[FOTOS] Hélder White
O Super Bock Super Rock celebrou a sua 22º edição em três dias repletos de argumentos para o futuro – com claro destaque para o último dia – e, apesar de termos lançado vários artigos sobre os concertos, damos agora espaço à visão fotográfica do nosso repórter de serviço: Hélder White.
Dentro desta galeria poderão encontrar nomes como Massive Attack, Orelha Negra, DJ Shadow, Kendrick Lamar, entre outros. As fotos são acompanhadas de pequenos excertos das reportagens feitas por Amorim Abiassi Ferreira, Ricardo Farinha e Alexandre Ribeiro, elementos da equipa ReB que foram incansáveis durante todo o Super Bock Super Rock. Venha agora um Super Bock Super Hip Hop… Estamos prontos!
“O Palco EDP recebeu Jamie XX, um dos membros da banda The XX, que veio apresentar o seu álbum de 2015,In Colour, mas não só, mostrando um set onde misturou de forma exímia clássicos com ginga funk e disco no meio de criações suas. A versão de Skepta de “I Know There’s Gonna Be (Good Times) “, “Loud Places” (feat. Romy) e “Gosh” – música que tem um dos vídeos mais incríveis do ano – foram os pontos altos do seu álbum de estreia – nomeado para os Grammys – e um exemplo da sua capacidade de segurar cada faixa com as suas linhas de baixo, enquanto atira pedaços de voz que nos guiam entre os feixes de luz vindos do palco. Uma lição de como fazer um set consistente – e que na segunda metade fez lembrar Jon Hopkins.”
[JAMIE XX]
“Camadas sobre camadas – é assim que se constrói o hip hop do presente, e pelos vistos do futuro, pelas mãos de um dos criadores mais importantes da história do sampling. O concerto foi um autêntico laboratório aberto com microscópio especial cedido por Shadow, numa tentativa de que chegássemos mais facilmente ao que ele hoje é e não ao que ele foi.”
[DJ SHADOW]
“A imersão total é uma constante na música gravada em estúdio pelos Massive Attack e ao vivo podemos ver um reflexo perfeito disso mesmo. As imagens por trás da banda que os acompanha – que nunca deixa de ser incrível ao longo do concerto – são uma complexa teia de informação que complementa na perfeição o som do grupo – que vai do canto sussurrado de “3D” e “Daddy G” à incrível voz de Deborah Miller.”
[MASSIVE ATTACK]
“O que não lhe falta nunca é a sua característica de cientista rítmico da noite, mestre na arte de estimular a pista de dança, capaz de transformar qualquer sala onde actue num autêntico club, com um ambiente espetacular e muito característico. Os graves electrónicos misturam-se na pista de dança com a ginga funk, hip-hop e disco, e foi também desta forma que Moullinex iniciou a sua actuação no palco Carlsberg do SBSR, autêntica mega-sala-cave de rave electrónica que serve para fechar todos os dias o evento.”
[MOULLINEX]
“Slow J entrou em palco com Fred Ferreira na percussão e Francis Dale nas teclas. “Nunca na minha vida fui tão bem recebido. Hoje cumpro mais um sonho: tocar no mesmo dia que Kendrick Lamar.” Com energia no máximo e aos pulos pelo palco, o artista tocou várias músicas da The Free Food Tape. Os que compareceram vinham com a lição bem estudada e fizeram a sua voz ser sentida. Slow J, numa espécie de continuação do que tinha feito no Sumol Summer Fest, tinha algumas novidades a apresentar como um tributo à “Canção de Embalar” de Zeca Afonso e um novo banger, que tem o semba como principal protagonista rítmico. Pelo meio, o músico declarou a sua intenção de forma clara: “Fazer ao Rui Veloso o que o Ronaldo fez ao Figo.”
[SLOW J]
“O sol brilhava directamente atrás do palco quando Mike El Nite entrou em cena. Vestido com uma t-shirt vermelha da selecção, o rapper da zona T trouxe consigo imensos convidados como L-Ali, No Fake, Kaixo, ProfJam e Da Chick, dedicando “Horizontes”, a canção que abriu o concerto, à selecção que nos trouxe o troféu do Euro 2016. Acompanhado por DWARF, DJ, e Diogo Sousa, percussão, a energia cresceu ao longo da actuação em que todos os que pisaram o palco trouxeram um entusiasmo contagiante e, no caso de ProfJam, um remate de uma bola para a plateia. O final fez-se com Mike El Nite a fazer crowdsurfing, enquanto todos os convidados festejavam ao som daquele que se está a tornar o hino do Justiceiro: “Tambores, uivos, gritos, aplausos!”
[MIKE EL NITE]
“Secundada por M7 na voz e D-One nos pratos, a rapper de Cedofeita movimenta-se como peixe (ou sereia?) na água nas raçudas “Pedras da Calçada” e “Medo no Medo”, mas também na sonhadora “Casa no Campo”, vencedora dos “discos pedidos” na sua página do Facebook, que gere com argúcia, ou “Fumo Denso”, a bela faixa de DJ Ride a que dá voz e corpo.”
[CAPICUA]
“Sem vocalistas, os “cinco magníficos” fizeram o que só eles sabem: pontualidade britânica no ritmo e sagacidade na compreensão do passado, presente e futuro. “Hotline Bling” de Drake e “Otis” de Kanye West e Jay-Z foram duas das canções que celebraram um passado recente, mesclando-as com pedaços de músicas que parecem sair da cave mais poeirenta onde o R&B e a soul vivem um casamento bastante feliz.”
[ORELHA NEGRA]
“Além de rappers intérpretes, Posdnuos e Dave foram, na sua verdadeira essência, MCs, ao animarem a imensa multidão, composta na maioria por um público provavelmente demasiado jovem para conhecer e ter acompanhado a carreira dos De La Soul. “Ponham as vossas câmaras para baixo, isto é uma festa”, começaram por dizer, e o público por aplaudir e sorrir. A ordem para aproveitar o concerto continuou a ser firmemente veiculada e até se estendeu aos fotógrafos que estavam no fosso do MEO Arena precisamente para tirar fotografias. “Put your motherfuckin’ cameras down”, disse um dos rappers norte-americanos. “Eu sei que estão a trabalhar, mas parem um bocado e aproveitem”. Podemos assegurar que o fotógrafo do Rimas e Batidas, Hélder White aka Dedy Dread, foi aquele que mais vibrou a partir do fosso, na primeiríssima fila do antigo Pavilhão Atlântico.”
[DE LA SOUL]
“Look both ways before you cross my mind”, pôde-se ler nas costas de Kendrick Lamar durante todo o concerto de ontem. A frase de George Clinton, uma influência gigante no MC de Compton e o principal impulsionador do P-Funk, fez todo o sentido durante o concerto: a magia de Kendrick não vem só das palavras, mas também do controlo total da banda e que faz lembrar outros mestres como James Brown ou Miles Davis.”
[KENDRICK LAMAR]
“DJ Ride actuou primeiro com banda e apresentou alguns temas do seu último disco, From Scratch, e tomou depois conta dos pratos (já sozinho em palco) como poucos (ninguém?) em Portugal conseguem fazer. Há electrónica, trap, clássicos hip-hop, drum n’ bass e muito scratch, dance-se o que se quiser. Ride é um dos mais versáteis neste (e noutros) campeonato(s) e, além dos característicos vídeos projectados para animar oset – com a célebre arte do video-scratching – pudemos assistir à mestria técnica de turntablism do DJ das Caldas da Rainha.”
[DJ RIDE]