estavas lá no Coliseu, no Super Bock em Stock, quando fizemos a apresentação do You Are Forgiven ao vivo?
Não estava, infelizmente.
O concerto, naquela altura, sou só eu com o ecrã gigante. E há um momento em que entra uma plataforma e estão dois guitarristas e eu a cantar no meio, que foi o que depois fizemos no Seixal o concerto inteiro. E esse momento mostrou-me muito o caminho. Poderes ter rap, canções e este tipo de texturas. Sentia que era uma cena única. Foram um bocado as minhas pistas de que poderia ser um bom caminho a explorar.
Na exposição pop-up em Marvila que serviu para apresentar o Afro Fado nos últimos dias, havia uma frase que se referia a um “ensaio sobre a identidade”. Obviamente, tem a ver com as tuas raízes, mas também extrapolas isso para todo um país, para toda uma identidade cultural nacional. É uma ideia que já vinhas a desenvolver e há outros músicos, e não só, que a têm vindo a trabalhar de alguma forma. Querias fazer uma afirmação nesse sentido, com este disco? Marcar uma posição?
Sim, e acho que está marcado. Eu não sou político, sou músico. Claro que tenho as minhas opiniões, mas a música tem um poder de afetar a cultura. E quando o fazes afetas a forma de pensar das pessoas, através do cantar, do dançar… A realidade altera-se quase sem ninguém reparar que mudou. Só quando olhas para trás é que percebes a diferença. Com este álbum, quisemos imaginar um país do futuro onde a cor da pele não é uma cena — é apenas como a cor do cabelo — e em que o estilo de música que se faria seria este. Muito naturalmente. Ninguém pensaria muito sobre o assunto, simplesmente esse seria o estilo de música natural de uma sociedade que é filha destas influências todas. A ideia conceptual do álbum é que esta música seria o que se faria nessa terra prometida. E a música tem este super-poder de poder afetar meio de surra, subliminarmente, que é muito interessante.
Tinhas-nos dito numa conversa a propósito do “Sem Ti”, este verão, que o nível de colaboração neste álbum tinha sido bastante superior aos anteriores. Tem a ver com a tua formação de engenheiro de som e de produtor, de teres o controlo sobre tudo, e de aqui te teres aberto mais para a colaboração, sobretudo com os gémeos. Como é que isso foi para ti? Delegaste e confiaste mais? Porque é que aconteceu neste álbum?
É a maior diferença dos outros álbuns para este. Ou, pelo menos, foi o ponto mais determinante para que sejam tão diferentes. Primeiro, teve a ver com estar bem comigo próprio, para não ter tanta necessidade de controlo e dar mais oportunidades às pessoas à minha volta que têm capacidade para contribuir. Muitas vezes é isso. É difícil confiar, especialmente quando era uma coisa que eras tu que fazias sempre e com tanto afinco… Mas acho que já vim um bocado derrotado do You Are Forgiven, no sentido em que, melhor do que aquilo, eu não vou fazer sozinho. E se quero fazer melhor, eu próprio vou ter de crescer no sentido que for preciso.
Trabalhando também com outras pessoas.
Sim. Não é que o álbum tenha mais colaboradores, mas… Por exemplo, eu não mexi no beat do “Tata”. Veio assim e só cantei. Tentei mexer, estava só a ficar pior. E o love vem daí, o nível de detalhe a que eles estavam a chegar… Se houvesse um universo paralelo e eu tivesse de lançar o You Are Forgiven na mesma altura em que está a sair o Afro Fado, a dificuldade que eu teria em competir contra o Afro Fado, tendo em conta a qualidade do processo… Porque é um, a lutar contra não sei quantos gajos, muito bem coordenados, a trabalharem muito bem juntos, a saberem desligar o ego e a pensar uma e outra vez, a reouvir. E os gémeos foram incansáveis. Por vezes estiveram uma semana inteira a fazer uma coisa, chegou ao meu lado e eu “ya, não é isto, rapazes, desculpem. Apaga tudo, ‘bora tentar outra vez”. Foram incansáveis, compreendemo-nos de parte a parte. Sabemos que não é fácil, que não temos que estar sempre a ser super simpáticos uns para os outros, não temos que estar a agradar uns aos outros, antes pelo contrário, e por acaso o António é muito forte nisso… A sala inteira pode estar a abanar a cabeça e a amar o som e o gajo vai dizer “não é isto”. Essa certeza no que tu sentes e a honestidade de o transmitires independentemente de ficares mal visto pelo grupo ou ires contra a ideia é uma cena bué valiosa. No estúdio, em especial, mas na vida em geral também.
E precisavas também de um olhar exterior, de pessoas que pudessem olhar para os teus 45 esboços de sons e perceber o que é que fazia mais ou menos sentido, e de que forma é que poderiam ser trabalhados?
Sim, isso é uma parte do trabalho que toda a equipa faz um bocado. Eles deram um contributo muito grande, mas o Zizu também, mesmo o [artista visual] Fidel Évora, a [directora criativa] Alexandra Moura… Fomos partilhando a playlist e vais sentindo que as pessoas desenvolvem paixões com um som aqui e outro ali… Às vezes tiras um som da playlist e ninguém repara [risos]. Às vezes tiras um som e toda a gente fica: “Bro?! Então e aquele?” Isso dá-te pistas. Mas, sei lá, o “Ultimamente” nunca teria saído se não fosse o António. Ficou muito afincado, desde a primeira vez que ouviu o som, a dizer: “Isto vai ter de acontecer, dê por onde der…” Esta já é a segunda ou terceira versão que eles fizeram e eu não lhes pedi nada. Eu estava a fazer outras coisas e eles de vez em quando apareciam e diziam: “Vê lá o que é que achas…” E lá conseguimos chegar à cena.
Este também é um álbum onde abordas momentos íntimos e conjugais mais difíceis.
Todos os meus álbuns são um bocado assim, não é? Mas este consegue ser um álbum muito enérgico — pela primeira vez podes ir ao ginásio e ouvir Slow J — mas não deixa de ter aqueles momentos de introspecção, aqueles momentos down que acho que caracterizaram muito a minha carreira também. E adoro o equilíbrio que ficou neste álbum entre essas duas energias. Por exemplo, a “Ultimamente” para mim é uma catarse. Como o disco também é. Deixa de ser um som para deprimir para ser um som de catarse, de libertação. Mesmo quando há vibes de Slow J antigas, sinto que há novas formas de abordar e de transmitir a energia. Para fazer música, tento seguir o que sinto todos os dias, mas não curto de lançar música demasiado depressiva, nem da ideia de chorar sobre leite derramado, o triste pelo triste… E aqui acho que conseguimos dançar bem nesta linha, de teres acesso a este lado mas nunca caíres para esse lado. Pelo menos foi a minha intenção.
Falando dos convidados: obviamente, o Gson é um velho conhecido. Mas como é que chegas à Teresa Salgueiro, como é que surge aquela colaboração?
Uma parte do exercício do Afro Fado foi perceber como é que não iríamos fazer o álbum mais óbvio de todos os tempos. Chama-se Afro Fado, estás a viver a actualidade que estás a viver em termos de música, e há bué clichês que tu pensarias logo assim que a ideia fosse colocada no ar. Um deles é ter uma fadista. Tal como ter guitarra portuguesa ou beats afro. Em muitos desses aspectos tentámos subverter os clichês, tentámos encontrar maneiras de ir à volta, de encontrar soluções que não fossem óbvias. E a Teresa Salgueiro foi unânime, ela própria é a subversão da ideia de uma fadista… É uma artista super conceituada, toda a gente reconhece a sua voz imediatamente, não tem nada a ver com a voz de fadista que conhecemos… E os gémeos cresceram a ouvir Madredeus, era um sonho de vida. Fomos ao contacto com ela, a ideia da canção já estava lá, a cena deu-se e acho que ficou maravilhoso.
E como é que o Gson chegou à “Origami”? Porque é que pensaste nele quando estavas a construir esse tema?
Eu tinha aquele refrão inicial, que tinha feito há muito tempo com o FrankieOnTheGuitar no estúdio dele. E gostava bué dessa ideia, só que nunca tinha encontrado uma maneira de pensar no que é que aquilo iria dar. Como é que isto continua? E, por acaso, não sei se me lembro de como é que pensei no Gson para dropar nesse som, ou se o convidei para ouvir vibes e ver se saía alguma coisa… Mas lembro-me de quando ele apareceu com o verso. Foi impressionante, incrível. E a delivery… Porque tu nunca o ouves naquele registo.
Sim, quando vês Slow J feat. Gson não é aquilo de que estás à espera.
De todo [risos]. E se calhar é o melhor verso do Gson.
O que é que podes contar sobre o concerto na Altice Arena? Obviamente, vais apresentar o álbum. Mas será um espetáculo diferente de outros sítios onde vás atuar? Certamente haverá elementos que não queiras desvendar já, mas há algo que possas dizer?
Ainda há muito trabalho do concerto para fazer, mas há algumas coisas que tenho na cabeça. Acho que, como artista da minha geração a fazer a Altice Arena, gostava que fosse uma celebração de todos nós. O pessoal que tu acompanhaste… Eu era técnico de som, ninguém sabia quem é que nós éramos, o Gson, o ProfJam, o Dillaz… Caminhámos mais próximos ou mais à distância, mas caminhámos todos do anonimato até ao sítio em que conseguimos viver da música e influenciar a cultura com as nossas ideias. Vejo isto como um marco para nós todos, por isso gostava bué de os ter lá representados de alguma forma. Fora isso, quero que seja uma festa. E este álbum também é muito mais celebratório do que os outros. Acho que trabalhámos bem. Não tínhamos garantias nenhumas quando começámos. Está a ser um percurso muito fixe, abençoado, um gajo também não se pode agarrar muito a recordes porque eles estão lá para serem batidos. O que importa é teres o documento, porque ele vai estar lá para sempre. E sei porque, quando lancei o The Art of Slowing Down, fiz aquele álbum para ser a última Coca-Cola do deserto. A acreditar: “Cuidado com este álbum.” E lancei-o, passado dois meses estava do género: “Bem, a ver se arranjo um part-time.” Foi uma pedrita no charco. Mas, eventualmente… Aquilo está lá a fazer o seu trabalho. Seis meses depois já tinha concertos a toda a hora, estava a receber bem e a conseguir viver da música. Aquelas ideias realmente estavam a chegar às pessoas a que precisavam de chegar. E as pessoas estão a vibrar, a viver com essas ideias, e no fim do dia é isso que é importante. Quando apontam o foco para mim, aquilo que ficar tem de ser as coisas importantes, ser um testemunho real da minha vida, do que eu vivo, da forma como eu experiencio as coisas, de como eu acho que o futuro poderia ser… É deixar esses marcos.