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Por nós, escrevíamos sobre tudo. Acreditem. O tempo é que é escasso, as mãos não dão para tanto, mas os ouvidos vão certamente manter-se bem ocupados ao longo dos próximos dias. Ao 7º artigo publicado hoje — um deles a destacar um outro importante lançamento, de Progvid e Zara G —, vêmo-nos obrigados a reduzir os escritos desta sexta-feira farta ao essencial, que mesmo assim já é bastante.
A juntar aos 8 discos em destaque por aqui, não podem, por nada deste mundo, ignorar o mais recente reencontro de dois lendários operários da cena beat, Madlib e Karriem Riggins enquanto Jahari Massamba Unit (YHWH is LOVE); os registos de hip hop autoral protagonizados por interessantes newcomers como The South Hill Experiment (South Hill & Friends EP), Asha Imuno (PINS & NEEDLES), Lelo (Nightingale) e Robb Bank$ (i think i might be happy, pt.1); os avanços no baile funk provenientes das investigações sónicas levadas a cabo pelos cientistas DJ Anderson Do Paraiso (Queridão) e d.silvestre (O Inimigo Agora É Outro, Vol. 2); o jazz de influências góticas e psicadélicas de Ruth Goller (SKYLLUMINA); ou as electrónicas de vanguarda orquestradas por Squarepusher (Dostrotime) e AceMo (Moblu).
E há mais dentro deste baú. Ora espreitem: Diogo Piçarra (SNTMNTL), Capitão Fausto (Subida Infinita), Reino da Fruta (Reino da Fruta), Orochi & Mainstreet (442), That Mexican OT (Texas Technician), Faye Webster (Underdressed at the Symphony), Yard Act (Where’s My Utopia?), Jacob Collier (Djesse Vol. 4), Chalk (Conditions II), Skrapz (Reflection), Ben Frost (Scope Neglect), Staś Czekalski (Przygody) e Chloe George (A Cheetah Hunting in Slow Motion) também lançaram novos projectos no dia de hoje.
[ScHoolboy Q] BLUE LIPS
Cada lançamento da Top Dawg Entertainment devia dar direito a feriado. É verdade que até lhes podemos apontar o dedo pela falta de regularidade dos seus artistas principais, mas nunca criticar de forma negativa a qualidade de cada disco selado pela label californiana. Depois de Isaiah Rashad, Ab-Soul e SZA nos últimos anos, hoje é ScHoolboy Q quem regressa aos álbuns em nome próprio, e de lábios azuis, de tão gélidos que os seus raps se manifestam sobre batidas de ilustres artesãos da produção, com The Alchemist, Childish Major, Cardo, Kal Banx, Beat Butcha ou DJ Khalil. São 18 faixas (quase uma hora de rotação) que vão da mais pura adrenalina até aos momentos de maior reflexão, com Freddie Gibbs, Rico Nasty ou Ab-Soul a embarcar na viagem enquanto convidados.
[Big Jony] IV Período
Um dos mais promissores talentos da nova escola portuense, Big Jony, tem um novo disco intitulado IV Período. Trata-se de um álbum diverso, que vai de sonoridades tradicionais às mais contemporâneas, com elementos trap e jersey club, refrões melódicos e rimas elaboradas. São nove faixas com instrumentais produzidos por Pedra, Lunn e Taye; sendo que na lista de rappers convidados encontram-se Kaps, Azart e Yung Juse. Esta é uma edição da CRVVO Records com mistura e masterização de Beiro.
[Amaro Freitas] Y’Y
É um dos músicos brasileiros da esfera do jazz que o Rimas e Batidas acompanha por perto e hoje tivemos a sorte de levar com duas novidades suas. Amaro Freitas está a caminho de Portugal e tem três datas ao vivo por cá — 22 de Março no Centro Cultural de Belém (Lisboa), 20 de Abril no Centro Cultural de Ovar, e 13 de Julho no Theatro Circo (no âmbito do Julho é de Jazz’24, em Braga). Melhor do que isto só mesmo o facto do pianista trazer música nova na bagagem, já que também foi hoje mesmo que lançou o sucessor do aclamado Sankofa (2021): Y’Y coloca Amaro Freitas a reconectar a sua música com a natureza e vem apetrechado de valiosas contribuições por parte de gente como Shabaka Hutchings, Brandee Younger, Hamid Drake ou Jeff Parker.
[Regula] Unplugged
Um ano e meio após ter tocado nos coliseus de Lisboa (reportado por cá) e Porto em formato Unplugged, Regula edita um disco ao vivo que imortaliza estas noites especiais em que a sua carreira foi celebrada com os arranjos de uma orquestra. New Max foi o director musical do espectáculo, que contou com Sam The Kid e Dillaz como convidados.
[LANA GASPARØTTI] DIMENSIONS
“DIMENSIONS representa uma viagem introspetiva com ambientes que vão desde o acid jazz, groove e liquid drum and bass.” As palavras são da própria LANA GASPARØTTI e não deixam margem para dúvidas face ao ecletismo com que se apresenta enquanto bandleader em disco pela primeira vez. O jazz da cantora, teclista e compositora é, de facto, composto por diversas DIMENSIONS, mas todas as suas 7 faixas nos indicam algo em comum: a cena jazznãojazzpt não está para abrandamentos e dispõe-se a fazer-nos dançar com os corpos sintonizados nas frequências emitidas pelo futuro. Dia de 30 de Março, o projecto é apresentado ao vivo no Musicbox, em Lisboa.
[maximumcringe] maximumcringe
Por esta ninguém esperava. Ver Wugori e Violet a alinhar juntos enquanto dupla de produção orientada para os vastos campos da IDM era algo que, seguramente, muitos pagariam para assistir, e chegou-nos hoje sem ser necessário formalizar qualquer tipo de pedido. O nome do projecto e do disco é maximumcringe e tem como logotipo uma criatura que nasce da fusão entre um Shiba Inu e um Pikachu — não sabemos se lhe vamos chamar Pikashib, Shibachu ou Doggachu, mas sabemos que se trata de espécie rara, e como manda o lema, nós queremos apanhá-los todos. Bate tudo certo nesta verdadeira fritaria de internet music feita com pés e cabeça, um conjunto de apenas duas faixas mas que se estende do breakbeat ao drum & bass, com laivos de UK garage ou electro pelo meio.
[Capital da Bulgária] contei e deixei que tu me julgasses
Tem sido uma jornada paciente para Capital da Bulgária, que se tem apresentado com uma série de singles que agora culminam no seu primeiro álbum. contei e deixei que tu me julgasses é um registo do it yourself desta cantautora moderna, introspectiva e vulnerável, que aqui se apresenta — e abre — ao mundo em forma de canções. Daí o título do disco, uma vez que a própria artista se coloca nessa posição de escrutínio, sendo este um primeiro longa-duração íntimo, que serve de cartão de visita artístico, e ao mesmo tempo é descrito como um “vlog musical dos últimos três anos”. Além disso, já tem data para transpor essa intimidade para os palcos: a apresentação do álbum acontece no Musicbox, em Lisboa, a 29 de Março.
[Galgo] Denso
Já conhecíamos os singles “Vapor” e “Profunda”, agora podemos finalmente mergulhar neste mundo Denso que os Galgo prepararam para os ouvintes. A banda lisboeta, que já leva 10 anos de vida e cruza a matemática do rock com uma electrónica dançável, propõe uma “dança pesada e abrasiva” num álbum melancólico que só vem reforçar a identidade e coerência do grupo formado por Alexandre Moniz, Joana Komorebi, João Figueiras e Miguel Figueiredo. É uma edição da Saliva Diva.
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