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Texto: ReB Team
Fotografia: Prince Williams / Wireimage
Publicado a: 05/04/2024

Banhos de som.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de J. Cole, EVAYA, MAQUINA., RiTchie, Bruno Berle, FeMa. e DJ Lynce

Texto: ReB Team
Fotografia: Prince Williams / Wireimage
Publicado a: 05/04/2024

A Primavera resolveu dizer-nos olá no dia de hoje, mas não parece que tenha vindo para ficar. E se lá fora o tempo dos banhos de sol e das cores exuberantes da natureza ainda não se manifesta em todo o seu esplendor, cá dentro, na companhia de uma qualquer plataforma de streaming, a música parece já ter iniciado o seu período mais fértil do ano, com um sem-número de edições a querer manter-nos ocupados nos próximos dias.

Portugal, em particular, deu o seu contributo de peso a este frenesim de lançamentos e são 13 os discos nacionais a esbarrar com a linha editorial do Rimas e Batidas. Além dos quatro artistas em destaque nesta peça, há que ter também em conta A Nossa Vez – As Canções dos Delfins, uma compilação de tributo à banda que está neste momento a comemorar 40 anos de carreira e que consiste em versões assinadas por artistas como xtinto, João Maia Ferreira, Capital da Bulgária ou D’alva, que vão estar em discurso directo por cá muito em breve através de um faixa-a-faixa. A somar a esta equação estão ainda Marianne (INVERTIDO), Joana Espadinha (Vergonha na Cara), Benjamim (As Berlengas), DIGGA (Love Me Now), Rony Fuego (BAKONGO), Black Spygo (No Tempo Certo), Jhon Douglas (Chinelo) e Vasco Ribeiro & Os Clandestinos (Formas de Estar).

Mas há muito para descobrir vindo de outras coordenadas do globo: Bryson Tiller (Bryson Tiller), Fabiana Palladino (Fabiana Palladino), Khruangbin (A LA SALA), GloRilla (Ehhthang Ehhthang), Melissa Aldana (Echoes of the Inner Prophet), See You Next Year (Pigeons & Planes presents: See You Next Year 2), Cookin Soul & The Musalini (MACKARONI), sagun & AKTHESAVIOR (u r not alone), Varg2™ (Nordic Flora Series, Pt. 6: Outlaw Music), Vegyn (The Road To Hell Is Paved With Good Intentions), Mount Kimbie (The Sunset Violent), TisaKorean (MUMU 8818), Einstürzende Neubauten (Rampen (apm: alien pop music)), Young Miko (att.) e José James (1978) estão entre as novidades do dia de hoje.


[J. Cole] Might Delete Later

Vivemos tempos fracturantes, de divisão entre as massas, e ao que parece nem o hip hop escapa a esse momentum global. Drake e J. Cole estenderam a mão a Kendrick Lamar para oficializar a “liga” dos big 3, mas obtiveram uma diss track como resposta do autor de Mr. Morale & The Big Steppers. O clima ficou tenso e, após um breve período de espera e especulação, parece que Jermaine Lamarr Cole não quis ficar de braço estendido para sempre, revirando-se contra o rapper de Compton em “7 Minute Drill”, a faixa que dá por encerrado o alinhamento do álbum-surpresa que é Might Delete Later, título que presta uma clara alusão à forma instantânea (e muitas vezes pouco ponderada, com espaço para um posterior arrependimento) com que lidamos com as interações pessoais à distância, que hoje andam à velocidade da luz graças ao poder da Internet. A investida direccionada a Kendrick Lamar está a dividir uma base de fãs com muitas cabeças em comum e será sempre a principal bandeira do sucessor de The Off-Season, que alberga mais outras 11 trilhas sonoras nas quais Cole se cruza com convidados como Central Cee, Gucci Mane ou Ab-Soul e produtores como The Alchemist, T-Minus, Conductor Williams ou Mike WiLL Made-It.


[EVAYA] Abaixo Das Raízes Deste Jardim

É uma estreia que ansiávamos há algum tempo. A pop electronicamente mutante de EVAYA já tinha dado boas indicações no EP INTENÇÃO, mas o primeiro LP parecia prometer ainda mais mal a artista revelou o avanço inaugural “atenção”. Abaixo Das Raízes Deste Jardim comprova que, apesar da parca experiência nestas lides, Beatriz Bronze já é detentora de uma linguagem musical muito sua, algo que um comunicado enviado ao ReB define como “sensorial” ou como “um convite para um limbo etéreo”. À toada electrónica experimental junta-se a inspiração na natureza e as mensagens de cariz ecológico, fazendo deste projecto uma importante chamada de atenção tanto para o ambiente que nos rodeia, como para a missão de continuar a levar a arte sonora portuguesa a reinventar-se e a expandir ainda mais os seus horizontes. São 10 canções com títulos como “abelharucos” ou “sementes” seladas pela editora portuense Saliva Diva, que muito em breve causarão o devido impacto nos palcos — há concertos de apresentação marcados para Lisboa, Porto, Leiria ou Funchal no roteiro partilhado pela cantora e produtora.


[MAQUINA.] PRATA

Foi também pela Saliva Diva que os MAQUINA. se deram a conhecer ao mundo no ano passado com o surpreendente DIRTY TRACKS FOR CLUBBING, um disco que não deixou quaisquer dúvidas em relação ao calibre deste power trio que vai buscar as suas influências a “planetas” tão distintos como são o krautrock, o techno, o punk ou o psicadelismo. Depois das descargas de adrenalina deixadas em palcos de norte a sul do país, esta MAQUINA. está agora a internacionalizar-se através de uma digressão europeia e a edição deste seu novo PRATA, que acontece pela londrina Fuzz Club, label especialista nas experimentações sónicas em torno do universo rock. Se nunca adquiriam uma máquina de fumo, têm aqui uma forte razão para comprar uma e deixarem-se levar por PRATA por entre a neblina.


[RiTchie] Triple Digits [112]

Por força das circunstâncias, RiTchie viu-se a envergar o microfone sozinho em Injury Reserve, trio que passou à dupla By Storm após o precoce desaparecimento de Stepa J. Groggs. Talvez por isso o rapper de Tempe, Arizona, se tenha sentido suficientemente capaz de assumir um projecto em nome próprio, como faz agora no lançamento independente que é este Triple Digits [112], onde a sua voz volta a servir os propósitos do hip hop mais vanguardista e órfão de quaisquer fórmulas pré-concebidas. Parker Corey, produtor nos dois grupos onde RiTchie também milita, dá um ar de sua graça nas últimas duas faixas deste álbum, com a ficha técnica a estender-se a nomes como Aminé, Quelle Chris e Niontay.


[Bruno Berle] No Reino Dos Afetos 2

Hoje é dia de um novo abraço musical no conforto dos braços e da voz de Bruno Berle. O cantautor que teve o seu No Reino Dos Afetos a merecer uma entrada no catálogo da Far Out Recordings regressa à editora inglesa especializada em música brasileira com um segundo volume de canções — umas são da sua autoria, outras são de artistas mais obscuros que reclamam por ver o seu nome vincado num circuito muito saturado por tudo aquilo que nos chega via São Paulo e Rio de Janeiro, conforme Berle fez questão de frisar numa entrevista que concedeu ao Rimas e Batidas minutos antes de se estrear num palco português. As flores podem ainda não estar a brotar completamente lá fora, mas abrem-se dentro dos nossos corações ao escutar estas ternurentas cantigas — parafraseando “Tirolirole”, o primeiro single deste LP que foi revelado ainda antes de 2023 findar.


[DJ Lynce] Live @ Bola de Cristal

São já duas décadas que DJ Lynce leva atrás dos decks a dar a conhecer ao seu público as malhas mais fora-da-caixa extraídas do universo clubbing. Nome de referência na noite do Porto, mas com um currículo onde se encontram passagens por salas e festivais um pouco por todo o país, Pedro Santos é, além de DJ, um experiente maquinista de música electrónica, formato que adopta neste Live @ Bola de Cristal, um disco gravado ao vivo que marca a sua estreia pela Príncipe Discos. Servido nos formatos digital e cassete, o registo combina na perfeição com a acidez da capa criada pelo habitual designer Márcio Matos, elevando os níveis de rave material do emblemático selo lisboeta.


[FeMa.] HOMNiA

Em HOMNiA, FeMa. pretendeu explorar de forma abrangente todas as facetas que o ser humano exibe no seu quotidiano, levantando questões que apelam à introspecção e à mudança de comportamentos. Segundo um comunicado, o sucessor de uma palavra chamada folha “nasce da necessidade de mudança e do ímpeto de luta por um mundo mais empático, livre e comum”, numa altura em que o ódio é um tema constante em quase tudo aquilo que vemos noticiado pelo mundo fora. Com recurso à música tradicional portuguesa, à electrónica ou até ao hip hop, FeMa. edifica mais um projecto singular no actual mapa musical nacional através deste HOMNiA, que será apresentado ao vivo nos próximos dias em cidades como Leiria, Lisboa ou Coimbra.

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