[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] Direitos Reservados
Está encontrada a banda sonora oficial para o Halloween do Rimas e Batidas. M.A.F. é o produtor de serviço na beat tape mais assustadora que vão encontrar durante o dia de hoje.
Pedro Correia foi um dos alunos que se destacou na primeira edição do curso de hip hop promovido pelo Rimas e Batidas. A sua maturidade por detrás das máquinas demonstra um sentido apurado para a composição dos temas, jogando na perfeição com o factor criativo com o qual aborda as suas construções, seja no trap ou na bass music. M.A.F. não tem medo de abraçar o lado mais digital e electrónico dos espectros do hip hop e o resultado faz-nos encarar este talento nacional enquanto um dos mais promissores produtores a entrar, a pouco e pouco, em cena.
Desde a sua apresentação oficial na nossa plataforma, em que brindou os nossos leitores com uma mix exclusiva, M.A.F. tem dado pequenos passos de gigante. Basta olhar para o seu cantinho reservado no SoundCloud para percebermos o bom momento de forma que atravessa. WASH EP foi o seu projecto de estreia, que até já viu nascer um sucessor: Wish List foi editado pela Certified Bass Records e esteve em destaque no Beatport ao alcançar o top 50 na categoria de projectos de hip hop. Os singles são já quase uma rotina e são várias as labels e promotoras além fronteiras que já associam as produções de Pedro Correia aos seus catálogos. De um quarto em Portugal para o mundo inteiro, a contribuir com requinte para a dieta dos beat junkies espalhados à volta do globo. Bem vindos à Internet, amigos.
Novamente em destaque no ReB, é agora com uma beat tape de 9 temas originais que celebra connosco as festividades do Halloween. Aproveitámos o momento para voltar a conversar com M.A.F., agora que as edições fazem parte do seu dia-a-dia e o seu nome vai circulando um pouco por todo o lado dentro do planeta Terra.
Doçura ou travessura? Err. Perdão. Bass ou trap? É checkar a sua página e escolher.
O que te levou a explorar as sonoridades que remetem para época “assustadora” do Halloween?
Sempre tive um fascínio pela temática. Sou coleccionador de filmes de terror antigos e séries. Cenas da Hammer ou os filmes da Universal. Ou mesmo obras literária de ficção científica e fantástico. Achei que seria interessante pegar nessas influências e criar beats que remetessem para essas temáticas. Gosto de explorar sons e samples de forma diferente do habitual. Como beat maker, Noisia, Tsudura ou Drevm são grandes influências para mim e achei que esta altura era a ideal para me inspirar em sonoridades mais obscuras.
Editaste o teu projecto de estreia desde a última conversa com o ReB. Como correu a experiência de criar WASH EP?
Sim, aliás já editei entretanto o segundo, que conta com menos faixas. O Wash foi uma experiência única. “Lavei” os preconceitos que tinha em relação à produção e tentei quebrar todas as regras. Tive a oportunidade de colaborar com uma pessoa que eu admiro muito a nível pessoal e musical. O Holly, na faixa “Seconds to Midnight”. O EP aproximou-me também de um grupo criativo na outra parte do mundo (Nova Zelândia): a Beatdown Bass na qual tenho feito lançamentos e remixes regularmente. Em relação ao meu EP Wish List, foi uma experiência muito gratificante. Saiu pela inglesa Certified Bass Records e durante duas semanas foi um exclusivo no Beatport, onde chegou a estar no número 42 na categoria hip hop.
Ia agora até essa tua aventura “fora” de Portugal: como é veres a tua música atravessar oceanos sem sair, fisicamente, daqui?
A melhor satisfação é perceber que a tua música importa para alguém. Sendo em casa ou longe. O melhor elogio é alguém “perder” uns minutos do dia para escutar. Principalmente nesta altura onde tudo é volátil e rápido.
Foi algo que partiu inteiramente de ti ou também já recebes contactos de labels/promotoras a querer editar a tua musica?
No início procurei e ainda procuro e envio música para todo o lado onde acho que possa ser relevante. As respostas foram aparecendo. Comecei a ser contactado para releases e cyphers. Quando fui seleccionado para participar numa cypher da Team Supreme, o volume 144 que era em colaboração com a The Courteous Family, muita gente curtiu o meu beat nesse volume e acabaram por surgir algumas propostas. Mas todos os dias envio e procuro mais sítios onde expor a minha música. É algo que me motiva muito.
Tens alguma meta especifica que te mova a curto-prazo?
Move-me acordar e saber que nesse dia vou poder fazer música. Gostava de ter a minha música em algumas labels que admiro muito, vou continuar a trabalhar para isso acontecer. Isso e fechar uma tour na nova Zelândia para estar juntos de pessoas que me têm apoiado numa base diária. Ainda tenho muito para aprender.
E a nível de projectos: andas a preparar alguma coisa nova?
Sim. Tenho algumas faixas a sair nos próximos tempos. Inclusive trabalhos com um rapper inglês e uma cena em Português com uma rapper: a Russa. É uma miúda carregada de vontade e talento com a qual me identifico. Espero em breve também editar uma beat tape muito especial para mim por uma editora que tem um trabalho que considero especial. Em breve será revelado.