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Drake dá uma entrevista e o mundo pára – algo normal hoje em dia devido ao estatuto de vedeta galáctica que alcançou nos últimos anos, expandido a sua influência muito para lá do hip hop. O que muitos não sabem é que foi uma fotógrafa portuguesa de 20 anos, Daniela Monteiro, a escolhida pela Nation Of Billions – plataforma britânica sobre cultura musical – para captar com a sua lente os passos da super-estrela canadiana em território inglês.
A entrada no Instagram da jovem portuguesa revela um autêntico tesouro: os protagonistas das sessões fotográficas – que se tornam íntimos através do estilo de fotografia de Daniela – são nada mais nada menos do que nomes como Lil Yachty, Tyler, The Creator – a foto de capa foi tirada por Taco, companheiro de estrada e amigo de longa data do MC e produtor – ,Post Malone, Jaden Smith, Action Bronson, Vince Staples, entre tantos outros.
Daniela é, enfim, uma verdadeira fã de música que conseguiu aproximar-se dos seus ídolos através da fotografia. Estivemos à conversa com a Daniela Monteiro para saber como é que tudo começou, as histórias com os artistas internacionais e as suas visões do rap.
Para quem não te conhece, como é que tudo começou?
Bem, o meu percurso profissional começou quando me inscrevi num curso profissional de vídeo após o meu 9º ano, quando me apercebi que não estava muito encaminhada para nenhuma das áreas que os meus colegas iam escolher. Após um ano de trabalhos de voluntariado, vim para Londres onde logo na primeira semana consegui alguns contactos para fotografar uns concertos e a London Fashion Week. A partir daí tem sido uma rampa de lançamento. Tornei-me fotógrafa residente na Nation Of Billions e, recentemente, da Ninja Tune. Basicamente tenho conseguido trabalhar no que gosto com cada vez maior frequência e com pessoas das quais eu sou fã.
Como é que surge a fotografia na tua vida? Foi algo que esteve sempre presente?
A fotografia sempre fez parte dos meus interesses, contudo nunca achei que viesse ter frutos disso. Recebi a minha primeira DSLR por volta dos 14 anos e comecei a levá-la para todo o lado, para tirar fotos aos meus amigos nos intervalos que depois publicava na Internet – lembro-me de ver cada vez mais pessoas a criar páginas de fotografia onde faziam sessões fotográficas e tinham muito mais sucesso e adesão. Foi quando comecei pensar seriamente sobre isto não passar de um hobby, mas com o tempo fui conseguindo evoluir em termos práticos com muito trabalho e experimentação que me ajudaram a aperfeiçoar a minha técnica.
Como é que acontece a ligação com a Nation of Billions e a Ninja Tune?
Com a minha chegada a Londres para começar os estudos universitários, comecei a aperceber-me da quantidade de concertos que havia na cidade todos os dias, e que isso me dava uma probabilidade maior de conseguir uma credencial de fotógrafa. Durante dias ficava a enviar e-mails para centenas de websites, blogs e revistas a tentar entrar em contacto com alguém que precisasse de mim para cobrir um evento e, eventualmente, consegui o contacto dentro da Nation Of Billions que, inicialmente, apenas precisavam de um fotógrafo à experiência. Com a Ninja Tune foi um bocado diferente: conheci pessoalmente, por mera sorte, o responsável pela parte da imprensa num evento deles e trocámos contactos – passado quase um ano, fui contactada para fazer oficialmente parte da equipa.
Tens tirado fotos a Tyler, The Creator, Lil Yachty, Jaden Smith, Big Sean, Post Malone, Vince Staples, entre tantos outros. Como é que foi a experiência e qual é a história mais engraçada que tens desses momentos?
A mais marcante para mim foi fotografar o Tyler [The Creator], sem dúvida. Tive de fintar um segurança e correr o máximo que pude. Consegui falar com ele durante algum tempo, o que deu ainda mais importância e história à fotografia que tirei. Diria que a segunda experiência mais engraçada foi fotografar o Lil Yachty. Para além dele ser uma pessoa simpática por natureza e adorar fotografias, recebemos uma visita surpresa do Frank Ocean no backstage, algo que me marcou imenso. Depois também tenho artistas que recusaram fotos, como por exemplo a FKA twigs ou o SchoolBoy Q. Pode ser que um dia aconteça.
Voltando um bocado atrás: mencionaste que eras fã de música e percebe-se que és uma pessoa atenta ao que se faz no hip hop. Como é que vês o panorama actual, tanto a nível nacional como internacional?
Relativamente ao panorama nacional, estou super contente por assistir ao progresso de vários “novos artistas”. Acho que temos imenso potencial. O público tem-se tornado cada vez mais tolerante no que toca a artistas novos com talento, mesmo que tenham estilos diferentes, como por exemplo o Kidonov ou o YUZI. Isso tem ajudado imenso o crescimento do hip hop no nosso país. O panorama internacional acho que também tem melhorado. Hoje em dia há música para todos os gostos. Existem muitas coisas a acontecer neste momento, mas, relativamente a coisas novas, estou super contente. Há imenso potencial e cada vez menos o pessoal tem medo de se expressar criativamente. Acho que o que está a bater actualmente é fazer coisas fora da caixa, o que é óptimo, na minha opinião.
Passando agora às últimas fotos que publicaste do Drake: Como é que correu a experiência? Tiveste oportunidade de falar com ele?
A experiência foi incrível, mas até acontecer estava um bocado receosa. A entrevista com ele foi adiada imensas vezes e achei mesmo que não fosse acontecer por causa da exclusividade. Felizmente recebi uma mensagem de confirmação e fui a correr para o local. Ele é super atencioso, bem educado e super humilde. Claro que tive contacto com ele para conseguir as fotografias. Ele foi impecável, assim como a equipa dele. Fiquei contentíssima porque já me aconteceu conhecer e trabalhar com artistas dos quais era fã anteriormente, e que me desiludiram como pessoas, mas este não foi de todo o caso, pelo contrário. Foram os Young Money que me introduziram ao hip hop, portanto diria que foi um grande achievement para mim, sem dúvida.
10 artistas favoritos?
A mais difícil para o fim! Sem ordem, diria Tyler, The Creator, Aaliyah, Kevin Abstract, Shahmen, Travis Scott, Code Orange, Turnstile, Frank Ocean, Lil Wayne, Archy Marshall, Jesse James Solomon, Bjork, Jimmy V, o pessoal da Team Sesh, Kendrick [Lamar]… Ultimamente, tenho-me interessado imenso por Sevdaliza, London O’Connor, Jorja Smith… A lista é inacabável.
10 canções que não podem faltar na tua playlist?
“Pyramids” – Frank Ocean; “Blue By You” – Turnstile; “Huit Octobre 1971” – Cortex; “Palace” – Brockhampton “Tempo” – Bones; “Cementality” – King Krule; “The Ride Home” – Jesse James Solomon; “Lose Control” – Glass Animals ft. Joey Bada$$; “útlimum” – drip133 ft. hnrk e “Kill The Creator” – Code Orange.
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