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Fotografia: Inês Condeço
Publicado a: 20/02/2019

No estúdio com Yung Lean

Fotografia: Inês Condeço
Publicado a: 20/02/2019

No dia 8 de Fevereiro, um telefonema à hora de jantar anunciava uma notícia inesperada: Yung Lean estava no estúdio de gravação Namouche, em Lisboa, a trabalhar em novo material. E sim, sabemos que não é a Madonna, mas a curiosidade apareceu na mesma: o que é que teria levado o artista sueco a mudar-se durante alguns dias para Portugal?

Apesar de não conceder entrevista, Jonatan Aron Leandoer Håstad deixou em aberto a possibilidade de se enviar um fotógrafo para captar o que se passava. Passado uma semana, nova chamada: estava na hora de ir tirar alguns retratos…

A partir da Escandinávia, e ainda na adolescência, Yung Lean fez algo complicado: tornou-se uma estrela à escala planetária com uma sonoridade inconfundível aliada a uma estética visual que também destoava. Quando contava apenas 17 primaveras, Frank Ocean convidou-o a juntar-se a ele em Londres. A sua contribuição para “Godspeed”, faixa que faz parte do alinhamento de Blonde, aconteceu a partir dessas sessões. Em 2014, o autor de Unknown Death 2002 já era um fenómeno de popularidade nos Estados Unidos da América por culpa de canções como “Ginseng Strip 2002” ou “Kyoto”. Nessa altura, “SoundCloud rap”, “sad boys” e “cloud rap” começaram a ser termos mais frequentes no léxico hip hop — em 2019, a música pop também já os abraçou/engoliu.

Publicações de renome como The New York Times, FADER, Pitchfork e The New Yorkeracompanharam os primeiros (e os mais recentes também) passos de um nome em ascensão que rapidamente caiu numa espiral negativa — o uso excessivo de Xanax, lean e cocaína culminaram numa passagem (sobre a qual se sabe pouco) por um hospital psiquiátrico em Miami.

Depois disso, o regresso à Suécia e os lançamentos de Warlord, Frost God, Stranger — o seu álbum mais bem-conseguido — e Poison Ivy deram a entender que a sua psique estava mais equilibrada. Também se revelou multifacetado noutros projectos que fugiam do rap: lançado em Janeiro deste ano, Nectar recuperou uma das facetas menos conhecidas de Håstad — e os nomes de Bob Dylan, Beck e King Krule vieram à baila…

Altura de voltarmos a Portugal.

“O que eles fizeram basicamente foi trabalho de produção que vão continuar agora na Suécia. Tinha dois espaços a trabalhar para eles lá em baixo. Era ele e mais dois produtores. Basicamente estava um na sala de captação, a gente montou-lhe um setup com aquelas colunas grandes e os sintetizadores que tenho cá. O gajo estava lá dentro a fazer beats. O puto gravava umas vozes aqui dentro, outras lá fora, andava ali a saltar de um lado para o outro”, explicou Joaquim Monte, director do Namouche, em conversa com o Rimas e Batidas.

E também deixou pistas sobre o dia-a-dia da crew: “Eles estavam a fazer uma vida tranquila, habituaram-se a Lisboa e gostaram muito. Iam jogar bilhar à noite. Eles estavam felizes por estarem cá. No início estranharam por causa da luz, do sol e disso tudo, mas depois habituaram-se e estavam todos satisfeitos.”

Monte, que participou em trabalhos de Mão Morta, Bizarra Locomotiva e Moonspell e gravou artistas como Orelha Negra, Cais Sodré Funk Connection, Rodrigo Amado, Bernardo Sassetti, Jorge Palma ou Sei Miguel, ficou rendido ao sueco: “Fartei-me de conversar [com ele] sobre outras coisas, fora da música. É um puto muito interessante com uma cabeça muita gira. E faz umas coisas giras também.”

De 4 a 15 de Fevereiro, com um workflow de cerca 8 horas por dia, Yung Lean e os produtores Whitearmor e Yung Sherman estiveram focados em criar material que poderá muito bem ser a base para o sucessor de Poison Ivy. Bernardo Centeno, o técnico de som que os ajudou a montar o setup para produzirem beats, e que gravou a voz do Yung Lean, desvendou que o trio tinha um “processo de trabalho muito bem estabelecido”.

A eles também se juntou (apenas na primeira semana) Jack Donoghue, artista de Chicago que fez parte da banda Salem e que, em 2013, marcou presença nos créditos de Yeezus, álbum de Kanye West, mais concretamente em “Black Skinhead“.

A ligação entre o estúdio e o “rapaz triste” fez-se através de Pedro Gomes, fundador da promotora Filho Único que, numa troca de mensagens, revelou ter uma relação muito boa com o manager de Lean e companhia há muitos anos.

Enquanto esperamos pelo resultado da sua estadia em Portugal, fiquem com a sessão fotográfica no Namouche:


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