Um perfil na revista i-D confirmou as nossas suspeitas: “Cellophane”, o single com que FKA twigs regressou, em Abril, é o prólogo de um novo álbum. A editar pela Young Turks no Outono, Magdalene é o sucessor de LP1 e tem co-produção do chileno-americano Nicolas Jaar— e uma colaboração com Future.
As sessões em estúdio começaram em 2016, entre Londres, Nova Iorque e Los Angeles, a partir de um estado de espírito “triste”: “Não estava a comunicar com os meus amigos ou a minha família. Simplesmente tranquei-me”, conta ao jornalista Frankie Dunn. Diz-se “mais independente agora”, “com menos tolerância para o que não me serve”, em comparação com o primeiro disco, em que estava ainda “verde”.
“Sensível, com muita energia feminina”, twigs encontra em Magdalene uma ponte sonora entre a fragilidade que a caracterizou na recuperação de seis tumores fibróides e uma “resistência” que o seu “trabalho nunca teve antes”. Vários temas já estão confirmados: “1000 Eyes”, um acapella envolto em estática, o “neurótico” “Sad Day” (com influência de Kate Bush), o emotivo “Home With You” e o reflexivo “Daybed”. Em “Holy Terrain”, canção sensual de trap, Future é o convidado especial, com quem Twigs contactou casualmente por telefone: “[o verso] fala das suas derrotas enquanto homem; de como ele está arrependido e à procura de se curar. Adoro o Future triste. Adoro quando ele fica emo e se expressa.”
O disco partilha o título com uma série de concertos de coreografia exigente que a cantora inglesa deu neste Verão, notados pela The Fader como uma introdução de inspiração “bíblica”. É esse o motivo central: twigs traçou um paralelo entre a sua história e a de Maria Madalena, pela aparente necessidade “de estar associada a um homem para se ser ‘validada’”. “Senti-me assim, por vezes”, diz à i-D. “Foi então que comecei a ler sobre a Maria Madalena e o quão fantástica ela era; como ela foi provavelmente a melhor amiga, a confidente de Jesus. Ela era uma herborista e uma curandeira, mas, como sabes, a história dela é retirada da bíblia e ela era uma ‘prostituta’. Encontrei muito poder na história [dela]; muita dignidade, graça, inspiração.”
“Cellophane” é, para já, a única faixa conhecida, lançada em Abril com um vídeo assinado por Andrew Thomas Huang.