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Fotografia: Ana Viotti
Publicado a: 12/06/2025

Em contagem decrescente para o primeiro álbum, Sudden Light.

MXGPU: “A experiência de tocar no meio do público contribuiu muito para o nosso tempo em estúdio ser mais produtivo”

Fotografia: Ana Viotti
Publicado a: 12/06/2025

Chegou ontem o videoclipe para “take me home”, o terceiro tema de antecipação do aguardado álbum de estreia de MXGPU.

Formada por Moullinex e GPU Panic, a dupla começou a sua vida nos palcos, registando à data de hoje mais de uma centena de espectáculos imersivos de 360° em que montam a sua estação de trabalho no meio da plateia. Com toda essa rodagem live, não foi difícil para que MXGPU esculpissem o álbum de estreia Sudden Light quando sentiram chegar a altura certa para avançar com a imortalização de algum do seu repertório em disco. O lançamento do LP está marcado para o dia 26 de Setembro pela Discotexas.

Depois de “ease” e “the fall”, “take me home” chegou-nos no final do passado mês e Maio, mas o single vê-se agora reforçado com um tratamento visual para o YouTube que recupera um excerto da Ocupação que os MXGPU fizeram no RTP Palco. A peça reflecte o modo como o par se costuma apresentar ao vivo no meio do seu público, que permite aos dois “maquinistas” medir de forma mais directa a pulsação que enviam para a pista de dança.

Com raízes na música electrónica, estética futurista e arte performativa, o projecto MXGPU constrói pontes entre o humano e o digital, com influências que vão de Suzanne Ciani aos videojogos retro. Em Sudden Light, Moullinex e GPU Panic prometem não só um álbum de estreia, mas uma afirmação de identidade sonora, visual e emocional. De modo a anteciparmos os seus próximos passos, enviámos algumas perguntas aos dois artistas, que tal como na música que criam respondem a uma só voz.



A rota mais normal para um projecto artístico é partir do estúdio para um palco. Vocês fizeram as coisas ao contrário: olearam a máquina ao longo de inúmeras actuações antes de decidirem dar o passo para um primeiro álbum. Em que momento da vida desta dupla surgiu essa vontade?

É verdade que começámos logo por transformar ao vivo a música que tínhamos feito até então. O desafio de irmos para a estrada neste formato levou-nos a adaptar e trazer músicas que não estávamos a tocar ao vivo para o novo espectáculo. Ao mesmo tempo, esta experiência tão única de tocar no meio de público contribuiu muito para o nosso tempo em estúdio ser cada vez mais produtivo. Por virtude da recepção que tivemos imediatamente do público, foi natural querermos fazer mais música e pensar como tornar ainda mais especial este espectáculo 360º.  De estarmos diariamente a trabalhar o concerto e a gravar música nova até termos mais de 100 músicas pareceu um instante. A certa altura, a olhar para toda a música que tínhamos feito e a ouvir músicas como a “the fall” e a “take me home”, percebemos que havia algo novo nosso nas mãos que era maior que a soma das partes. Assim nasce MXGPU e a vontade de contar uma história maior, com um álbum.

E de que forma é que essa vasta experiência em contexto live influenciou aquilo que vai ser o disco? Ou sentem que ele saía exactamente igual se o tivessem criado antes de acumular tantas actuações em conjunto?

O disco e os concertos são experiências diferentes, que acabam por influenciar-se mutuamente. Sem dúvida que o disco vive dos mais de cem concertos que temos feito ao vivo nestes últimos 2 anos. Sendo a nossa base a música de dança, no estúdio gostamos de explorar os territórios adjacentes, sendo estes mais canções ou mais experimentalismo. Crescemos ambos a ouvir discos, e por isso fazia sentido que o nosso primeiro capítulo fosse um álbum. Sempre com a âncora da pista, que acaba por ser o nosso ADN mais evidente.

Anunciaram recentemente o título e a data de edição dessa obra. Querem explicar-nos o porquê de terem escolhido chamar-lhe de Sudden Light? Existiu algum conceito ou história por detrás disso?

Achamos que este título representa perfeitamente o nosso projecto, a nossa música e espectáculos ao vivo. Estão implícitos um estado transitório (do escuro para o claro), uma mudança brusca, e a ideia de pôr em evidência aquilo que outrora estaria mais escondido. Aí vemos um paralelo com a nossa relação criativa. Nós já cá estávamos antes de MXGPU, mas há algo diferente no ar. A luz e sombra são também parte de um universo que exploramos conceptualmente (não fossem os temas “Luz”, “Fogo”, “Towards the Sun”, etc.), pela sua riqueza metafórica e simbólica (a luz e a sombra de Karl Jung, por exemplo), e também por gostarmos de subverter muito do vocabulário mais “obscuro” do clubbing. Por último, “sudden light” é uma referência directa ao primeiro momento dos nossos espectáculos, em que o feixe de luz vertical se acende e sentimos o ambiente da sala a mudar. Por vezes é até possível ouvir o espanto, em uníssono, do público.

Achei curioso não terem lançado nenhum videoclipe relativamente a este novo capítulo de MXGPU até este “take me home”, dado que costumam ter uma identidade visual bastante forte e no ano passado até editaram o muito aplaudido e cinemático “Towards The Sun”. Estão a guardar esses trunfos lá mais para o final da jornada?

Embora não tenhamos feito mais videoclipes ainda, não descurámos a presença visual: desenvolvemos com o Royal Studio uma identidade de raiz para o projecto, que nesta fase preliminar é muito conceptual, simbólica e abstracta, embora já se manifeste em coisas muito tangíveis, desde as capas à coleção de roupa e houseware que estamos a desenvolver com artesãos locais. Quanto aos vídeos, estamos, com a nossa equipa, a braços com o maior desafio técnico e artístico em que já trabalhámos. Será sem dúvida muito forte visualmente e brevemente vamos poder partilhar mais sobre isso. 

Sei que continuam com uma agenda muito ocupada em termos de espectáculos, mas creio que ainda não anunciaram uma data de apresentação oficial do álbum ao vivo. Há planos para um evento mais simbólico em torno desta tão esperada edição?

Estamos a preparar algo muito especial com a família alargada da Discotexas, para Setembro, em Lisboa. 

Em Outubro estreiam-se nos Estados Unidos da América com um par de espectáculos. Dados os limites normalmente associados à expansão de projectos musicais portugueses para outros territórios, o que significa para vocês conseguirem levar MXGPU até àquelas paragens? E quantas vezes tiveram de se beliscar depois de saberem que o vosso nome vai fazer parte da história do The Roxy Theater, ao lado de gente como o Bob Marley ou o Bruce Springsteen?

Acreditamos que a nossa música não tem limites geográficos e o Sudden Light vai percorrer o mundo, tal como o espectáculo já tem feito. É a nossa ambição e é para isso que estamos a trabalhar todos os dias. Tocar em salas icónicas como o The Roxy Theater é sem dúvida único, podermos fazê-lo no meio do público torna tudo ainda mais especial, e tanto a CAA, a nossa agência, como os promotores, têm invariavelmente reconhecido a magia deste formato. Temos tido o privilégio de tocar cada vez em mais salas e o que temos recebido do público é uma clara demonstração de que a nossa música é muito bem recebida em todo o lado. É um privilégio.


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