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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 30/07/2015

Casa das Máquinas I: Linn LM-1

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 30/07/2015

Casa das Máquinas tem como principal finalidade viajar pelo mundo das máquinas que desempenharam e desempenham um papel fundamental dentro e fora do universo hip hop – sendo este um estilo que vai beber às mais variadas fontes, seria ilógico desenhar barreiras nos episódios aqui publicados.

Por aqui passarão novidades relativamente a todo o tipo de maquinaria, desde sintetizadores, caixas de ritmos, samplers a equipamento de estúdio, gadgets e outros objetos capazes de transformar o mais sociável produtor no mais isolado ermita. Haverá espaço para notícias, reviews (sempre que possível), entrevistas e qualquer outra manifestação jornalística que sirva de mais valia à seção.

Mas antes de tudo, uma viagem ao passado…

 

[NO INÍCIO ERA O VERBO… A A LINN LM-1]

Não se pode dizer que a Linn LM-1 tenha sido a primeira caixa de ritmos programável da história da música – o momento zero desta cronologia pertence à PAiA Programmable Drum, lançada em 1975, responsável pelo surgimento de canções como “Games Without Frontiers”, de Peter Gabriel. A Linn LM-1, tornada pública em 1980, foi, isso sim, a primeira caixa de ritmos a integrar samples digitais de baterias reais. Apesar da ideia inicial ter partido de Steve Porcaro, dos Toto, a sua criação e desenvolvimento está creditada a Roger Linn, um guitarrista profissional que sentiu necessidade de construir um computador que conseguisse tocar sequências rítmicas programadas pelo utilizador, bem como encadeá-las de forma a construir uma música. Para tal, procurou dominar linguagens de programação como Assembly e BASIC.

 


https://www.youtube.com/watch?v=O4o8TeqKhgY

 


Até aos anos 80, as primeiras máquinas de ritmo não faziam mais do que sintetizar sons de bateria a partir de osciladores de ruído branco e ondas sinusoidais. A LM-1 veio revolucionar o mundo da música com o recurso a samples de baterias reais – o princípio passava por ter um chip incorporado que transformava os samples digitais em áudio analógico. Algo básico nos dias de hoje, mas que, na altura, foi um verdadeiro grito da tecnologia. Aliás, o seu slogan, “REAL DRUMS AT YOUR FINGERTIPS”, que surgiu em grande nos panfletos publicitários ou páginas de jornais não deixava margens para dúvidas: já era possível formar uma banda sem a dependência vital de um baterista. Um pensamento que deixou, na altura, os homens das baquetas à beira de um ataque de nervos.

Criada como um aparelho de elite (mais tarde viria a Linndrum, já acessível aos bolsos menos abastados), a Linn LM-1 incluia 12 samples a 8-bit e 28khz: bombo, tarola, prato de choque, cabasa, tamborim, dois timbalões, duas congas, cowbell, claves e palmas. Roger Linn não se recorda ao certo qual ou quais os músicos que participaram nas gravações em estúdio dos excertos que deram origem aos samples presentes na memória da máquina, mas aponta o próprio irmão de Steve Porcaro, Jeff (também ele dos Toto e o baterista de sessão da Motown) e James Gadson como possíveis cúmplices da missão. A Linn LM-1 possuía também um banco de faders com 13 canais que funcionava como mesa de mistura (um para cada peça da bateria e uma décimo terceiro para o metrónome), saídas independentes para todos os instrumentos, para permitir o utilizador tratar e timbrar cada peça individualmente (uma verdadeira vitória para os técnicos de som da altura). Porém, uma das maiores funções da Linn LM-1, que viria a tornar-se numa das grandes características dos modelos MPC da Akai, é a opção shuffle, capaz de pegar numa sequência rítmica maquinada e torná-la mais orgânica, de forma a que pareça que foi tocada pela mão humana (explicaremos, em episódios futuros, esta função ao pormenor).

Eis alguns exemplos de temas produzidos na Linn LM-1:

777-9311” (The Time, What Time is It?)

The Message” (Grandmaster Flash & The Furious Five, The Message) (em escuta acima)

It Doesn’t Matter” (The Chemical Brothers, Dig Your Own Hole)

Thriller” (Michael Jackson, Thriller)

Part-Time Lover” (Stevie Wonder, In Square Circle)

Foram feitas apenas 525 unidades da Linn LM-1. Roger Linn chegou a levar o protótipo da sua caixa de ritmos para as suas festas de negócios, o que incentivou artistas como os Fleetwood Mac, Peter Gabriel ou Stevie Wonder a fazerem pré-encomendas do produto. No início, o preço de tal brinquedo rondava a módica quantia de $4995, por isso a quantidade tão reduzida de exemplares. Mas tudo mudaria com a chegada da Linndrum…

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