Com várias edições no último par de anos, YOUNGSTUD mostrou uma evolução constante, emergindo como um dos nomes mais promissores da nova geração.
Depois de exercícios maioritariamente solitários, o esforço em equipa – com Maria e Tayob J. ao seu lado – valeu-lhe Aversão, um EP pautado por uma maturidade acima da média e um cunho próprio cada vez mais vincado.
[MELHOR ARTISTA NACIONAL] L-ALI
“Tenho que ser honesto: eu não me relaciono com quase nada do catálogo de artistas de hip hop em Portugal e podia passar aqui o dia a explicar o porquê. Mas se há gajo que é underrated e que não falha em cada release que ouço é o L-ALI. Mestre das palavras, conciso, carismático. O homem devia ser estudado na escola.”
[MELHOR ARTISTA INTERNACIONAL] Mac Miller
“Sem um pentelho de hipocrisia, como considero que foi a nomeação póstuma para os Grammys. Atingiu a excelência com o Swimming e eu já dizia isto antes da fatalidade. Infelizmente foi o canto do cisne. Uma discografia e portefólio de side projects de génio, que não teve nunca o devido valor em vida. Perde-se um gigante.”
[MELHOR PRODUTOR NACIONAL] Maria
“Podem-me acusar de dizer isto por ter trabalhado com ele este ano, mas o nível do Maria é impressionante. Tem muita escola, muita cultura musical, muito talento nato. Obcecado com as texturas e perfeição. Mestre dos synths e dos sons electrónicos. Foi produtor-executivo do meu EP, lançou um disco fenomenal em nome próprio, fez um ano de estrada com a Monster Jinx e fecha o ano com créditos no disco do Mike El Nite. Isto em ano de ‘afirmação’, digamos. Não durmam no rapaz.”
[MELHOR PRODUTOR INTERNACIONAL] Kevin Parker
“Este homem é one of a kind. Quando vi que estava envolvido no Astroworld fiquei tipo ‘nah, o meu puto Travis sabe!’. É o cérebro dos Tame Impala, que não editaram este ano, e por isso pode ser um pouco estranha a minha escolha cair no seu nome. Estou a premiar a versatilidade e o génio, e celebrar a sinergia cada vez maior de artistas de diferentes espectros com o hip hop. Um compositor no seu todo. Destaco ainda o single que lançou com o Theophilus London, se quiserem ouvir algo fresco.”
[MELHOR FAIXA NACIONAL] “Miúda” de Holly Hood
“Fica cada vez mais difícil fazer um grande som de amor ou sobre miúdas porque parece que cai tudo sempre na mesma abordagem. Mas o Holly Hood prova o contrário e, a brincar a brincar, já é a segunda vez que o consegue fazer. Parece ‘Fácil’. Instant hit. Dar relevo também aos visuals e ao Here’s Johnny. Artista com personalidade. Pena só mesmo por ter sido o seu único release este ano.”
[MELHOR FAIXA INTERNACIONAL] “Jet Fuel” de Mac Miller
“Esta era difícil no sentido em que podia escolher qualquer música do Swimming. Não falha uma. Mas escolho esta porque foi a que rodei mais. Concordância absoluta com uma dica em que ele diz ‘you don’t even know I’m the goat’. True that. Liricismo, coerência, musicalidade, ‘peixe dentro de água’. Ainda bem que o nosso amigo tem um espólio de unreleased tracks.”
[MELHOR DISCO NACIONAL] LISTA DE REPRODUÇÃO de COLÓNIA CALÚNIA
“Rodo pouco hip hop tuga, mas rodei isto. Mood sonoro com uma identidade incrível, e aqui quero aproveitar para dar um grande shout-out ao VULTO., underrated as fuck. Depois o L-ALI, que já aqui destaquei. Não há projectos assim em Portugal. Ao pé disto, o resto parece mais do mesmo.”
[MELHOR DISCO INTERNACIONAL] Swimming de Mac Miller
“Sem resquícios de dúvida. Têm um par de ouvidos? Pois. Não me lembro de muitos álbuns em que não caia na tentação de saltar uma faixa ou outra depois da primeira escuta, algo que não acontece aqui. É muito difícil atingir estes standards de perfeição. Do início ao fim. Obra-prima. Será intemporal. Fuck Grammys, Mac.”