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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 16/01/2020

ᴊᴀᴄᴋɪᴇ é o autor do instrumental da primeira canção de Inês Trindade.

C̶o̶r̶a̶: “Não gosto de ficar presa a estilos”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 16/01/2020

Às vezes não são precisas grandes provas para se perceber aquilo que temos à nossa frente: à primeira audição, “Porta da Frente”, o primeiro tema original de C̶o̶r̶a̶, causou essa impressão; quando ouvimos a sua remistura da versão de Peggy Lee de “Fever“, compreendemos que o espectro das suas capacidades vai muito para além daquilo que imaginámos inicialmente.

Nascida em São Paulo, no Brasil, Inês Trindade tem 19 anos, mora na Parede (Cascais) e, conforme explica, mudou-se ainda “pequena” para Portugal porque a sua família é portuguesa. O interesse pela música surgiu cedo através dos pais (que “sempre estiveram envolvidos no meio”) e o nome artístico, Cora (estilizado C̶o̶r̶a̶), veio do filme Coraline, por se “relacionar bastante com a personagem principal e as suas vivências”.

Entre a voz samplada de Valete (que fala sobre “o sucesso antes da especialização” e do dever de “perder muitas horas com a sua arte até se tornarem mestres”) e um beat a criar um ambiente recheado de dramatismo, a rapper e cantora declara que está “a tentar pôr o pé no meio, pôr tudo junto”. “Este tema é a representação da minha perspectiva do rap [de] hoje em dia, em Portugal, e o quão é difícil vingar como mulher no meio, tendo em conta [essa representação] do corpo da mulher no mainstream. Também é [a forma de] mostrar a intenção do meu percurso até agora e para o futuro.”



No campo das referências, há espaço para nomes como Etta James, Amy Winehouse, Robert Plant, Eddie Vedder, Kurt Cobain, Erykah Badu, Peggy Lee, Stevie Wonder e Zack De La Rocha, mas também Greentea Peng, Billie Eilish, Capicua, Little Simz, Slow J e Tyler, The Creator. “Num dia sou capaz de ouvir desde Chopin a Portishead, Metallica a Cypress Hill e Lauryn Hill“, confessa. “Não gosto de ficar presa a estilos. Eu sou ecléctica na música que ouço, portanto gostaria de me considerar ecléctica na música que faço”, acrescenta.

A alma na voz e o desembaraço na entrega de Inês têm, até aqui, assentado arrais em beats do seu parceiro no crime: “Eu e o meu namorado trabalhamos em conjunto. O Guilherme (ᴊᴀᴄᴋɪᴇ) toca guitarra desde sempre, é ele que trata da parte instrumental. Somos super selectivos na busca dos samples e, a partir do momento em que temos a base construída, começo a escrever a letra. Como temos um home studio fica logo tudo registado.”

Lançada no final de 2019, “Porta da Frente” serve de carta de apresentação para o que aí vem: “um EP que definitivamente não é boom bap” e de seguida “um álbum a abranger de tudo um pouco”.

Com uns primeiros apontamentos tão promissores, o nome da artista inclui-se facilmente no grupo de promessas nacionais que nos obrigam a prestar atenção aos seus próximos passos.


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