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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 15/09/2023

Redondinho.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de Maria João & Carlos Bica Quartet, Corinne Bailey Rae, Cleo Sol, Nas ou TNT

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 15/09/2023

Por vezes, a obsessão leva-nos a arredondar os números para cima ou para baixo. Neste contexto de um listagem, isso implica enfiar num artigo algo de que não se goste muito ou, pior, retirar uma boa obra para apresentar contas certas. Hoje são 10 os discos por aqui destacados, pura e simplesmente porque é esse o número de trabalhos que nos têm captado a atenção desde que o Sol começou a raiar. Na verdade, podiam mesmo ser 11 as obras escolhidas para figurar nesta peça, mas Alambique, de Notwan, foi alvo de honras especiais e já anda por estas páginas sobre a forma de entrevista. Prova de que afinal, por vezes, o universo até conspira a favor do que, em condições normais, nos pode causar transtorno.

E se duas mãos cheias de edições não vos chegarem, já sabem: Kipp Stone (66689 Blvd Prequel), Nasty C (I Love It Here), Ransom (Spare The Rod, Spoil The Child), Herb Alpert (Wish Upon a Star), Sleepy Hallow (Boy Meets World), Async Figure (It’s Pulling My Strings), Diddy (The Love Album: Off the Grid), K.Flay (Mono), RL Grime (Play), Alan Palomo (World of Hassle), Eli Escobar (The Beach Album), City Morgue (My Bloody America), Couch Prints (Waterfall: Rebirth), Bombino (Sahel), Vic Mensa (Victor), Rod Wave (Nostalgia), S. Carey & John Raymond (Shadowlands) e Piotr Kurek (Smartwoods) também nos acenam hoje com música nova.


[Maria João & Carlos Bica Quartet] Close to You

Mais de três décadas passaram desde os primeiros encontros musicais entre Maria João e Carlos Bica, que geraram discos e digressões em conjunto já na fase final do milénio passado. O destino voltou a juntar estes dois veteranos dos jazz nacional em Close to You, um conjunto de oito temas gravados em actuações por diferentes palcos e hoje editados pela JACC Records. Entre composições próprias e outras repescadas dos repertórios de gente como John Lennon, Yoko Ono ou Joni Mitchell, o par conta com a companhia de João Farinha no piano e teclados, enquanto que a guitarra alterna Gonçalo Neto e André Santos.


[Corinne Bailey Rae] Black Rainbows

Antes de Amy Winehouse lhe “roubar” o protagonismo com a sua soul de contornos mais sombrios, Corinne Bailey Rae estava a mostrar-nos que o Sol no Reino Unido podia ser tão brilhante ao ponto de iluminar o globo inteiro, através de canções angelicais como “Like a Star” ou “Put Your Records On”. A artista de Leeds lá trilhou o seu caminho pelo r&b e a soul moderna, mas quis agora voltar às suas origens no rock para nos fazer ver os Black Rainbows que também pairam no seu universo. A mudança de pele casa bem com a altura escolhida, já que Corinne Bailey Rae tem concertos agendados para Lisboa e Porto logo no arranque de Novembro, no âmbito da edição deste ano do Misty Fest.


[Cleo Sol] Heaven

Se há nome que pode muito bem ocupar a vaga deixada por Rae é Cleo Sol, curiosamente outra voz proveniente de Inglaterra. Cleopatra Nikolic teve algumas aventuras na música durante a fase final da sua adolescência, afastou-se depois por alguns anos e entretanto voltou, dando inicialmente nas vistas enquanto parceira de estúdio de gente como Inflo, Little Simz ou Sault. Rose in the Dark e Mother são os discos que editou em 2020 e 2021, respectivamente, e que a elevaram a um patamar de excelência dentro da cena da soul britânica, crédito hoje reafirmado com o seu novíssimo Heaven.


[Nas] Magic 3

Já começam a faltar palavras para descrever o ímpeto criativo da fusão entre Nas e Hit-Boy, que volta a ser o produtor escolhido pelo lendário MC de Queens, Nova Iorque, em mais um projecto. Magic 3 foi, na verdade, editado ontem como forma de assinalar o 50º aniversário de Nasir Jones, mas é mais do que pertinente trazê-lo para o âmbito desta rubrica, nem que seja apenas para premiar a formidável forma em que o rapper se encontra, capaz de exercer uma lírica com a mestria de outros tempos mesmo em novos contextos sonoros, como já tem demonstrado recentemente quer na série Magic, como nos três volumes da saga King’s Disease.


[TNT] Drums & 35s

O tenente está de volta. O formato não é propriamente aquele ao qual nos habituou, mas também não se pode dizer que TNT seja um corpo estranho ao segmento da produção de hip hop. Mas se antes Daniel Freitas apenas precisava de se focar nas batidas como bases para raps (os seus e os dos colegas com quem colabora), agora equaciona-as enquanto canções completas, que vivem bem sem grandes adornos vocais. Inspirado por uma série de fotografias analógicas que tem tirado nos últimos anos, TNT eternizou as suas memórias visuais nestes 12 instrumentais em mais uma edição pela sua Mano a Mano.


[Turista] Para Fora Cá Dentro

A história de João Gomes na música portuguesa é longa e levou-o a passar por projectos como LX-90, Heróis do Mar, Polo Norte, Ovelha Negra ou Delfins, antes de ter emigrado para o Reino Unido. De volta a Portugal, vê-se agora a solo enquanto um Turista, mas com uma forte vontade de se sentir novamente integrado na cultura, como deixa patente neste seu álbum de estreia Para Fora Cá Dentro, um conjunto de composições de electrónica que procuram ao máximo descolar-se de qualquer fórmula.


[Wolfgang Tinder] Ringtone Sonata

Música clássica recriada em contexto de toques para telemóvel? É na Panama Papers! Composições memoráveis de Mozart, Bach, Verdi, Beethoven, Chopin ou Tchaikosky ganham uma nova vida nas mãos e mapeamentos MIDI de Wolfgang Tinder, uma nova personagem que surge do inventivo universo de George Silver e que opera num domínio algures entre a polifonia dos telemóveis do início do milénio e a electrónica ambient e contemporânea.


[Carlos Niño & Friends] (I’m just) Chillin’, on Fire

Quando Carlos Niño se junta com amigos, sai sempre música da boa e merecedora de edição através da International Anthem. Depois de nos ter dado Come With Fierce Grace, de Alabaster DePlume, há precisamente uma semana, a editora de Chicago continua a apostar no jazz espiritual, com mais uma série de criações vindas da mente do produtor e multi-instrumentista de Los Angeles que mescla fundamentos da cultura beat em ambientes orquestrais e recheados de detalhe. Deantoni Parks, Laraaji e Kamasi Washington são apenas alguns do vasto leque de músicos convocados a participar no sucessor de More Energy Fields, Current.


[Ralphie Choo] SUPERNOVA

Numa altura em que Espanha goza de um lugar de destaque no mapa da nova pop global, interessa ir pondo os olhos nos talentos que despontam a partir do país nosso vizinho mas que ainda vivem nas sombras de gente como ROSALÍA ou C. Tangana. Um dos nomes emergentes a ter em atenção é o de Ralphie Choo, cantautor e produtor que funde flamenco, cumbia, electrónica ou hip hop num admirável bolo sonoro intitulado SUPERNOVA, que hoje o traz até ao formato de álbum pela primeira vez numa ainda curta carreira. Paris Texas e Mura Masa são nomes que causam alguma surpresa por entre o alinhamento deste disco e que, de alguma forma, ajudam a validar o potencial deste artista madrileno.


[Vagabon] Sorry I Haven’t Called

O terceiro LP de Lætitia Tamko enquanto Vagabon serviu para que a cantautora, produtora e multi-instrumentista de Nova Iorque fizesse o luto após a morte de um amigo que lhe era bastante próximo. Quatro anos após o homónimo Vagabon, o regresso às edições deu-se pelos piores motivos, mas as pistas dos clubes unem-se agora para dançar (e chorar ao mesmo tempo) como forma de atenuar a dor de Tamko, aqui expressada sob diferentes contornos, do drum & bass etéreo ao indie rock com balanço que faz mexer o corpo.

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