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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 07/08/2021

De volta ao retrofuturismo.

The Weeknd: tentação e sufoco no primeiro single do “álbum que sempre quis fazer”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 07/08/2021

“Take My Breath” é a nova faixa de The Weeknd e antecipa aquele que será o quinto álbum do cantor e produtor canadiano.

Aos 31 anos, Abel Tesfaye já tem até a sua própria compilação de êxitos, intitulada The Highlights e lançada um par de dias antes de um outro grande feito na sua carreira — a 7 de Fevereiro deste ano, arrecadou um dos melhores espectáculos de intervalo de sempre no Super Bowl LV. É ele também um dos supostos convidados de DONDA, o tão aguardado próximo trabalho de Kanye West, e não há muito tempo ouvimo-lo ao lado de gente tão distinta como Oneohtrix Point Never, Ariana Grande ou, mais recentemente, Doja Cat e Young Thug. No passado mês de Junho, foi ainda confirmada a sua contribuição como actor e co-criador para a série The Idol, que irá para o ar através da HBO.

A última investida a solo data de Março de 2020. Em After Hours, The Weeknd voltou a sentir os sabores do sucesso comercial e da aclamação por parte da crítica, mas nem assim caiu nas graças do comité dos GRAMMYs, que na edição deste ano decidiu não colocar nenhuma das criações do príncipe da pop gélida entre os candidatos para as suas inúmeras categorias. Logo após a divulgação dos nomeados, a reacção do músico foi tempestuosa e arrastou-se para as redes sociais, tendo acusado a organização de “corrupção” e “falta de transparência” e revelado ao New York Times que nunca mais iria permitir que a sua editora submetesse trabalhos seus a essa mesma entidade.

A ideia ainda perdura nos dias de hoje mas, apesar da mágoa, a estrela soube digerir a decisão. O que à partida pareceu uma derrota, logo se transformou em matéria que agora o motiva a querer fazer ainda melhor. “Eu não acredito [que o meu álbum não o merecesse] mas, segundo o critério deles, foi o que foi,” comentou durante a sua recente grande entrevista à GQ, para a qual surge ainda na capa daquela que é a primeira edição global de sempre da revista norte-americana. Questionado sobre se alguma vez tentou perceber o que esteve na base de tal decisão por parte dos GRAMMYs, Abel mostrou-se despreocupado. “Porque essa nunca foi a razão pela qual eu faço aquilo que faço. E estou feliz por poder fazer música sem ter de pensar nisso.”



“Take My Breath” aterrou nas plataformas digitais alguns dias após a publicação da conversa e prova que o Starboy continua na sua, algures num outro lado da galáxia, onde a pressão do exterior não influencia a sua exploração artística dentro de estúdio. A crush que desenvolveu pela pop dos anos 80 e 90 e que fez questão de referenciar em discos anteriores continua lá, mas esta super-produção — levada a cabo pelo próprio The Weeknd, com a ajuda de Max Martin e Oscar Holter, dois pesos-pesados da esfera mainstream com quem já havia colaborado anteriormente — dá uma nova camuflagem a essa sua identidade, com direito a cáusticos arpeggios de sintetizador, que casam na perfeição com o excesso de strobes presentes no videoclipe, e um constante diálogo entre guitarra e baixo cujas pulsações nos fazem equacionar como soaria um hit de Michael Jackson no actual cenário musical.

A descrição que Mark Anthony Green, o jornalista que conversou com o artista para a GQ, arranjou para o próximo álbum, cujo título se especula que seja The Dawn, vai muito ao encontro das ilações que extraímos deste primeiro avanço. Soa a “um encontro entre Quincy Jones, Giorgio Moroder e os discos de festa da melhor-noite-da-puta-da-tua-vida”. Mais contido nas palavras, The Weeknd disse apenas que este se trata do “álbum que sempre quis fazer.”

Embora o sucessor de After Hours seja ainda uma grande incógnita para o comum dos mortais, há muito mais a descobrir na peça que deu entrada na publicação americana no início desta semana — o sonho de constituir família, o abrandamento no consumo de drogas, a escuridão e melancolia que pairam nas suas criações ou a fantasia de vestir a pele de Neo, em The Matrix, são alguns dos pontos abordados pelo canadiano.


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