pub

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 08/09/2023

Inundação sonora.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de Yussef Dayes, Dope Muzik, Róisín Murphy ou Mundo Segundo

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 08/09/2023

Setembro começou calmo, mas veio cheio de novidades à segunda sexta-feira, com muitos discos merecedores da nossa atenção. É caso para dizer que a indústria musical está como o tempo lá fora — ora faz sol, ora vento ou chuva. E se quisermos continuar com as comparações: hoje chove música a potes e lança-se o aviso à navegação para terem cautela com a inundação sonora que estão prestes a sentir através das 13 edições por aqui destacadas pela redacção do ReB, com jazz, hip hop e electrónica em grande plano.

Se sentem que têm condições para mais, tenham também em conta os projectos hoje editados por Luca Argel (Gêmeos de Gêmeos), DJ Doraemon (Na Parede), Jalen Ngonda (Come Around and Love Me), Minor Science (Absent Friends Vol. III), A Boogie Wit da Hoodie (B4 BOA), Lancey Foux (BACK2DATRAP), XXXTENTACION (ItWasntEnough), Romy (Mid Air), Speaker Music (Techxodus), Olivia Rodrigo (GUTS), Folk Implosion (Music for Kids), The Chemical Brothers (For That Beautiful Feeling), Teezo Touchdown (How Do You Sleep At Night?), Lil Peep & ILOVEMAKONNEN (DIAMONDS), M Huncho (my neighbours don’t know.), Tinashe (BB/ANG3L), V (Layover) e No Rome (Blueboy Must Die).


[Yussef Dayes] Black Classical Music

O termo “jazz” nem sempre foi bem aceite pelos músicos, mas essa resistência não conseguiu fazer com que a palavra caísse em desuso e desse origem a uma outra expressão que pudesse denominar o género musical nascido em Nova Orleães no final do século XIX. Vale a pena atentar a sugestão trazida por Yussef Dayes, pois Black Classical Music parece-nos uma descrição mais do que certeira para este tipo de música. É esse o título do seu álbum de estreia a solo, que foi hoje lançado pela Brownswood Recordings e está repleto de deliciosos grooves e convidados sonantes — de Chronixx e Masego a Tom Misch ou Shabaka Hutchings


[Dope Muzik] DOPE MUZIK apresenta: Pedras Preciosas

É a Dope Muzik quem os apresenta, mas é o nome da Força Suprema que nos vem logo à cabeça. Estas Pedras Preciosas só podiam ter sido esculpidas por gente como NGA, Monsta, Don G ou Prodígio. Mas o diamante em bruto, aqui, é Van Sophie, figura principal deste novo EP selado pela casa editorial erguida pelo colectivo da Linha de Sintra — mais um volume na série de projectos lançados sob o mote Dope Muzik apresenta, desta vez em nome da “filha” destes respeitáveis “cotas” do hip hop nacional.


[Róisín Murphy] Hit Parade

Temos tido a sorte de a apanhar por diversas vezes ao vivo em Portugal, sinal de que gostamos da música que faz. Agora temos motivos para gostar ainda mais, já que Róisín Murphy acaba de apresentar este Hit Parade como o seu sexto álbum de originais, no qual podemos encontrar 13 novas faixas que espelham a sua infalível formula para misturar conceitos pop com música electrónica de dança. Desta vez, a cantora irlandesa teve DJ Koze como produtor e a Ninja Tune enquanto casa editorial.


[Irreversible Entanglements] Protect Your Light

Depois de ter estado creditado num novo videoclipe de MIKE, Rafael De Oliveira (aka oxyretronave) tem agora uma fotografia sua em exposição nas plataformas de streaming através da capa deste Protect Your Light. O quarto disco dos Irreversible Entanglements leva o quinteto formado por Aquiles Navarro, Camae Ayewa, Keir Neuringer, Luke Stewart e Tcheser Holmes a inscrever pela primeira vez o seu nome no prestigiado catálogo da Impulse! com uma proposta de jazz combativo e disruptivo.


[Mundo Segundo] Ilustre Desconhecido

“É uma viagem pelo tempo, sempre dentro daquilo que considero que seja a minha linha musical, sem a desvirtuar, porque é algo que valorizo bastante.” Assim antecipava Mundo Segundo a Carlos Almeida, numa entrevista publicada há dias por aqui, sobre o que viria a ser o sucessor de Segundo o Ancião. “Tenho sempre um olho no passado e o outro divide-se entre o presente e o que está a aparecer” revela-se, por isso, citação capitular certeira assim que passamos em revista as 13 faixas de Ilustre Desconhecido, um trabalho que tanto respeita o próprio legado de um histórico MC da nossa praça, como demonstra que preservar uma identidade artística não significa ser-se estanque.


[38 Spesh & Conway The Machine] Speshal Machinery

Não é a primeira vez que se cruzam, mas á primeira que o fazem num formato longo. E, curiosamente, Speshal Machinery — jogo de palavras que junta os nomes dos dois protagonistas como prenúncio das suas façanhas líricas — é, para ambos, já o quarto disco que editam em 2023. 38 Spesh deu-nos Greenthumbs Meets Trigger Fingers (com Vic Spencer), Gunsmoke Art of Words (com Grafh), enquanto Conway The Machine nos apresentou Pain Provided Profit (com Jae Skeese), WON’T HE DO IT Conway The Machine Presents: Drumwork The Album, antes chegarem juntos a mais um trabalho dedicado à arte da rima, onde participam ainda mestres deste ofício como Lloyd Banks, Elcamino, Benny The Butcher ou Pharoahe Monch.


[James Blake] Playing Robots Into Heaven

Assume Form (2019) terá sido um opus magnum na carreira de James Blake, mas o multidisciplinar artista britânico — que já trabalhou com uma série infindável de artistas maiores contemporâneos — não se deixou encostar à obra feita até então, não fosse ele um irrequieto criador. E depois de Friends That Break Your Heart (2021) e Wind Down (2022), o músico londrino está de volta aos longa-durações com Playing Robots Into Heaven, desta vez completamente a solo e embrenhado nas suas mais profundas raízes sonoras.


[Matthew Halsall] An Ever Changing View

São duas mãos cheias de novas composições a ir parar a repertório de Matthew Halsall para os seus próximos concertos e, felizmente, Portugal é um dos destinos possíveis de encontrar na sua agenda. A propósito do Misty Fest’23, o trompetista inglês vai apresentar-se ao vivo em Lisboa (20 de Novembro, no Centro Cultural de Belém) e Porto (21 de Novembro, na Casa da Música), certamente com este se fresquíssimo An Ever Changing View em especial evidência. Jazz espiritual de Manchester com selo Gondwana Records.


[Gaika] Drift

Gaika volta aos álbuns com Drift, trabalho que, segundo nos revela um comunicado, é o mais expansivo de sempre por parte do artista de Brixton, não fosse o seu leque de influências apontar para nomes tão distintos quanto John Coltrane, Massive Attack, Prince, Wu-Tang Clan, Pink Siifu ou A$AP Rocky. Ao longo de 14 faixas, podemos escutá-lo a ir do hip hop ao pós-punk e a contracenar com, por exemplo, BbyMutha, o nome mais sonante na lista de créditos, em “LADY”.


[Mr. Marley & Apollo G] Rotina EP

“Minha Terra”, tema que juntou Mariza aos Supa Squad e a Apollo G — num spin-off, produzido por Mr. Marley, da canção interpretada pela célebre fadista —, resultou no estreitar de laços entre os autores de Rotina EP. Neste pacote de meia dúzia de faixas, Marley do Rosário e Sandro Andrade fazem-se valer da energia revitalizante do afrobeat para expurgarem dores e frustrações comuns, partilhando dois caminhos paralelos que, afinal, acabam mesmo por se cruzar.


[Apollo Brown & Planet Asia] Sardines

O mês delas já lá vai — e este ano nem estavam particularmente saborosas, lamente-se. Mas há quem, já em Setembro, continue a optar por Sardines como prato de eleição. Que o digam Apollo Brown e Planet Asia, que novamente juntos à mesa “cozinharam” esta “Bird Food” de tal forma apetitosa ao ouvido que nos deixou, incrédulos, a exclamar “Can You Believe It”. Três quartos de hora em lume nada brando, acendido pelo produtor e regado pelo rapper de serviço. (E com um sample bastante familiar logo a abrir caminho.)


[Alabaster dePlume] Come With Fierce Grace

A música improvisada em contexto discográfico tem em Alabaster dePlume um dos seus principais representantes. O poete e multi-instrumentista inglês chegou hoje ao seu terceiro LP pela International Anthem através de um registo que vai da folk à soul, bem assente na estética jazz e intercalado com pormenores de electrónica e spoken word. A ficha técnica é bastante ampla e compreende duas dezenas de outros músicos, entre os quais se encontram Sarathy Korwar, Tom Skinner ou Rozi Plain.


[St. James Park] Fátima EP

Depois de ter feito parte da equipa que ajudou META_ na produção de XIV – A Integração e de ter lançado três singles colaborativos, é totalmente a solo que St. James Park se volta a apresentar ao público em 2023 neste Fátima EP. O terceiro curta-duração da ainda curta carreira de Tiago Sampaio dá bons sinais quanto ao futuro deste artesão sónico português e é carimbado pela neerlandesa A Circle Of Life Records.

pub

Últimos da categoria: Curtas

RBTV

Últimos artigos