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Texto: ReB Team
Fotografia: André Bernardino
Publicado a: 11/10/2024

Versos para aquecer no arrefecimento dos dias.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de Ace, Vilas Boas & Composto, E L U C I D, INÊS APENAS ou Carminho

Texto: ReB Team
Fotografia: André Bernardino
Publicado a: 11/10/2024

Se os termómetros lá fora baixam, cá dentro sobem com a quantidade de bons versos que nos chegam vindos das mais diversas frentes — do hip hop ao fado e da pop ao R&B. Boa sexta-feira esta, que além da qualidade trouxe também quantidade e versatilidade. É o que se quer quando se é melómano, com o único mal no meio disto ser apenas o da falta de tempo para conseguirmos mergulhar a fundo em todos os discos que nos chegam à rede. Ainda assim, a filtragem é sempre o mais generosa possível e hoje oferece destaque a 7 trabalhos que não devem perder por entre as malhas do digital, havendo, como sempre, outras rotas que podem adoptar caso se sintam mais aventureiros — não se vão arrepender.

Entre a chuva de lançamentos de hoje há ainda a ter em conta os novos projectos de: DJ Znobia (Inventor Vol. 2), Homem em Catarse (catarse natural), Ganso (Vice Versa), Delacruz (Vinho), Tainá (Âmbar), Pharrell Williams (Piece by Piece – Music from the Motion Picture), Zoomo (Absolution), Goat (Goat), Willie The Kid & V Don (Deutsche Marks 4), Sneakbo (4BETTER 4WORSE 4LIFE), Glorilla (Glorious), Popstar Benny (Oasis), BABii (DareDeviil2000), Samara Joy (Portrait), Immanuel Wilkins (Blues Blood), cosmic collective (EEEEEE), Sam Wilkes (iiyo iiyo iiyo), Famous (Party Album), Hawksmoor (Oneironautics) e Tourist & Gold Panda (Us Two EP).


[Ace, Vilas Boas & Composto] Aquecimento Gobal

Se Ace pega na caneta para rubricar rimas numa estética mais moderna — do trap ao drill ou aos afrobeats —, então a sua arte tem maior probabilidade de chegar aos ouvidos das gerações mais novas. E quando a mestria é a mesma de sempre, é caso para dizer que gera Aquecimento Global. Acompanhado de Vilas Boas e Composto, o “Padrinho” volta a causar poluição sonora da boa dando seguimento a um momento de maior fulgor na sua carreira, ele que num passado recente voltou a ver os lendários Mind da Gap reunidos em palco, criou um podcast e rubricou discos como Herança (2021) ou Biografia de Uma Consciência (2023).


[E L U C I D] REVELATOR

O sucesso que sentimos ter em vida pode ser facilmente medido pela quantidade de itens que conseguimos riscar das nossas checklists de desejos pessoais. Na semana passada, fizemos o “2 em 1” ao assistir à estreia de Armand Hammer em Portugal, que por consequência significou ver também E L U C I D a envergar o microfone ao vivo e diante nós pela primeira vez. E o momento não podia ter sido melhor, já que o liricista de Nova Iorque estava prestes a lançar um novo álbum a solo, REVELATOR, que nos chega hoje com selo da Fat Possum Records. Versos que são como lenha para nos meter a cabeça a carburar de tanto pensar e tentar decifrar, densos como a fumarada que fica na sala depois de levarmos os neurónios à exaustão.


[INÊS APENAS] ÉTER

Nem tudo se perde no ÉTER. A escolha do título do LP de estreia de INÊS APENAS é uma verdadeira antítese do quão eternas podem ser as suas composições, não fosse ela uma das grandes novas revelações da pop moderna que tem vindo a florescer em Portugal. Depois de ter sido finalista do Festival da Canção’23 e de ter editado EPs como um dia destes (2022) e Leve(mente) (2023), a cantora, compositora e pianista de Leiria sobe mais um degrau com aquele que é o seu projecto mais ambicioso ate à data. ÉTER vai buscar influências à electrónica, ao R&B e até ao jazz, contado ainda com contribuições vocais de gente como MALVA, LEFT. Milhanas e IRMA.


[Carminho] Carminho at Electrical Audio

Carminho at Electrical Audio é o primeiro EP de Carminho. E não deixa de ser curioso como o trabalho mais curto de sempre da sua carreira consegue, também, ser aquele com maior peso na história da música. Afinal de contas, os quatro temas aqui encapsulados foram gravadas no icónico estúdio Electrical Audio de Steve Albini, com o malogrado músico e engenheiro de som norte-americano — que ao longo de um reputado trajecto trabalhou com nomes como Nirvana, Pixies ou The Breeders — a assumir a co-produção deste registo, estreando-se assim no fado. Só isto já era motivo de deixar qualquer um com água na boca, mas note-se ainda o dueto que Carminho conseguiu com Caetano Veloso logo à primeira faixa do alinhamento. Aos 40 anos, nem o céu parece ser um limite para Maria do Carmo de Andrade.


[Mutant Academy] Keep Holly Alive

Chegou a meio desta semana, mas nunca perde a pertinência e merece ser assinalado em pleno dia de lançamentos. Keep Holly Alive foi o álbum que, finalmente, colocou os Mutant Academy de pedra e cal na rota do hip hop, já que permitiu ao colectivo formado por Fly Anakin, Big Kahuna OG, Henny L.O., Ohbliv, Graymatter, Foisey, Ewonee, Sycho Sid e Unlucky Bastards passar das palavras à acção — ou seja, estrear-se em disco, uma década após a sua génese. Rap descomprometido mas carregado de sentimento e peso lírico é o que podem dar por garantido antes de se deixarem entrar no mundo do grupo que quer, definitivamente, colocar Richmond, Virginia, no mapa.


[Ovrkast.] KAST GOT WINGS

Quando um jovem e emergente MC com uns modestos 265 mil ouvintes mensais no Spofity consegue alcançar uma batida de um super-produtor como Cardo (aka Cardo Got Wings), então só pode ser fonte de um enorme talento. O homem que rubricou êxitos como “euphoria” (Kendrick Lamar), “God’s Plan” (Drake) ou “Goosebumps” (Travis Scott) ajudou Ovrkast. a criar um dos seus mais sonantes singles, “PAYMEAGRIP”, algo que motivou o artista californiano a sentir imediatamente que KAST GOT WINGS no EP que hoje deu a conhecer ao mundo. Ao já referido tema juntam-se mais 6 malhas, todas elas produzidas pelo próprio e sem quaisquer convidados, numa nova prova de auto-suficiência e atitude DIY.


[Dua Saleh] I Should Call Them

Há um bolo de várias camadas chamado I Should Call Them. A estreia de Dua Saleh no formato de longa-duração é uma verdadeira ode à ideia que temos de música urbana, capaz de mesclar R&B, pop, hip hop ou soul numa só peça que se divide por 11 momentos, em que a única constante é o cariz vanguardista da arte criada pela artista sudanesa-americana sediada em Los Angeles. serpentwithfeet, Ambré, Gallant e Sid Sriram são os convidados registados neste disco cuja produção passou por várias mãos, desde as de Jason Suwito às de Tony Seltzer.

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