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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 21/07/2025

A fase principal do festival arranca esta semana.

9 concertos a não perder no FMM Sines’25

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 21/07/2025

Dar uma volta ao mundo em 9 dias através da música é o propósito do FMM Sines nesta que é a sua 25ª edição. São 35 países representados numa programação extensa que se divide em duas fases. De 18 a 20 de Julho, o festival decorreu de forma gratuita em Porto Covo. A partir de hoje, 21 de Julho, muda-se para Sines, onde ficará até ao dia 26 de Julho, sendo que a principal fase da sua vasta oferta musical arranca no dia 23, que é quando o número de concertos por dia aumenta para os portadores de bilhete — as entradas diárias e passes de 2 ou 4 dias estão à venda aqui.

Há muito para ver sem pagar, principalmente da esfera lusófona. Se passarem por estes dias em Sines e não tiverem a possibilidade de comprar uma entrada, fiquem a saber que podem desfrutar dos espectáculos de gente como Lena d’Água, Bateu Matou, Fidju Kitxora, Umafricana, Miss Universo ou Luca Argel. Mas os nomes mais impactantes estão reservados para o segmento pago do evento, com os míticos concertos no Castelo de Sines. Dessa vasta lista de artistas convocados, o Rimas e Batidas destaca 9 que devem considerar como imperdíveis. Sigam-nos nesta viagem!


[Bonga] 23 de Julho

José Adelino Barceló de Carvalho é o icónico cantautor angolano mais conhecido por Bonga. Ex-atleta de alta competição, acabaria por se dedicar à música como forma de activismo político quando Angola lutava pela sua independência. Exilado na Holanda em 1972, lançou o seminal álbum Angola 72, marcado por letras revolucionárias que o consagraram como uma das principais vozes da resistência anticolonial. Com uma sonoridade enraizada no semba, incorpora também influências da morna cabo-verdiana (como na versão pioneira de “Sodade”, que se viria a popularizar na voz de Cesária Évora) e elementos folclóricos dos musseques de Luanda, criando uma linguagem musical tão nostálgica quanto combativa. Com mais de três dezenas de discos editados e uma enorme pegada deixada nos livros de história, sobe ao palco do FMM no auge dos seus 82 anos e com o estatuto de figura maior do cancioneiro lusófono.


[Bia Ferreira] 24 de Julho

Nascida no estado brasileiro de Minas Gerais, Bia Ferreira é uma MC, cantora, compositora, multi-instrumentista e activista que tem definido a sua própria arte como MMP (Música de Mulher Preta). Na música que tem lançado podemos cruzar-nos com uma ampla gama de sonoridades, que vão desde soul, funk, hip hop, R&B, reggae e ritmos tradicionais brasileiros. Nas letras, marca a sua posição social e política através de versos que articulam feminismo negro, anti-racismo e a luta por direitos por parte das comunidades LGBTQIA+ direitos, sendo influenciada por artistas como Elza Soares ou Conceição Evaristo. O seu mais aclamado trabalho até à data é Igreja Lesbiteriana, Um Chamado (2019), onde mistura gospel e blues para criar um manifesto acolhedor para corpos marginalizados, enquanto que o seu álbum mais recente, Faminta (2022), explora os afectos como solução para a opressão. No Rimas e Batidas, já esteve em discurso directo através de um par de entrevistas publicadas em 2022 e 2024.


[Tribute to Max Romeo] 24 de Julho

Max Romeo era um dos nomes mais ansiados para a edição deste ano do FMM, mas infelizmente despediu-se de nós no passado mês de Abril com 80 anos de idade. Nascido Maxwell Livingston Smith, o lendário cantor jamaicano foi um dos maiores provocadores da cena reggae, indo do rocksteady ao dub à boleia de grooves hipnóticos e letras munidas de críticas sociais e espirituais. Após aventuras em bandas, destacou-se como artista a solo através de singles que percorreram o mundo, como “Chase The Devil”, “War Ina Babylon” ou “Wet Dream”. Ao longo da sua vida, colaborou com Lee “Scratch” Perry ou Keith Richards, e viu a sua influencia musical chegar a diferentes áreas do espectro sonoro, do hip hop ao drum & bass, através da arte do sampling. Apesar de não podermos sentir a sua presença física, o espírito de Max Romeo estará certamente em palco a ladear a banda que o acompanhava num concerto de tributo que terá os seus filhos Xana Romeo e Azizzi Romeo a assumir as vozes principais.


[Mats Gustafsson & Kimmo Pohjonen] 25 de Julho

O saxofonista Mats Gustafsson é uma das figuras mais influentes do jazz sueco e Kimmo Pohjonen tem carregado a herança da folk finlandesa através do som do acordeão. Juntos formam uma dupla improvável e inovadora que desafia géneros ao estabelecer uma grande ponte ponte entre os domínios do experimentalismo e da tradição. A dupla surgiu em 2024 após um encontro encomendado pelo esloveno festival Druga Godba, onde a energia crua de Gustafsson fez instantaneamente match com a ousadia de Pohjonen através de uma improvisação radical feita de contrastes dinâmicos. Imprevisibilidade, risco, influências nórdicas e uma boa dose de electricidade é o que podem esperar da sua prestação em Sines.


[Capicua] 25 de Julho

A poesia refinada de Capicua, que oscila entre o activismo político, as desigualdades sociais, a maternidade e a exploração do seu lado sentimental, levaram-na a tornar-se numa das mais impactantes rappers do cenário do hip hop nacional. Com influências que vão do fado à música brasileira, a sua marca na música portuguesa ficou especialmente vincada graças a álbuns como Sereia Louca (2014) ou Madrepérola (2020). Este ano voltou às edições em nome próprio com Um Gelado Antes Do Fim Do Mundo, uma espécie de manual de sobrevivência para nos ajudar a atravessar o actual estado de apocalipse em que o planeta se encontra, como que uma luz de esperança que rompe pela escuridão do caos para nos guiar. Uma década após a estreia no FMM, Capicua regressa ao festival com uma performance renovada, na qual rap, spoken word e canto se cruzam em palco.


[Nação Zumbi] 25 de Julho

Originalmente conhecida por Chico Science e Nação Zumbi, a banda oriunda do Recife, Pernambuco, deixou cair o nome do seu malogrado líder, que faleceu em 1997. Em mais de três décadas de história, o colectivo revolucionou a música brasileira com a sua mistura retrofuturista entre rock, funk, hip hop, maracatu e psicadelismo, tendo ganho especial destaque com os LPs Da Lama ao Caos (1994) e Afrociberdelia (1996), que se tornaram símbolos de resistência cultural e crítica social graças às letras que abordavam temas de desigualdade, mas também de celebração da identidade pernambucana. Jorge du Peixe é quem dá voz à Nação Zumbi no pós-Chico Science, que tem como mais recente trabalho Radiola NZ Vol. 1 (2017).


[Rokia Traoré] 26 de Julho

Rokia Traoré é uma das vozes mais emblemáticas da música africana contemporânea, conhecida por fundir a tradição mandinga com influências globais como jazz, blues e soul. A sua trajetória começou após estudar guitarra com Ali Farka Touré, lançando-se internacionalmente com o álbum Mouneïssa (1998). Nascida em Kolokani, no Mali, apresenta uma sonoridade minimalista que recorre a instrumentos tradicionais (como o ngoni e o balafon), num diálogo entre a herança griot e os estilos ocidentais — algo evidente em álbuns como os aclamados Bowmboï (2003) e Tchamantché (2008). A voz serena com que nos brinda em performances de cariz intimista dão-lhe uma aura de guardiã da cultura africana que anda de mão dada com a inovação musical.


[Kokoroko] 26 de Julho

Embalados por um jazz de fusão que se estende a géneros como o funk ou o highlife, os Kokoroko surgiram no final da década passada e têm-se destacado como um dos expoentes da renovada cena musical negra britânica. Liderado pela trompetista Sheila Maurice-Grey e pelo percussionista Onome Edgeworth, o grupo ganhou projecção global com a sonoridade vibrante que sentimos em discos como o homónimo KOKOROKO (2019) ou o seu mais recente Tuff Times Never Last, que saiu há um par de semanas. Com membros de origens diversas (da Nigéria às Caraíbas), a música deste colectivo é um manifesto de resistência cultural, algo enfatizado pelo próprio nome que carregam — “Kokoroko”, um termo na língua urhobo, traduz-se em “difícil de quebrar”.


[47SOUL] 26 de Julho

Os 47SOUL são um dos principais embaixadores do movimento shamstep — fusão electrónica que mistura mijwiz (música folclórica levantina) com dubstep, hip hop e os ritmos dançantes do dabke, um estilo tradicional árabe. O grupo é formado por músicos palestinos que se juntaram na Jordânia em 2013 e ganhou destaque internacional ao combinar letras politizadas com uma performance enérgica, capaz de transformar palcos em espaços de resistência cultural. Multi-culturais e multi-linguísticos, equilibram sintetizadores pulsantes com guitarras eléctricas e instrumentos tradicionais, criando uma ponte entre a ancestralidade da região histórica que ligava Síria, Líbano, Palestina e Jordânia com a contemporaneidade. 


Carlos Seixas sobre as 25 edições do FMM Sines: “O verdadeiro sucesso são as pontes culturais que construímos”

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