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Fotografia: Diana Mendes
Publicado a: 06/12/2021

Para manter debaixo de olho em 2022.

SOLUNA: “Não encontrei um canto que pudesse ser o meu, por isso fui à procura disso na junção entre tarraxo e reggaeton”

Fotografia: Diana Mendes
Publicado a: 06/12/2021

Habituámo-nos a vê-la e a ouvi-la atrás de Dino D’Santiago, mas agora decidiu reclamar o seu lugar: “Flaca” é o primeiro single de SOLUNA e conta com a produção do “bruxo melódicoDotorado Pro (e contributo de Toty Sa’Med).

Depois de apresentações ao vivo no Musicbox, no Arroz Estúdios, na Casa do Capitão e até na edição deste ano do Super Bock em Stock (conferimos aí aquilo que vale), esta “filha de Argentina e Angola” mostra que está preparada para se impor como uma das vozes mais pertinentes e frescas em território nacional no próximo ano.

Reggaeton e tarraxo? Misturados? Aceitamos de bom grado. Querem saber mais? Scroll para baixo para conhecer melhor esta pérola afro-latina.



Quero ir já directo ao single, o “Flaca”. Podes falar-me como chegas ao Dotorado Pro para produzir e como foi o processo de criação? 

O Dino D’Santiago enviou-me a demo do beat do Dotorado Pro e sugeriu que fizesse a minha ”magia latina” por cima dele. Trabalhei no tema e na construção dele no meu home studio, e depois de uns meses apresentei a ideia de volta ao Dotorado, que adorou e alinhou em fazer acontecer! “Flaca” contou com também o input do Toty Sa’med na sonoridade da produção — tem sido incrível poder trazer para o projecto tanto talento e skills, artistas com inputs únicos.

Andaste na estrada com o Dino D’Santiago algum tempo, o que deve ter sido uma aprendizagem incrível. Quando é que decidiste que querias tomar o teu caminho a solo? Isso já estava lá antes de estares na banda de apoio ao Dino ou começaste a perceber melhor o que querias enquanto lá estavas?

Desde bem nova tenho vindo a dar shows. Começou com uma banda de família e nos últimos anos passou por duos, trios, por back vocalist também e mais recentemente, a solo como SOLUNA. A estrada com o Dino foi universidade! Cheguei a Lisboa mais ou menos na altura em que comecei a trabalhar com ele (início de 2019), e sinto que foram dois anos essenciais para agora poder pisar firme. Aprendi tanto e inspirei-me tanto mais porque, literalmente, cada concerto foi único. Ele tem esse super poder de conseguir fazer o mesmo repertório soar fresh que nem a primeira vez, com entrega e energia sempre genuínas ao público. Levo muito disto comigo para os meus concertos. Ele uma vez disse-me: “Sol, quando estiveres no palco a cantar os teus sons nunca dês as costas ao público. Toda a energia que precisares para fazer acontecer vais encontrar na troca com eles, coração virado para eles”. E tenho sentido bué isso. 

Mesmo antes de lançares música em teu nome, deste alguns concertos. Como é que foi fazer estas datas ainda sem canções lançadas e quais foram os pontos positivos e negativos que retiraste disso?

Tem sido o meu pão de cada dia isto de dar concertos sem música cá fora! Desde os 14 anos que componho e sempre fiz questão de pelo menos incorporar os originais no meio de covers nos concertos que tenho tido. Tem sido incrível o aprendizado — entender o impacto da composição, do arranjo da canção e da produção do beat diretamente com os ouvintes ao vivo. Então, para mim, o show é um momento essencial de troca em que toda a energia que pus no momento de criar em  estúdio volta a triplicar. Recomendaria a todos os artistas que estiverem a começar a não perder uma oportunidade que seja de tocar os seus temas ao vivo e, no geral, a não ter medo de cantar de peito cheio e bem alto a sua verdade e mensagem, sem medo de talhar o seu próprio caminho nesta indústria musical.

Apresentas-te aqui, no “Flaca”, com uma junção entre reggaeton e tarraxo, que soa fantasticamente bem. Pegando em algo que está no press, há aqui uma pretensão pensada de unires ritmos afro com ritmos latinos, quase como um statement, ou foi tudo natural?

A questão não foi arquitectada, mas foi certamente pensada, do género: eu, mulher latina africana, filha de Argentina e Angola, [o que é] que posso partilhar de único com as pessoas? Qual pode ser a minha janela de fala? Tudo foi me empurrando para este caminho de sonoridades onde reflicto muito do que é o meu dia a dia como filha da mistura, começando pela expressão, o idioma. Quem me conhece sabe que em conversas do quotidiano o português, o espanhol e o inglês fazem sempre parte do meu discurso. Vejo sempre idiomas como canais de expressão e tem palavras e expressões que só existem, ou só fazem sentido, num idioma em específico, e por consequência disto tudo a minha música tem este mesmo saltitar linguístico. A escolha rítmica, harmónica e melódica é, na mesma linha que a questão do idioma, um resultado da mistura de toda a música a que estive exposta ao crescer: muita música latina e muita música africana. Em toda a sua amplitude, dentro desta grande panóplia, não cheguei a encontrar um canto que pudesse ser o meu, pelo que fui à procura desta mistura que apresento no ”Flaca” e em outros temas que tenho tocado recentemente ao vivo — essa junção entre tarraxo e reggaeton.

Olha, o que podemos esperar daqui para a frente? Há um EP ou álbum na mente? Este single faz parte um projecto maior?

Certamente mais música vem a caminho — produções 100% minhas, co-produções, participações fortes, enfim, vem a caminho EP no início do ano que vem, cuidado!


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