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Texto: ReB Team
Fotografia: Joseph Dunn
Publicado a: 16/11/2021

Puxem uma cadeira.

Yussef Dayes e Marina Herlop na edição deste ano do Festival Para Gente Sentada

Texto: ReB Team
Fotografia: Joseph Dunn
Publicado a: 16/11/2021

É já no final de Novembro, mais concretamente nos dias 26 e 27, que o Festival Para Gente Sentada acontece no Theatro Circo, em Braga.

No segundo, Yussef Dayes é o maior chamariz, um regresso muito esperado a território nacional de um dos bateristas jazz mais dotados da actualidade. Em 2017, a propósito da sua passagem pelo Milhões de Festa, Rui Correia escrevia:

“Num final de tarde de Verão, o palco Milhões abriu com o domínio do jazz a libertar-se numa vibe londrina repleta de groove. Yussef Dayes, no comando da bateria, liderou um trio composto por baixista/guitarrista e teclista, sintonizado no excelente Black Focus, editado no ano passado e servindo simbolicamente na perfeição o triângulo representativo do festival montado em palco atrás de si. A falta de uma secção de sopros em alguns temas (como as faixas introdutórias ‘Black Focus’ ou ‘Strings of Light’) não lhes permitiu transmitir fielmente o registo de estúdio, mas com a perda de elementos em palco, ganharam na simplicidade e dinâmica de músicos virtuosos que se mantêm constantemente à tona da humildade, sabendo completar-se e nunca se sobrepor. Excepto, quando assim o queriam, houve espaço entre temas do álbum para rasgos de genialidade individuais – o guitarrista mereceu aliás um momento a sós para partilhar um tema instrumental – e, já na recta final, os músicos libertaram-se e disseram adeus com uma jam session, que tornou o momento irrepetível e memória para recordar no futuro.”

Em Dezembro passado, aquando do lançamento de Welcome to the Hills — nesse mesmo ano lançou um álbum colaborativo com Tom Misch –, Rui Miguel Abreu abordou o seu trabalho nas Notas Azuis. Fiquem com um excerto do que escreveu:

“Este é um álbum de grooves, com ‘swing’ de feição moderna, com cadências herdadas do lado mais boom bap do hip hop, que nos mostra os músicos a aproveitarem o palco para se estenderem nas explorações do tempo rítmico: ‘Gully Side’ é disso um belíssimo exemplo, com Yussef Dayes a provocar constantemente os seus companheiros, levando Stacey a responder com chuva harmónica multicolor a partir dos seus diferentes teclados (piano eléctrico primeiro, sintetizador depois) e Palladino a deixar muito claro que sabe estar à altura do nome de família, com um solo pleno de detalhe e com uma sabedora inclinação melódica que nos diz que não está disposto a abdicar inteiramente da fantasia em detrimento do rigor que se pede à pontuação rítmica (como aliás perfeitamente clarificado no delicioso ‘Palladino Sauce’). O que os leva bastas vezes a acercarem-se dos terrenos mais ‘fusionistas’ em que a segunda metade da década de 70 foi pródiga. Se, em 1977, Herbie Hancock se tivesse ligado à corrente quando gravou com Ron Carter e Tony Williams, talvez, a espaços pelo menos, o resultado não fosse assim tão diferente, se descontarmos o facto de que o homem do leme aqui não é um prodigioso pintor harmónico como o pianista americano, mas um inventivo propulsor rítmico. O que não significa que a velocidade seja sempre acentuada: este é um trio que sabe relaxar, pedir para que o técnico de luzes inunde o palco de tons vermelhos e desacelerar para tempos mais sexys, como acontece em ‘For My Ladies’, com o líder a recostar-se, carregando com o seu baixista um groove dolente que permite que Stacey brilhe com máxima intensidade, numa romântica deriva.”

A catalã Marina Herlop (que se juntou este ano aos quadros da editora PAN e mereceu atenção na Pitchfork por causa disso) e os portugueses Manel Cruz e Tomás Wallenstein são os restantes nomes no cartaz.


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