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[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] Follow Creative Studio
sleep在patterns lançou um novo disco instrumental no passado fim-de-semana. wake up sleep é o sucessor de Blu Box, projecto que foi editado há pouco mais de um ano.
Na vida de Cláudio Martins, a linha que separa o sonho da realidade é ténue. As suas produções reflectem isso mesmo, um método de transporte pouco convencional que lhe permite viajar entre o imaginário e o autêntico, o espiritual e o físico, o experimental e o concreto. No seu novo trabalho, sleep在patterns sonha acordado com a ajuda dos seus teclados, percorrendo os terrenos que o ligam à melancolia daqueles momentos que apenas tiveram lugar na nossa cabeça e estão longe de ser alcançáveis pelo seu físico.
Embora tenha recorrido menos a samples de material de outros artistas, wake up sleep tem a mesma essência poeirenta que encontramos nas técnicas utilizadas para a produção de batidas lo-fi. Ao todo são 21 mantras para manter em rotação quando o sol teima em ficar escondido e não existe melhor zona de conforto do que a área que abrange as paredes do lar.
Gostava que começasses por explicar este título. Porquê wake up sleep?
wake up sleep surgiu quase como um mantra interior que, com o tempo, se foi acentuando no meu pensamento, conforme me envolvi mais com o nome “sleepinpatterns”. O nome surge da relação que tenho com o sono, com o sonho, e a nostalgia que é criar a partir dessas ligações. Criar é quase como sonhar acordado, de certa forma.
A frase é quase como um chamamento. wake up sleep reflecte a urgência do acordar rapidamente do sono ou do estado de sonolência para um estado de consciência sobre a vida. De certa forma, foi neste processo entre dormir, sonhar e acordar que tudo se foi transformando, sinto que é daí que a música vem no fundo, vem da atenção que damos ao tamanho da abstracção provocada por determinado estímulo e é dessa reacção que nasce a vontade de acordar, de criar e repeti-lo vezes sem conta. É como num sonho.
Até onde te levou o trabalho de digging e de que forma é que processas os samples que vais encontrando? Há também espaço para instrumentos reais/virtuais neste wake up sleep?
Neste álbum não foi tão aprofundado o digging por samples, talvez mais a nível de grooves de percussão tenha samplado mais. No entanto, grande parte dos samples que se ouvem neste projecto foram tocados a partir de sons de teclados como o meu Casio, o Korg XL Mini e um Yamaha antigo, e tanto a parte rítmica como melódica acabam por ser formadas com raiz nestes instrumentos digitais/analógicos. No final, acaba por ser tudo um efeito de resampling, visto que algumas das vezes volto a processar efeitos por cima de sons já com efeitos prévios, com intenção de puxar outras características do próprio som individualmente. Isto pode acontecer com qualquer sample e as possibilidades são infinitas em termos de moldar o som para soar de diferentes formas.
Tinhas dito que este projecto ia ser muito mais visual do que os anteriores. Que conteúdos ainda tens reservados para dar mais vida a este wake up sleep? Poderá vir aí uma espécie de projecto audiovisual?
Sim, o facto de sentir que as músicas puxam sempre esse lado mais visual acaba por também me fazer ir nessa direcção. Até agora foram feitos 3 vídeos para três das faixas presentes no álbum. Como o álbum tem 21 faixas, é necessário haver uma selecção das que se enquadrem mais para o tipo de visual que vai ser feito. No entanto, a ideia de um vídeo-disco foi até equacionada para este projecto mas, tendo quase 1 hora de duração, acabaria por se tornar numa espécie de filme, o que torna este formato ainda mais interessante de se trabalhar mas exige que as coisas se componham num tempo de trabalho mais alongado para que, no final, esteja tudo como suposto. É uma ideia que ainda está presente e que estou a considerar certamente para outros releases futuros.
sleep在patterns sobre wake up sleep: “Vai ser muito mais visual”
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