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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 04/04/2022

Diálogos Norte-Sul: 1967-1972.

Notas de Contracapa #3: Sinatra/Jobim/Deodato. Para além do disco engavetado

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 04/04/2022

A pulga atrás da orelha. O disco está gravado e pronto para ser editado. Os test pressing são feitos e os cartuchos de oito pistas fabricados no Japão chegam para distribuição. A pulga atrás da orelha de Frank Sinatra, todavia, não deixa de o incomodar e, pondo termo a uma série de dúvidas, a ordem para cancelar o lançamento do disco é dada. Imediatamente é interrompida a produção do LP e as 3500 cópias dos cartuchos são recolhidas e destruídas. As ordens da Reprise/Warner são claras: o disco Sinatra/Jobim, com o número de catálogo FS 1028, não existe.


Uma das poucas cópias que sobreviveram dos cartuchos originais do álbum Sinatra/Jobim de 1969.

Desde que a bossa nova explodiu nos Estados Unidos em 1962, que António Carlos Jobim mantém uma carreira entre as duas Américas. Um dos primeiros discos que grava, logo em 1963, é apenas lançado no ano seguinte, mas tem um efeito dificilmente ultrapassável. Getz/Gilberto é campeão de vendas e repetidamente premiado no maior mercado discográfico do mundo. No meio do turbilhão de gravações e lançamentos (18 álbuns a solo ou em colaboração entre 1963 e 1969), outro marco segue-se em 1967. O convite é lançado por Frank Sinatra e o resultado é um disco perfeito, que funciona como um fecho dos anos bossa nova pelos Estados Unidos. O repertório é quase todo da autoria de Jobim com apenas três temas do cancioneiro popular americano (“Change Partners” de 1938, “I Concentrate on You” de 1940 e “Baubles, Bangles & Beads” de 1953). Apesar de Tom Jobim ser convidado de Sinatra, este pede que seja o brasileiro Dom Um Romão o baterista das sessões de gravação. E que os arranjos fiquem a cargo de Claus Ogerman, com quem tinha tido uma química imediata na gravação do seu primeiro disco a solo, para a Verve, em 1963. As gravações, como sempre com Frank Sinatra, são ao vivo com a orquestra. Três dias de estúdio e o disco está pronto. Um mês e pouco depois, em Março de 1967, está nas lojas. Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim é editado pela Reprise, editora fundada pelo próprio Sinatra no início dessa década para que os artistas pudessem ter a sua integridade artística preservada. O que continuaria a acontecer, mesmo depois da venda da editora à Warner Brothers. Uma nota de rodapé importante para perceber como funcionava a máquina Sinatra num contexto de contínua mutação do mercado discográfico é a gravação de “Somethin’ Stupid”. O tema, que tinha sido gravado e lançado há uns meses sem grande impacto pelo cantor folk Carson Parks (irmão de Van Dyke Parks), chamou a atenção de Frank Sinatra, que o mostrou a Lee Hazlewood. E assim, no terceiro e último dia das gravações do álbum com Jobim, após a saída dos músicos da orquestra, entram os músicos do arranjador Billy Strange para gravarem o dueto com Nancy Sinatra. O single é um sucesso de vendas absoluto e o álbum com Jobim falha por pouco o Grammy para álbum do ano de 1968 (galardão arrecadado pelo Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band).


Gravações do álbum de 1967 com Claus Ogerman e Dom Um Romão.

Fechado o disco com Sinatra em Los Angeles, Tom Jobim segue viagem para Nova Iorque onde grava o seu segundo e último álbum a solo para a Warner Brothers, A Certain Mr. Jobim. Poucos meses depois, em Maio/Junho de 1967, grava mais um novo álbum, Wave que marca o início de um novo contrato discográfico. Será o regresso ao produtor de jazz Creed Taylor, nome fundamental que não só ajudou a bossa nova a afirmar-se para além de uma efémera moda como foi responsável pela produção, na Verve, dos primeiros discos com Tom Jobim em 1963. A nova aventura do produtor é a editora CTI (Creed Taylor Inc.) fundada nesse ano de 1967 e integrada inicialmente na A&M (fundada cinco anos antes por Herb Alpert e Jerry Moss). Apesar de em ambos estes discos, gravados na sequência da parceria com Sinatra, Tom Jobim ter mantido Dom Um Romão na bateria e Claus Ogerman nos arranjos, o disco para a CTI marca uma nova abordagem, mais confiante e mais depurada, à qual não será estranho o papel da produção e de músicos como o contrabaixista Ron Carter


O produtor Creed Taylor (c. 1967) e a icónica fotografia de Pete Turner usada na capa de Wave.

Já Frank Sinatra atravessa tempos tumultuosos. O casamento com Mia Farrow, cujas tentativas contínuas de reconciliação já tinham atrasado a gravação do disco com Tom Jobim, termina em divórcio no México, no Verão de 1968. Aos 53 anos, o cantor vê a indústria discográfica mudar irreversivelmente para um mercado cada vez mais jovem. Depois do disco com Tom Jobim, lança The World We Knew, um álbum que junta material fragmentado gravado ao longo de 1967 (e que inclui o referido dueto com Nancy Sinatra). Os lançamentos seguintes vão revelando cada vez mais incertezas. Ainda em 1967, um álbum pouco ensaiado é gravado rapidamente com a big band de Duke Ellington. Na segunda metade de 1968, três discos: em Agosto um Greatest Hits (sim, “Somethin’ Stupid” aparece mais uma vez), em Setembro um álbum de Natal gravado com os três filhos e, em Novembro, Cycles. Este último álbum, apesar dos arranjos orquestrais de Don Costa, tem um repertório mais próximo do universo folk ou mesmo pop/rock, com temas como “Both Sides Now” ou “By the Time I Get to Phoenix”. Outro sinal da praga de incertezas, o tema “Wait By The Fire” é listado na capa do álbum mas acaba por ser rejeitado por Sinatra e não aparecer no disco. O ritmo de gravações não abranda. No final de Dezembro de 1968 a aproximação à música pop (e à tentativa de tropeçar em mais um grande êxito) continua com as sessões do álbum seguinte. My Way, que inclui, para além do tema-título, faixas como “Mrs. Robinson”, “Yesterday” ou ”If You Go Away”. Imediatamente após estas gravações são agendadas, para o início de 1969, novas sessões de gravações com António Carlos Jobim na tentativa de repetir a química de 1967.


Frank Sinatra no estúdio em 1967. Com Nancy Sinatra a 1 de Fevereiro para gravarem “Somethin’ Stupid” (após o fim das gravações com Jobim nesse dia) e com Duke Ellington em Dezembro.

Depois da temporada de gravações nos Estados Unidos em 1967, Tom Jobim tinha passado grande parte do ano de 1968 no Brasil onde colaborou em dois discos, com o grupo vocal Quarteto 004. As gravações de estúdio e ao vivo não são particularmente assinaláveis, mas marcam um reencontro com o músico e arranjador Eumir Deodato, que havia começado a sua carreira discográfica a solo com o álbum Inútil Paisagem, dedicado apenas às composições de António Carlos Jobim. O disco, lançado em 1964 pela então recém-criada editora Forma de Roberto Quartin, abre caminho para uma discografia riquíssima. Só entre 1964 e 1966 foram editados três álbuns com Os Catedráticos, dois com Os Gatos, dois projectos por si dirigidos — Idéias e Samba Nova Concepção — sem esquecer os discos gravados enquanto membro dos conjuntos de Roberto Menescal, Meirelles e Os Copa 5, ou os arranjos para diversos artistas (Luiz Bonfá, Marcos Valle, Wanda de Sá, Wilson Simonal, entre outros). Em 1967 surge dos Estados Unidos o convite de Astrud Gilberto para fazer os arranjos do álbum Beach Samba. O disco é produzido por Creed Taylor e é um dos seus últimos trabalhos para a Verve, curiosamente gravado na mesma altura que Wave de Tom Jobim, que foi um dos primeiros discos lançados na sua nova editora, a CTI. E são para a CTI os novos projectos de Eumir Deodato ainda em 1968, com discos de Wes Montgomery, Walter Wanderley e Paul Desmond. Ainda em Dezembro iniciam-se as gravações de Courage, o primeiro disco do seu amigo Milton Nascimento gravado nos Estados Unidos. Mas a conclusão do álbum do Milton Nascimento terá de esperar, porque o ano de 1969 arranca com a preparação das novas sessões de gravação com Frank Sinatra e Tom Jobim para as quais Eumir Deodato é convidado a fazer os arranjos. Para além deste, Tom Jobim não abdica de um baterista brasileiro e João Palma, também resgatado das sessões interrompidas com Milton Nascimento, inicia aqui uma longa colaboração com o compositor.


Eumir Deodato e Roberto Quartin em 1964. Capas de Inútil Paisagem (1964), Ideias (1964), Ataque (1965), Aquêle Som dos Gatos (1966), Beach Samba (1967), Courage (1969).

De novo nos estúdios Western Recorders em Hollywood, de novo três dias de gravações, de novo Frank Sinatra e António Carlos Jobim juntos em estúdio. Após dois meses de preparações e escrita dos arranjos, nos dias 11 a 13 de Fevereiro de 1969 é gravado um lote de 10 canções, desta vez todas da autoria do compositor brasileiro. Apesar de algumas hesitações com algumas das novas melodias, o disco fica fechado. Recebe o título Sinatra/Jobim e número de catálogo FS 1028 (os discos de Frank Sinatra para a Reprise tinham números de catálogo próprios). No entanto, logo em Março, sai para as lojas o single e o já referido álbum de Frank Sinatra, My Way (FS 1029). O tema é um sucesso de vendas (especialmente no mercado inglês) e torna-se uma das canções mais facilmente identificáveis com Sinatra. Mas, ainda em Março, Sinatra volta aos estúdios para gravar mais um lote de canções. De novo escritas apenas por um compositor, desta vez, o popular poeta e músico Rod McKuen. Apesar de ser hoje um nome praticamente desconhecido, entre o final dos anos 60 e início dos anos 70, era um dos mais populares escritores nos Estados Unidos. Unanimemente desprezado pela crítica dita séria enquanto poeta, o percurso de Rod McKuen é bastante singular tendo sido o responsável pelas traduções para inglês de muitas canções de Jacques Brel, de quem era amigo (entre estas ”If You Go Away”, tema presente em My Way). O lançamento do disco com Jobim vai entretanto sendo adiado. Na imprensa são avançadas datas para o lançamento iminente em Abril, Maio, Junho, Julho, Agosto, Setembro… No entanto, o disco que acaba por sair em Agosto nos Estados Unidos é o álbum de colaboração com Rod McKuen, intitulado A Man Alone (FS 1030) e o álbum Sinatra/Jobim acaba finalmente por ser cancelado. O descontentamento de Sinatra ia desde a bizarra capa até às melodias de temas como “Bonita” ou “Desafinado”. Apesar de nunca terem sido cabalmente explicados os motivos do cancelamento do disco já pronto e com capa feita (com os cartuchos de oito pistas em distribuição), as razões mercadológicas do ano de 1969 terão sido determinantes. 


Frank Sinatra com Rod McKuen em estúdio, a capa do álbum A Man Alone e uma edição limitada do livro de poemas para Frank Sinatra (1969).

Ainda em 1969, enquanto o disco não era lançado, Tom Jobim e Eumir Deodato rumam a Londres para compor e gravar a banda sonora do filme The Adventures. O inenarrável filme é uma adaptação de um romance do popular Harold Robbins pela mão de Lewis Gilbert, que tinha acabado de realizar Alfie (1966) e 007 – Só Se Vive Duas Vezes (1967). A composição tem uma gestação difícil e arrasta-se durante mais de três meses, mas acaba por apresentar as primeiras versões instrumentais de temas como “Chovendo na Roseira” (Children’s Games), “Olha Maria” (Dax & Amparo Love Theme) ou “God and the Devil in the Land of the Sun” (Bitter Victory). Depois de mais uma passagem pelo Brasil regressam aos Estados Unidos para aquelas que serão as últimas sessões do compositor com Eumir Deodato e Creed Taylor. Na bateria mantém-se João Palma, acompanhado por Airto Moreira na percussão. Este traz consigo Hermeto Pascoal e a sua flauta (naquela que é a primeira estadia nos Estados Unidos do genial albino). As sessões de Março/Abril de 1970 são muito produtivas com 18 temas gravados com os arranjos de Deodato a levarem a música a um maior grau de abstracção. Coincidente com estas gravações dá-se a independência total da CTI face à A&M (sendo assinado um acordo de distribuição com a Motown). Os temas gravados são assim repartidos por dois álbuns. Um para a A&M, Tide, que encerra esse contrato e outro para a CTI, Stone Flower. Dizem as más línguas que o produtor Creed Taylor escolheu para a sua editora os melhores temas, o que escutando a perfeição do disco não andará longe da verdade. Provavelmente para evitar muitas perguntas sobre as escolhas do repertório para cada disco, na altura do lançamento dos discos em 1970 as datas de gravação surgem como sendo sequenciais e não simultâneas.


Eumir Deodato, Tom Jobim e Lewis Gilbert em Londres (1969). Detalhe da revista TV Tudo (1970) e as capas dos três álbuns de Jobim / Deodato: The Adventurers, Tide e Stone Flower (edição alemã).

Depois do cancelamento definitivo de Sinatra/Jobim, Frank Sinatra grava, num processo que se arrasta de Julho a Outubro de 1969, mais um álbum conceptual, desta feita composto e produzido por Bob Gaudio (dos Four Seasons), com letras de Jake Holmes, intitulado Watertown. Pela primeira e última vez na sua carreira, grava a voz em cima das bases musicais pré-gravadas e não ao vivo no estúdio. O ambicioso disco foi lançado no início de 1970 e foi um dos maiores fracassos de vendas da sua carreira. No final de 1970 gravou alguns temas avulsos (entre os quais algumas músicas de John Denver e mais dois duetos com a sua filha Nancy) e, face ao cansaço pessoal e profissional, anuncia a sua retirada de cena. Não haverá mais discos nem temporadas de concertos. Nesse mesmo ano, Tom Jobim, cansado de tantas pontes aéreas e marítimas (por vezes regressava de barco dos EUA), volta ao Brasil após as gravações com Creed Taylor e faz algo semelhante a Sinatra. Inicia, assim, uma longa pausa sem gravações, nem discos, nem concertos.


Watertown: detalhes do interior da capa e poster incluído no LP. Single “Lady Day / Sabiá” de 1970 e a capa da revista Life após o adeus de Sinatra (Junho de 1971).

Mas e o paradeiro do disco cancelado? Um primeiro sinal de que as gravações eram demasiado boas para ficarem na gaveta, surge logo em 1970. A suite de Watertown tinha um epílogo que não fora incluído no álbum, “Lady Day”. O tema é lançado em single e, no lado B, surge “Song of the Sabiá” das sessões de 1969 com Jobim. Com a saída de cena de Sinatra, a Reprise acaba por ir aos arquivos resgatar algum do material gravado em 1969 e 1970 para criar o “novo” disco de estúdio para o ano de 1971. Sinatra & Company recupera num dos lados mais sete das dez canções gravadas com Jobim. O disco não tem grande impacto e no ano seguinte a Reprise acaba por recorrer à edição de um segundo volume de Greatest Hits, um álbum sem sombra de Jobim. Quanto aos dois temas restantes das sessões de 1969, “Bonita” surge em 1977 em mais uma compilação, o duplo LP Portrait Of Sinatra: Forty Songs From The Life Of A Man, mas Desafinado apenas é lançado, já em CD, em 1995 na luxuosa caixa retrospectiva The Complete Reprise Studio Recordings. No Brasil a repercussão das gravações com Sinatra foi enorme e a vontade de ter ambos os álbuns juntos era especialmente tentadora para Roberto Quartin. Depois de terminada a sua ligação à editora Forma em 1969, o produtor criou imediatamente uma outra editora de vida muito curta, a Quartin. Dos apenas quatro títulos editados, o álbum de Victor Assis Brasil, Toca Antonio Carlos Jobim, é inteiramente dedicado a composições de Tom Jobim. Com acesso privilegiado aos arquivos de Sinatra na Reprise, em 1978/1979, Quartin faz a curadoria de uma série de compilações para a Reprise/WEA brasileira, e que incluem algum material nunca lançado até então. São editados os álbuns I Sing The Songs (34.016), Collector’s Edition (34.020), a caixa tripla Lonely At The Top (34.021/022/023), o duplo Sinatra-Jobim Sessions ‎(34.024/025) e ainda outra caixa tripla, The Jazz Sides (34.027/028/029). O destaque é obviamente para o duplo álbum que junta as duas sessões de colaboração entre Jobim e Sinatra (com excepção do até à data tema inédito, “Desafinado”). Cada disco do duplo álbum é encerrado com um tema apenas de Sinatra (complementares em termos temáticos e gravados no mesmo período). Curiosamente o disco tem uma mistura feita pelo próprio Roberto Quartin e inclui um pequeno fragmento de conversa de estúdio no arranque de “One Note Samba”. Mas será preciso esperar mais 30 anos para que finalmente surja, em 2010, o CD Sinatra/Jobim: The Complete Reprise Recordings que cumpre o sonho de Roberto Quartin de juntar os dois álbuns completos num mesmo lugar. Mas a história não termina aqui. Em 2017 é lançada a edição comemorativa do 50.º aniversário de Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim onde se incluem duas faixas-bónus. A primeira é um medley (“Change Partners” / “I Concentrate On You” / “The Girl From Ipanema”), gravado no terceiro especial de TV de Frank Sinatra A Man & His Music (transmitido em novembro de 1967). Apesar de ter sido feito na época um test pressing com as gravações deste especial, o disco nunca foi lançado. A segunda faixa bónus traz-nos mais de 11 minutos das geniais sessões de gravação para “The Girl From Ipanema”. Em 2020, uma editora russa de discos piratas aproveita para lançar para o mercado uma versão em vinil do álbum de 1969, Sinatra/Jobim. Uma edição a evitar a todo o custo, o áudio foi vertido do CD de 2010 e a arte gráfica apresenta uma versão truncada da proposta original (Sinatra desenquadrado e com as pernas cortadas na capa e uma imagem de 1967 para a contracapa).


Sinatra em pose nos estúdios da Warner Brothers e a capa do LP cancelado, Sinatra/Jobim (1969). Anúncio na imprensa brasileira para Sinatra & Company (1971).

Por fim, apesar do biénio de 1971/1972 ter sido realmente um ano de suspensão nas carreiras discográficas tanto de Frank Sinatra como de Tom Jobim, não foi um período de silêncio. Em 1971 Jobim dedicou-se à composição de música para dois filmes, Crônica da Casa Assassinada e Tempo do Mar. E em 1972 compôs um dos seus temas mais brilhantes e reconhecíveis, “Águas de Março”. O tema surge desgarrado numa primeira gravação lançada na efémera publicação Disco de Bolso em Maio de 1972 (o único tema lançado para o mercado em dois anos). Mas o ano vai terminar com um regresso aos Estados Unidos para a gravação do seu próximo disco de carreira, a obra-prima Matita Perê. Sinatra, por seu lado, só regressa às gravações em 1973 com Old Blue Eyes is Back. Com a excepção do ambicioso triplo álbum Trilogy de 1980, não mais voltará a correr riscos e irá gerir a sua carreira com infinitas apresentações ao vivo em todo o mundo. Nestes dois anos, Eumir Deodato continua essencialmente ligado à CTI nos Estados Unidos, regressando ao Brasil em meados de 1972 para editar dois discos: Os Catedráticos 73 e Percepção. Em Setembro já está de regresso aos estúdios de Van Gelder em Nova Iorque para gravar o seu primeiro disco em nome individual. O álbum Prelude abre com a sua adaptação, de travo “espacial”, de “Also Sprach Zarathustra” de Richard Strauss.


Finalmente, as 20 canções editadas (antologia The Complete Reprise Studio Recordings, 1995). E as duas sessões juntas em vinil (incompletas em 1979) e em CD (completas em 2010).

Jobim / Sinatra / Deodato na CTI
Gravações escolhidas 1969-1971

Fontes principais: Neglected Books – What to Make of Rod McKuen? / Jazz Station – Arnaldo DeSouteiro / Red Bull Music Academy – Eumir Deodato / Mauro Ferreira G1 – Quarteto 004 / Doug Payne – CTI / O Som do Vinil – Charles Gavin entrevista Paulo Jobim / Acervo Tom Jobim / Sessions with Sinatra: Frank Sinatra and the Art of Recording – Charles L. Granata, 2003 / Songbook Tom Jobim  –Almir Chediak, 1990 / Antonio Carlos Jobim: Um Homem Iluminado – Helena Jobim, 2000 / Antonio Carlos Jobim: Uma biografia – Sérgio Cabral, 2008 / His Way: The Unauthorized Biography of Frank Sinatra – Kitty Kelley, 1986 / The Color of Jazz Hardcover – Pete Turner, 2006 / Coleção Bravo! 50 Anos de Bossa Nova: Tom Jobim – Cidadão do Mundo / Discogs / Wikipedia / Rod McKuen – The Guardian / Arquivo das publicações: “Jornal do Brasil”, “Manchete”, “Diário de Notícias”, “O Jornal”, “O Pasquim”, “Tribuna de Imprensa” e “Correio da Manhã”.

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