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Publicado a: 29/06/2018

Left Hand Path: M.A.F. e Dead End querem “estimular pensamento divergente”

Publicado a: 29/06/2018

[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] Direitos Reservados

Aos pares sabe melhor: M.A.F. e Dead End editaram o primeiro EP em conjunto, não por uma mas por duas editoras diferentes dos Estados Unidos da América. Left Hand Path saiu através da Prime e da Below The Surface.

M.A.F. ainda não tinha lançado um projecto em 2018, ele que nos tem servido vários temas soltos, alguns deles editados por net labels estabelecidas além-fronteiras, ou colaborações com Maria, Agmook ou TROPHY. Dead End arrancou este ano com o lançamento do EP Cobweb pela Moriko Masumi, de Ghost Wavvves, e assinou faixas em nome próprio, uma delas editada pela SATURATE. Não é a primeira vez que trabalham juntos: os dois produtores colaboraram em “Don’t Overthink” do The Brutus EP, projecto carimbado pela The Dumb Factory.

O trabalho em parceria tem dado frutos e há mais música de M.A.F. e Dead End a caminho. Para já, foquemo-nos no fresquíssimo Left Hand Path, um EP que os levou a riscar da lista duas editoras que admiram. Os dois produtores mergulharam no segredos mais bem guardados do ocultismo e das religiões ocidentais, com muitos livros e filmes obscuros à mistura.

 



Falem-me deste EP. Sei que já colaboram juntos há algum tempo e admiram a arte um do outro. Como é que isto tudo começou?

[M.A.F.] Começou, curiosamente, com aquela beat tape de Halloween que lancei pelo Rimas e Batidas. Depois de a ter lançado, o Dead End veio falar comigo a dizer que tinha curtido a cena e a perguntar-me se queria fazer uma malha com ele, o que foi perfeito, porque eu já estava para o convidar desde que ele lançou o Doobies Vol.1, também pelo ReB. Por vergonha ou falta de timing ainda não o tinha feito. Então eu enviei-lhe logo um esboço da malha que já tinha feito a pensar nele e ele, passado um dia, devolveu-me a malha completa. Era notório que os nossos estilos e timings a trabalhar encaixavam mesmo bem e, em vez de uma malha, decidimos fazer várias.

[Dead End] Posso-te dizer que, quando ouvi a beat tape do M.A.F., pensei logo nesse momento, que a nossa produção musical facilmente se complementava. Falei com ele e as coisas aconteceram de forma natural, porque existiu logo uma simbiose entre estilos e visão musical, o que muitas vezes é difícil encontrar com outros produtores tão facilmente.

Expliquem-me a ideia deste título: Left Hand Path.

[M.A.F.] Left Hand Path é um termo usado no esoterismo ocidental. Não somos nenhuns magos do oculto. [risos] Mas acho que gostamos os dois desta estética mais sombria e inquietante. Aqui é usado em oposição ao “right hand path”, no sentido de estimular pensamento divergente, contra a norma e o establishment. É quase um manifesto de liberdade artística, por assim dizer. Essa “quebra da norma” acho que está bem presente na abordagem que fizemos nas músicas.

Como é que se processou abordagem aos temas? Seguiram algum conceito em especial ou cada faixa foi uma faixa e pode até ter começado de forma completamente diferente da anterior?

[M.A.F.] Fizemos as coisas de forma muito fluída e ritmada, quase como num ritual. Mas na verdade não houve muito tempo para pensar. Eu enviava uma ideia ao Dead End e vice-versa e fomos completando a linguagem um do outro. No final ficámos com uma narrativa bastante coerente, pelo que fez sentido compilar as malhas num EP. Inconscientemente, criámos uma narrativa mais sombria e obscura no nosso som, que posteriormente completámos com títulos ligados, de uma forma ou de outra, ao tal Left Hand Path. Podem passar por referencias mitológicas ou do oculto e ate mesmo da literatura e do cinema.

[Dead End] Nós seguimos sempre a mesma fórmula em termos de ritmo de trabalho para todas as faixas, até porque foi uma conexão tão intuitiva e rápida que acabámos por criar o nosso próprio estilo enquanto dupla, sem pensar muito nisso. Penso que, acima de tudo, é um projecto com uma abordagem experimental e diferente do que apresentámos a solo e que reflecte a nossa visão enquanto artistas, de uma forma muito genuína, única e coerente. Por todas estas razões, podem esperar mais música nossa no futuro com toda a certeza.

Como chegaram às mãos da Prime e da Below The Surface?

[M.A.F.] A label que eu tinha idealizado para o lançamento era a Below The Surface. Tem um roster de artistas que eu admiro e sei que o Dead End também. O DJ Ride já editou por eles. Mas entretanto eles não responderam e a Prime, que era também um objectivo pessoal, pegou no EP. Eles organizaram um grande evento nos EUA — o Holly fez parte do cartaz. O engraçado é que, passado uns meses, o NiK, que é o A&R da label, disse que a Below The Surface também estava interessada em nós e que iria ser uma release conjunta. Foi o melhor dos dois mundos. Em vez de uma label que admiramos, acabámos por ter as duas.

 


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