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Fotografia: Lua Noví
Publicado a: 02/05/2024

Do Sul para todo o lado.

Uzzy sobre Stilo De Vida: “Posso dizer que este álbum tresanda a Algarve”

Fotografia: Lua Noví
Publicado a: 02/05/2024

Quando olhamos para a região mais a sul do nosso quadrado ao largo do Atlântico, há alguns nomes que sobressaem bastante nos últimos anos no que toca ao hip hop, mas o maior de todos eles é mesmo o de Uzzy. O jovem artista — que já não é assim tão “jovem” nestas andanças — tem-se destacado pela sua produtividade, irreverência e, acima de tudo, consistência. Ao longo dos tempos mais recentes temos dezenas de faixas assinadas por si, fora todo o trabalho enquanto videógrafo e engenheiro de som para contemporâneos do Algarve (e não só).

2024 foi, finalmente, o ano em que resolve soltar o já aguardado primeiro álbum, que ganhou nome Stilo de Vida. Para quem o ouve, o seu ADN é altamente vincado, um rapper muito carismático e cheio de humor, tanto na sua figura como na sua música, e é muito por aí que este primeiro longa-duração se constrói, mas há pequenos lampejos de versatilidade até inesperados para os mais atentos. Diretamente de Portimão, ou 85 como faz questão de salientar em praticamente tudo o que faz, o Rimas e Batidas esteve à conversa com Uzzy para dissecar este seu primeiro LP.



Da última vez que falámos foi no Rapresentação, isto em 2018, e na altura tinhas revelado que planeavas lançar um EP, que agora se tornou num álbum.

Sim, não é o mesmo desde essa altura, porém um dos temas do álbum também era para estar nesse EP, a “Perspetiva”. Escrevi essa letra em 2016 e não mudei absolutamente nada… é dos temas que mais gosto do álbum. Naquela altura, realmente tinha essa intenção de lançar um EP, mas acabei por perceber que se calhar era melhor ir lançando singles. Porém, hoje em dia, se tivesse de voltar, este já seria provavelmente o terceiro álbum. Acho que é bom lançar singles, mas também acho que é bom termos uma estrutura, acabamos por valorizar mais a música, é por isso que no Stilo de Vida encontras alguns temas com 2/3 anos, gostava muito desses temas e quis aproveitar, mereciam estar num projeto.

Como disseste, entre o teu EP Realidades de 2015 e este álbum, andaste numa fase mais de singles, e segundo uma pesquisa que fiz contabilizei 46 faixas soltas só no teu canal, mais 12 noutros canais de YouTube, e pelo que sei, até podem haver mais, mas já não estão disponíveis nas plataformas.

Não te posso confirmar o número porque nunca fiz essa pesquisa, mas achei interessante, surpreendeste-me! [Risos] Um gajo trabalhou, sim senhor… mas mesmo assim gostava de ter feito ainda mais. 

Tiveste uma produtividade incrível nestes anos…

Agradeço, mas não, acho que um artista deve lançar no mínimo 1 tema por mês, o mundo está muito rápido. Imagina, se roubares muito, és ladrão, portanto se quiseres ser artista tens que fazer muita arte, tem que ser o que mais fazes. 

Não achas que isso pode ser negativo para a arte?

Não mano, é um por mês, não é um por dia ou por semana. Um por mês é suficiente para fazer mais música, acontece muita coisa em 30 dias. Mas pronto, somos todos diferentes, depende também do quotidiano de cada um.

Diria que essa consistência, rigor e disciplina são dos principais elogios que te fazem ao longo dos anos. Não tens parado com o hustle

Não se pode, não se pode. Recebo muito esse elogio e agradeço imenso, mas mesmo assim eu sinto que podia ter feito mais. Este ano, sem contar com o álbum, já lancei tipo umas 5 ou 6 músicas.

Este Stilo de Vida tem uma coincidência interessante com o EP Realidades, se lhe podemos chamar assim. Este álbum tem 16 temas e o EP tem 15. Números semelhantes. Gostas desta dimensão para os projetos?

Na verdade, um EP é menos de 8 faixas ou até 30 minutos de duração, mas realmente não mudei o nome porque pensei naquilo como um EP, embora legalmente seja um álbum. 

Realmente, é o teu segundo álbum este [Risos]. Olhando para estes temas mais recentes, fora os singles, tens algumas participações interessantes, alguns nomes fora do teu universo. Gostas de trazer sempre malta para os teus projetos?

Vamos conhecendo alguns artistas em backstages de concertos e até na vida real, e claro, há sempre nomes com os quais um gajo se identifica e procura ligação. Normalmente surgem sempre de forma mais orgânica, primeiro conheces a pessoa e depois a cena surge.

Tens por exemplo o PNG e o Lil Ameal que são mesmo fora-da-caixa.

Essas participações foram mesmo random, surgiram numa viagem que fiz com o Pachá para filmar o vídeo do “Zona Pa Zona” com o Lójico. No caminho, parámos nas Caldas para ir ter com o BCKappa e depois estivemos na Figueira da Foz com o PNG e ele trouxe o Ameal, conversámos, almoçámos e ficou por aí. Estivemos 3 dias no Norte e quando estávamos no regresso eles tinham dito para passarmos pelo estúdio deles na Figueira, e foi assim. Passámos por lá e ya, surgiu o som “Boa Menina”. Eles têm uma vertente assim mais “gozona”, que eu e o Pachá gostamos, então ya, fazia sentido.

Pelo que sei e podemos também observar, és um artista super produtivo, com muita vivência nos últimos anos. Certamente devem haver alguns episódios que valham a pena contar sobre a conceção de alguma da tua música. Tens alguns?

Há muitas, a maioria não posso contar aqui [risos]. Mas olha, agora há uns dias saiu a minha participação no álbum do Kristóman, no “Me’ma Nota”, e esse verso foi escrito todo em estúdio, na hora. Cheguei, já tínhamos instrumental e escrevi tudo lá no momento, saiu assim, ya. Mesmo o Kristo disse que estava um verso muito forte lá no momento, ele ouviu e ficou: “Ok, vou ter que reescrever aqui umas dicas no meu verso, vieste forte”. Nós costumamos brincar um bocado com isso, mas ali foi mesmo sério e isso é positivo.

Acima de tudo, competitividade. Algo que tens alimentado bastante ao longo dos últimos anos com o projeto Pelo Sul e o Gangarve.

Claro. Por exemplo, no Pelo Sul ninguém quer ser o elo mais fraco daqueles 5 artistas e isso é mega positivo. A competividade não é uma coisa má, senão existisse nunca chegarias ainda mais acima, não evoluías tanto, provavelmente. É clichê dizermos que a maior competição é com nós mesmos, mas o outro ser bom estimula-nos a querermos ser ainda melhor. O resultado final é que o interessa. 

Por falar no Pelo Sul, fizeste uma trilogia, saíram 3 desses temas e ultimamente não temos tido novidades. Está fechado por agora? 

Acho que sim, sou sincero. Obviamente que há mais artistas que podíamos incluir, mas é complicado, a barra ficou pesada. No “Pelo Sul #1” temos malta de Olhão e o Pachá, na “#2” temos Kristóman, RealPunch, Rafastone, Britexx…

… pessoalmente é a minha favorita.

Sim, muita gente também diz isso, teve um feedback muito bom do público e surgiu uma cena engraçada. Uns rappers no Norte deram-me o toque, pediram-me autorização para usar o instrumental e fizeram a versão deles chamada “Cá No Norte”.

Sim, sim, a malta da Caixa Cartão Collective: Qvxno, Rvger, Big Jony, Roke, Buster e o Each1. 

Exato, isso para mim foi um ganda props, mesmo. Agarrarem numa faixa minha e fazerem um remix é porque está mesmo pesada. Ficou uma grande faixa, todos pesados. E pronto, na “Pelo Sul #3” temos o Sacik Brow, Baqui, Domi e Quiassaca. Como vês, a barra ficou muito pesada, e agora é difícil juntar 5 rappers que mantenham esse nível, aquilo é barras atrás de barras, é só isso que conta.

É um ponto bastante interessante da tua trajetória, já são alguns conceitos que tens vindo a criar nos últimos anos. Para além do Pelo Sul, temos os Gangarve e quase aquela saga com os vários temas do Oito Cinco Stilo

Eu gosto muito disso, é fixe. É quase como teres ali um álbum. Tenho playlists no YouTube com isso, clicas, ouves e tem quase essa estrutura.

Falando dos Gangarve, tivemos novidades há poucas semanas com o tema “Desarrumo”, depois de alguns meses mais calmos. Mais novidades a caminho? 

Sim, sim, estamos a trabalhar em novas faixas do projeto. Entretanto tivemos algumas alterações no coletivo, é algo normal, as pessoas mudam, não se identificam com tudo para sempre, já passei por várias fases dessas na minha vida e não levo isso a mal. A vida segue, ya, tá tudo bem.

Para quem não está a par, o Anker não esteve nos últimos 2 temas do grupo.

Sim, e para além dele, o Pachico também não vai estar, ya. Mas continuo eu, Baqui e Pachá. Enquanto ainda formos 3, há coletivo [risos].



Há pouco dizias-me que o “Stilo de Vida” foi o último tema gravado do álbum, suponho que o “Perspetiva” tenha sido o primeiro, certo?

Ya, o “Perspetiva” foi gravado em bué instrumentais diferentes. Gosto tanto dessa letra que queria estar à altura dela enquanto intérprete. Encontrei o instrumental e o refrão certo e senti-me preparado para lançar. É uma produção do TKapone, para quem não sabe, responsável pelo “Todos os Dias” do PTM Cartel. Entretanto já produziu vários instrumentais meus também.

O “Stilo de Vida” também tem aqui alguma história por detrás, não é?

Escrevi o refrão e o primeiro verso há quase um ano, o segundo verso foi mais recente. O instrumental é que foi o quarto/quinto em que gravei, tinha lá o que queria antes mas depois queria acrescentar algo mais. Mas este som ficou feito mesmo no limite, chamei o TKapone, fizemos a cena juntos, tentei gravar mas não estava a gostar da vibe geral. Faltavam 5 dias para entregar os masters todos à Universal para tratarem da outra parte toda, chamei o TK numa terça-feira para fecharmos isto. Nós como trabalhamos juntos há uns bons anos fluímos bué bem, portanto ya, a cena aconteceu nesse dia, gravei o meu verso no dia seguinte, e no dia depois disso tratei da mistura/masterização e enviámos tudo para a editora. Fiquei contente com o resultado, a faixa antes não tinha a vibe que tem agora. Adoro essa música porque é 100% a minha vida ultimamente, é totalmente real. Queria transmitir mesmo isso. Às vezes pensava que o meu quotidiano dava um bom vídeo, e acabou por acontecer aqui neste “Stilo de Vida”. Gravámos esse vídeo numa quarta-feira durante o dia todo e saiu na sexta-feira ao meio dia, ya.

Citando o tema: “É guita, adrenalina, acordar cedo, deitar tarde”. No início do vídeo vemos-te a acordar às 08h da manhã. 

08h05! 85 nunca pode faltar, não apanhaste esta… [risos]

Verdade, nem me tinha apercebido. Tens mais easter eggs desses?

No ecrã onde diz essa hora, às 08h05, também tens a data de lançamento do álbum, 15 de Março. 

Para quem não está a par desse videoclipe, é uma verdadeira viagem pelo Algarve inteiro.

Começamos em Portimão e vamos a Silves, Alcantarilha, Albufeira, Quarteira, São Brás de Alportel e Olhão. Mas para ser ainda mais real, tinha que ser mais. Um gajo ainda vai a mais sítios mas…

… a música só tem 2 minutos e meio [risos].

Exatamente… e mesmo assim tive que filtrar muito [risos].

Essa é outra parte da tua arte, o vídeo. Tens assinado vários vídeos ao longo dos anos, um pouco dentro daquele espaço que defines, sem mudares muito. Não é bem uma crítica, é mais um apontamento ao trabalho que tens soltado. 

Depende, há alguns em que fujo mais, mas gosto de manter aquele universo, englobar as pessoas nisso.

Por acaso sempre achei curiosos os vídeos do Gangarve, porque são quase sempre one take. Dão muito trabalho, aposto.

Sim, sim. Na edição é mais fácil, mas a gravação dá sempre muito trabalho, basta falhar alguém e tens que recomeçar. E claro, com isso vem o cansaço, portanto é importante que consigas ali nos primeiros 5-10 takes

Qual é que foi o mais difícil? 

Talvez o “Atchim”. Começámos ao início da tarde, ainda estava de dia, e se reparares no vídeo já é de noite, acabámos por volta das 19/20h. 

No Pelo Sul também segues ligeiramente esse conceito de one take.

Sim, mas sinto que é um bocadinho mais fácil. O que interessa ali é mais barras, acho que tem resultado mais facilmente. Normalmente temos duas câmeras a filmar e é tudo da mesma filmagem nos videoclipes. Acho que é um conceito interessante, as pessoas ficam mais presas a ver o que acontece.

No Gangarve até seguem mais um caminho de acting. Neste “Desarrumo” têm muita coisa a acontecer.

Ya, e se alguém falha… Nesse vídeo, quando o Pachá aparece vindo do elevador, deu trabalho, tinha que estar sempre a clicar no botão do elevador para não subir [risos]. É daqueles elevadores que sobe automaticamente, então ya era mais estranho [risos].



És um artista com muita vida, gostas muito da parte mais real, não tão a virtual, não és um bicho do mato basicamente.

Sim, para mim é obrigatório isso. Gosto muito de passar o que está no digital para o físico, que haja ligação. No “Alê”, com o Hêrnani, andámos a colar cartazes pelo Algarve. Gosto de coisas na vida real. Sou um tipo de pessoa que gosta disso, de sentir que a arte é palpável, é por isso que também fiz CDs. 

Acho que isso tem contribuindo para a tua arte e comunidade, as pessoas vêem-te como alguém muito ativo e presente, não te escondes.

Ya, enquanto artistas também não nos devemos expor demasiado, não podes estar todo o dia no café da esquina, mas também não quero esconder. Os momentos bacanos da vida são o convívio, graças a deus um gajo recebe props na Internet, mas é diferente quando estou pessoalmente com a pessoa. Sentes a energia da pessoa, é diferente. Durante a pandemia senti muito a falta disso, de ir a sítios, estar com malta. Não consigo perceber quando alguém se sente incomodado com essa parte, há people que em tempos dava tudo para que isso acontecesse… sem o público estava sozinho a cantar no quarto, portanto temos que saber ser gratos.

Um desses toques mais pessoais e engraçados do álbum é o skit “Privilégio Solar”, ri-me muito… De quem são as vozes?

Pronto, a do jornalista, que é a primeira, é minha. A segunda é de uma amiga minha, e a terceira é de um tropa meu do Norte que conheci em Marina D’Or em 2018. Desde aí temos mantido contacto e quis que fosse mesmo ele. Ficou mesmo como eu pensava! Sinto que isso traz mais mística, mais ambiente ao álbum, ris um pouco.

E encaixa muito bem com o “Stilo de Vida” que entra logo a matar. Na primeira audição completa que fiz do álbum até pensei que era só uma faixa.

Era mesmo esse o objetivo, mas separar ao mesmo tempo.

Para além disso tens vários soundbites muito engraçados ao longo de todo o álbum. Lembro-me, por exemplo, no final da faixa com o Leo 2745, a “Algo Pa’ Chu..”.

Isso vem tudo de uma reportagem sobre o Zezé Camarinha de 2000, deu tudo na TV [risos]. Hoje em dia aquilo passar em TV era algo impensável, se vires tudo vais bloquear, ya… [risos].

Tens aqui um género de braço direito ao longo do álbum, o Pachá, que aparece em 5 dos temas.

Ya, sempre na minha back. É das pessoas mais perto de mim na música e vida real.

Acabas por explorar diversas sonoridades ao longo do trabalho — boom bap, trap, um género de afro swing e até drill, no “Passo No Bloco” com o RealPunch e o Garça. Há muita daquela tal competitividade de caneta que falavas, não é?

Sem dúvida, entraram muito pesados, fiquei muito satisfeito com eles e também com o meu verso. 

Como é que surgiu este som? Tiveste logo ideia de os convidar quando chegaste ao instrumental?

Sim, sim. Achei que fosse interessante porque é um feat que nunca tinha acontecido, o Garça aparece no “Pelo Sul #1” e o RealPunch no “Pelo Sul #2”. Achei que fez sentido, foi uma boa oportunidade depois de ter o beat. Na pós-produção tem assim ali uns toques diferentes na parte do RealPunch e acho que ainda ficou mais interessante. 

É um álbum que acaba por ser bastante versátil. Por exemplo, passas de um “Boa Menina”, super explícito e engraçado, para um “Guardado”, muito mais calmo e romântico. 

Eu quis criar mesmo essa dinâmica, porque eu sou tudo. Há malta que diz que não achava que fosse tão sábio ou inteligente, eu entendo o porquê, mas um gajo é tudo. Não é só por ser mais brincalhão que passo a ser mais ignorante, mas eu entendo e faz todo o sentido. Mas é por isso que quis lançar uma faixa como o “Perspetiva”, para a malta ver outro lado. Sinceramente, esse tipo de faixas acabam por ficar mais para trás porque as outras como o “Boa Menina” saem mais facilmente. 

Exato, criaste quase um puzzle com estes temas todos. Como é que o montaste?

Foi pensado, ya. Começamos com o “Alê”, porque é quase uma intro, com aquela cena toda sobre o Algarve, e como foi também foi um tema que explodiu recentemente, acho que fez sentido — sinto-o como uma intro, tem aquela vibe quase de hino, portanto ya. Depois quis logo ir ao “Perspetiva”, para mostrar aquele lado que ninguém estava à espera, e continuei com o “Qq Se Passa”, a seguir aquelas sagas tipo “Às Seis” e “Depois Das Seis” — aliás, era para se chamar “Depois Das Sete” para ser a continuação disso, mas achei que fez mais sentido ser assim. A seguir a isso temos o “Privilégio Solar”, que é uma sátira, e o “Stilo de Vida” que é a número 5, um número de que gosto muito, e é a principal também. Segui com o “Safada”, que tem participação do Ary e acho que fez todo o sentido ali também. Suavemente bazamos para a kizomba que tem ali a minha identidade com o Lupambo, depois passamos para a “Passo no Bloco”, levemente entramos e saímos do registo mais love, aquele gangsta love. E claro, “Zona pa Zona” no seguimento, que assenta bem, é uma faixa do mesmo ambiente, dos mesmos temas. Depois disso temos o “Algo Pa’ Chu..”, que tem aquela vibe do “Qq Se Passa”, mas é mais agressiva, não é tanto a falar de mulheres, mas também tem dicas para rapazes.

Se esse som cai nos clubs, temos caso sério…

Sim, sim. Fui tocar ao Mome e teve muito boa receção, embora ter sido lançada recentemente e não ter tido muita exposição. Quero dar exposição a uma de cada vez, agora dei exposição ao álbum e ao single e a partir de agora, pouco a pouco, quero dar exposição a cada um, quero tratar cada um com o seu carinho. Depois desse tema, passsamos para o “Oh Jéssica”, que é… oh Jéssica [risos]. 

Esse nome da faixa agarrou-me logo…

Ya, o que é que será que ele está ali a dizer? Eu não conheço ninguém que conheça uma Jéssica que não seja bandida [risos]. Mandem DM se souberem de alguém, ya [risos].

Pronto, já sabem… A seguir continuas com o “Boa Menina”, de que falámos.

Ya, para continuar um bocado essa vibe. E para cortar isso temos o “Guardado”, com o Waze, que foi uma faixa muito bem conseguida no streaming e no feedback. Depois, nesse ambiente, há “Quem Sabe Um Dia”, que já tinha saído, e para finalizar bem representamos o Algarve outra vez com a “Atchim”, com o Gangarve. Abri com o Algarve, a meio mais Algarve e fechamos nesse registo também. Posso dizer que este álbum tresanda a Algarve.

Tens também edições físicas do Stilo de Vida, certo?

Sim, quem quiser é só mandar mensagem para @85stilo que fazemos acontecer.

Para fechar, voltamos ao passado. Em 2018 perguntei-te algo que ficou um bocadinho sem resposta e agora quero uma! Neste trabalho tens algumas participações até fora do teu ambiente, mas quero saber qual era aquele feat improvável que gostavas de fazer. Hoje consegues-me dar um nome?

Regula, curtia ya. É uma grande referência minha. A malta pergunta se prefiro Sam The Kid ou Gula, e até acho que o Sam é melhor, mas eu gosto mais do Regula. É estranho, porque a malta não sabe separar, mas identifico-me mais com ele, com a personalidade dele, com o que ele fez… sem o Gancho o rap tuga não estava onde está agora, em termos de concertos, exposição, muita coisa. Eu fui vê-lo ao antigo Seven em Vilamoura, e uns dias antes tinha ido ver o Dillaz, que já estava enorme, mas bro, estava meia casa. No Regula? Muito, muito cheio, tudo ocupado! E o que me cativou é que estava cheio de damas, daquelas que pensas que só vão ver David Carreira, Diogo Piçarra. Normalmente vais a concerto de hip hop e é só rapazes e tal, mas naquele dia não foi assim, muito pesado. Aquilo foi tudo conquistado, fiquei impressionado. O público que estava à volta estava mais aperaltado do que num concerto de hip hop normal e eu gosto de me vestir assim no meu dia-a-dia também. O Possessivo até goza comigo a perguntar se vou a um batizado quando me vê [risos]. Mas ya, aquele ambiente deixou-me mesmo impressionado e cativado. 

Por falar em concertos, alguma coisa preparada?

Fiquem atentos, por agora temos aí uma data na Semana Académica do Algarve [n.d.r.: o concerto aconteceu ontem, 1 de Maio].

Ok, é para ficar bastante atento a isso e também ao que vem a caminho, porque o álbum acaba de sair, mas agora é que vais começar a trabalhá-lo, certo?

Ya, pus o álbum na rua, mas para mim começa agora. Quero tratar com carinho cada som, não quero deixar sons perdidos no meio do álbum. Há muito trabalho prévio, mas também tem que haver muito posteriormente.


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