pub

Texto: ReB Team
Fotografia: Fernando Marques
Publicado a: 23/04/2021

Entre Minho, Angola, Lisboa e Tânger.

Pedro Mafama sobre “Estaleiro”: “É um desejo de andar para a frente”

Texto: ReB Team
Fotografia: Fernando Marques
Publicado a: 23/04/2021

Pedro Mafama deu um novo passo rumo ao seu álbum de estreia. Por Este Rio Abaixo é antecipado com “Estaleiro”, tema que conta com a produção de Pedro da Linha e Beatoven e um videoclipe realizado por André Caniços.

Com dois EPs no currículo, o artista lisboeta anunciou o seu primeiro longa-duração já no final do ano passado. A edição é aguardada para o que ainda resta do primeiro semestre de 2021. Conforme demos conta em Novembro último, Por Este Rio Abaixo é uma “homenagem, ao mesmo tempo que lhe dá uma ligeira carga de ombro”, a um disco clássico da música portuguesa, Por Este Rio Acima de Fausto Bordalo Dias. Ao invés de ir para cima, a bússola de Mafama aponta para sul e vai ao encontro das heranças árabes e africanas presentes na nossa cultura e que se fazem desde logo notar neste seu novíssimo “Estaleiro”, uma faixa situada algures entre Minho, Angola, Lisboa e Tânger e cujo vídeo recupera referências do cinema português e egípcio dos anos 40/60.



Segundo o seu autor, “Estaleiro” é “o buzinão de um navio que avisa que vai partir, rumo a um disco novo e a uma nova fase da vida. É um desejo de andar para a frente, ancorado em memórias de uma fase da minha vida em que passava os dias a vaguear pela cidade, sem rumo nem futuro, a olhar a vista do Castelo de uma Lisboa em decadência, sentado nos miradouros da Graça onde cresci, com sonhos altos mas uma força de execução quase nula. Na letra junto memórias desses tempos, minhas e de outras pessoas com quem partilhava bancos de jardim, escadarias de igreja e esquinas de ruelas, de forma a recriar esse ambiente que guardo na minha cabeça e que se calhar já só existe dentro dela. O refrão, por exemplo, foi feito a pensar num ex-contínuo do meu liceu antigo, a Escola Secundária de Gil Vicente, que foi combatente da guerra colonial e, claramente traumatizado por aquilo que viu e viveu em jovem, passa ainda hoje os dias a deambular sozinho por Alfama, a ver os cruzeiros a chegar e a partir. Anda pela cidade como um fantasma, preso a um tempo que nunca mais vai voltar, e sem maneira de conseguir acompanhar um presente que já não tem lugar para ele, quanto mais olhar para o futuro.”

Não Saio” havia sido a última canção editada por Pedro Mafama até aqui, logo após termos entrado em confinamento devido à actual crise sanitária, há um ano. Foi também em 2020 que deu uma mão a colegas como Pedro da Linha (“Terra Treme) ou Mike El Nite (“Calafrio”) nos seus respectivos projectos. Recentemente foi confirmado como parte da equipa de criativos que ajudaram Ana Moura a esculpir “Andorinhas“, que será o primeiro avanço de um novo trabalho da cantora que quer voar para lá do fado.

No dia 8 de Maio, Mafama vai estar em destaque no primeiro episódio do FIXE.DOC, programa gravado entre Portugal e Brasil que conta com actuações e depoimentos de alguns artistas, entre os quais estão também B Fachada, Selma Uamusse ou Zudizilla.


pub

Últimos da categoria: Curtas

RBTV

Últimos artigos