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Publicado a: 08/02/2018

Dead End sobre Cobweb: “Este projecto acaba por ser o resultado da minha evolução enquanto artista”

Publicado a: 08/02/2018

[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO/ARTWORK] Wilson Pereira

Dead End assinou o segundo lançamento da recém-criada Moriko Masumi. A label criada por Ghost Wavvves acolheu Cobweb, o primeiro projecto do produtor em 2018.

Já não é nenhuma novidade que Portugal cada vez mais se enquadra nos standards que a música global exige. Na verdade, até começa a ser visível que alguns dos nossos artistas conseguem participar no mesmo campeonato daqueles que jogam constantemente em casa — Daedelus, Flying Lotus ou casos mais recentes como Tsuruda e Mike Gao já não estão a anos-luz das melhores colheitas lusitanas, por mais perto que estejam do fervilhante som de Los Angeles. Por cá, temos Holly, Razat ou Dead End a ditar também as suas próprias tendências, mentes brilhantes da modelagem sónica, que começam também a recolher cada vez mais créditos fora de portas.

Cobweb é mais um lançamento de peso no currículo daquele que é um dos nomes mais bem guardados na beat scene portuguesa. Os números que a sua montra digital exibe não são ainda motivo de um estudo aprofundado, mas as suas criações dizem-nos precisamente o contrário — não é por acaso que Dead End está neste momento no radar de gente com maior protagonismo na indústria. DJ Glue convidou-o para rockar num dos palcos da edição deste ano no NOS Alive e, nos planos de Dead End, há ainda um projecto agendado para este primeiro semestre a meias com M.A.F.: “Será o nosso primeira grande release a nível internacional,” relevou ao ReB.

Neste que é o segundo projecto a aterrar no catálogo da Moriko Masumi, criada no arranque do ano por Ghost Wavves, podem encontrar quatro belas demonstrações de como também as ondas sonoras podem ser esculpidas e limadas até ao limiar da perfeição.

 



Já percebi que é o Ghost Wavvves quem está no comando da Moriko Masumi, certamente que teremos oportunidade de falar com ele sobre este projecto. Enquanto colaborador, como descreverias o conceito por detrás da label?

Penso que é um projecto inovador que pretende dar uma maior exposição a artistas que, além de não terem muita divulgação, são donos de sonoridades mais experimentais e orientadas para nichos de admiradores. Por isso mesmo têm mais dificuldade em expor a sua arte a um público mais vasto. A label criada pelo Ghost Wavvves vem ajudar nesse caminho.

Como surgiu o convite para ingressares na Moriko Masumi? Tinhas o EP feito na altura ou foi algo que produziste já a pensar no catálogo deste novo selo?

O convite foi feito pelo Ghost Wavvves. É um artista que eu admiro e que conheço pessoalmente há já bastante tempo. Ele falou-me deste projecto e perguntou-me se tinha uma faixa ou um EP que quisesse fazer para ser lançado na label. Tinha duas faixas já acabadas e produzi mais duas que seguissem a mesma linha, mas alargassem o espectro musical e dessem consistência ao trabalho. Ele gostou da vibe e lançámos o Cobweb.

Do formato físico para o Soundcloud, de J Dilla até Tsuruda, de Los Angeles para o mundo inteiro. Vês este Cobweb como consequência directa de uma — cada vez mais — fervilhante beat scene?

Sem dúvida nenhuma. Há cada vez mais artistas e público interessado na beat scene, a qualidade tem-se reflectido e tem subido cada vez mais. Penso que sobretudo existe uma maior consciencialização em geral de que um beatmaker é mais do que apenas uma muleta para outros artistas e que pode também ter espaço para criar música em nome próprio. Sem dúvida que esse facto abre portas e dá exposição a uma maior quantidade de beatmakers de qualidade, que exploram sonoridades diferentes e electrónicas dentro dos beats que eu adoro e que, até certo ponto, influenciam a música que produzo, como Tsuruda, Mr. Carmack, Woolymammoth, Flying Lotus e por aí fora.

Esse historial ensinou-nos que também na música “nada se perde, tudo se transforma”. Fazes proveito dessa máxima nos teus temas, mostrando que não há limites para a imaginação ir “sacar” sons de samples que, à partida, poderiam até parecer inúteis. Seguiste alguma linha de pensamento específica para produzir este trabalho?

Este projecto acaba por ser o resultado da minha evolução enquanto artista e que vem de um trabalho intensivo de procura de samples e aprimoração de técnicas de sound design. Aprendi que consigo transformar qualquer som num instrumento musical e consegui isso através de muita experimentação e exploração. Procuro sempre deixar a minha imaginação livre de constrangimentos de qualquer tipo, o que ajuda a fluir a criatividade e a explorar um mundo infinito de opções de som, que vão moldando a minha sonoridade e que reflectem a minha visão enquanto artista.

Posto isto, já deste oficialmente as boas vindas a 2018, no que a edições diz respeito. Será um ano que te vai levar a outras paragens, até porque já tens data marcada na edição deste ano do NOS Alive. O que prevês para 2018? Tens já algum plano delineado também a nível de novos projectos?

Sim, já tenho mais 2 EPs terminados e previstos para a primeira metade do ano. Um deles irá ser lançado numa outra label portuguesa e o outro, que foi feito a meias com o M.A.F., será lançado numa label dos Estados Unidos e será o nosso primeiro grande release a nível internacional. Irei estar presente no NOS Alive a convite do DJ Glue, o que para mim é uma honra e uma oportunidade única de poder mostrar a minha música. De resto, é continuar a produzir faixas atrás de faixas e ir lançando. Tenho também o objectivo de poder tocar mais ao vivo e poder mostrar o que consigo fazer a cada vez mais gente.

 


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