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Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.
De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça, por dentro e por fora.
[DAMAZ MC & KYRA] “RECIFE”
Da Quarta Parede saíram seis faixas, mas ficaram ainda umas quantas por ver a luz do dia. Casos de “Fantasmas” e “Recife”, dois exemplares vindos das sessões de estúdio a meias entre DAMAZ MC e Kyra, que nesta última assentam como peixes nas águas de Catalão.
[DJ Sims & Cachapa] “Liricismo No Sistema”
DJ Sims e Cachapa avançam com mais um vislumbre de Detalhe, o segundo álbum de estúdio feito a partir do Sistema Intravenoso do histórico produtor de Évora em conjunto com uma das grandes promessas do rap alentejano. “Liricismo No Sistema” serve, então, de mote ao que há-de ser o próximo longa-duração da dupla eborense: aprimorar a escrita a cada novo verso.
[Cálculo] “Tão Chill” feat. Relax.mfk
Há formas e fórmulas para agradar e agarrar o ouvido. E há quem as procure premeditadamente, ou quem vá ao encontro delas de forma natural: claramente inclinado para a segunda hipótese, Hugo Martins mostra, mais uma vez, a facilidade com que nos convence em qualquer vertente da canção. Quer na produção, quer na melodia, Cálculo desmonta sistemas complexos em resultados simples.
[TOM] “Like That”
De pôr dedos na máquina a ter a máquina no dedo: é nos pormenores que Uma Máquina Minha começa a ganhar forma, e “Like That” entra como primeiro avanço (assumido, pelo menos) desse novo produto concebido, das rimas às batidas, por TOM. Ele que ainda agora mostrou elegância bastante para figurar em Dedos Finos — com a confirmação, reforçada por Sam The Kid em noite de SUMO, de que o álbum a meias será mesmo para acontecer —, e já veste o seu próprio smoking de vludo. E, sem que déssemos por isso, o Freakin’ Soyer subiu a parada como gente grande, num salto que, a julgar pelas últimas passadas, marca uma evolução notória desde o já promissor MAD. Muita atenção à confirmação desta promessa da Margem Sul.
[Amon & Johny Gumble] “Tubos da Matraca”
Como a capa de Lo-Files denuncia, a parceria entre Amon e Johny Gumble não é de agora. Mas agora há um novo trabalho em vias de ser editado pela Blckout Records, e “Tubos da Matraca” abre caminho a esse projecto que põe frente-a-frente dois rappers exímios na punchline de confronto.
[IL-BRUTTO] “MARADONA” feat. JACK CRACK
A última aparição de Jack Crack e DwÓ parece não ter sido caso único. As duas partes de DopeFinest surgem agora no mais recente avanço de FUSCO, próximo trabalho do produtor Il-Brutto — o primeiro nas rimas, e o segundo na captação. E a tendência revelada pela terceira parte de ESCALPE (que junta ainda Tilt e NERVE) confirma-se: neste trabalho só entram as mais exímias canetas sobre estes densíssimos instrumentais.
[9 Miller & Mizzy Miles] “É Verdade”
“Se o beat é rijo, é do Mizzy, boy”, é, regra geral, uma regra verificável. Pelo menos no que diz respeito a 9 Miller: já desde “Wappa / Frozen” que a dupla formada entre rapper e produtor significa resultados ambiciosos. “É Verdade” não foge a essa regra, mas destaca-se ainda pelo registo que o instrumental pede. E já se sabe que o MC da Linha da Azambuja não é de se ficar quando o desafio o chama ao microfone.
[Eva Rapdiva] “Eu Não Danço”
O nome já é em si revelador. Mas, ainda que diva — e condenada por essa faceta —, Eva não dança. Afinal, para dançar rap, mexer a cabeça chega. Agora, para cantar rap, a história é outra. E a história de “Eu Não Danço” passa, também, pela força de quem tem essa propriedade — com a mulher negra em evidência.
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