pub

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 19/10/2019

Silvestre Is Boss é o título do novo EP do produtor português.

Silvestre estreia-se pela Secretsundaze: “Para mim ainda é um bocado surreal eles editarem a minha música”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 19/10/2019
No dia 11 de Outubro assinalou-se a estreia de Silvestre pela londrina Secretsundaze. Silvestre Is Boss é o título escolhido para o EP, que compila cinco faixas originais e uma remistura assinada por D.K.. O projecto está disponível nas plataformas digitais e terá em breve uma edição em vinil de 12″. Após vários anos emigrado em Inglaterra, João Silvestre regressou recentemente a Portugal, mas não deixou de dar cartas em Terras de Sua Majestade, antecipando, em conversa com o ReB, de que tem estado a estabelecer parcerias com outras editoras londrinas através das quais nos fará chegar novos trabalhos. Em Janeiro passado, o produtor lançou o curta-duração Girar pela japonesa Diskotopia, antes de voltar a vestir a pele de Retarded Temaki em CARDUME, um LP carimbado com o selo da cooperativa COLÓNIA CALÚNIA. Entre hip hop, house, dub ou até reggaeton, Silvestre Is Boss representa uma aposta arrojada por parte da Secretsundaze, que esteve afastada do mercado durante alguns anos e procura agora ganhar um novo fôlego afastando-se da fase “industrializada” que atravessa actualmente o techno.

Há praticamente um ano apresentaste-me o All The Things como o EP “menos sério” de tua carreira. A julgar pelo título, o Silvestre Is Boss parece apontar para uma direcção completamente oposta. Como classificas este teu último trabalho? Na verdade acho que está com uma vibe parecida (na minha cabeça, pelo menos [risos]). Neste EP eu quis fazer um bocado de egotrippin’ ao utilizar a minha própria voz, tentar mesmo assumir que estou aqui e que os meus beats são fodidos. Há uma cena que eu curto passar que é: eu, quando faço música, esforço-me e tento fazer o melhor possível, mas acho que pode haver um bocado de humor lá para o meio, porque faz parte da minha personalidade. Assim como acho que ser sisudo não é sinónimo de ser competente, é só ser sisudo, usar um bocado de palhaçada não significa que me esteja a cagar para isto, ou que vou fazer uma cena com qualidade reduzida. O disco leva-te até à Secretsundaze, uma editora que tem primado por dar voz aos produtores da cena electrónica menos convencional. Como é que se deu esta ligação e o que significa para ti fazer parte deste catálogo? A Secretsundaze existe há mais de 20 anos. O seu foco principal é organizar festas e são um nome icónico em Londres. Para mim ainda é um bocado surreal eles editarem a minha música, por dois motivos: eles tradicionalmente editam mais produtores dos EUA (DJ Qu, Fred P ou Amir Alexander); depois a editora deles já estava parada há alguns anos. Mas a verdade é que eles andavam a tocar uns sons meus no programa de rádio e então mandei-lhes umas malhas unreleased para ver se eles tocavam. E pronto, eles abordaram-me em relação a fazer um EP, e explicaram-me que andam a fazer um refresh da cena deles através da label e que fazia sentido editar produtores mais up and coming e com uma vibe mais leftfield do que o habitual. Silvestre Is Boss está carregado de breaks mas não mete de lado influências vindas de universos tão distintos como o house ou até o dub, com espaço até para uma nova reinterpretação do famoso “Diwali Riddim”. De que forma abordaste a criação destes temas? Era algo que tinhas imposto a ti próprio logo à partida, esta mistura de sonoridades? Ai, eu não conhecia esse culto do “Diwali Riddim”! Estou agora a ouvir, isto é perfeito, sempre os mesmos drums usados pela Lumidee. Lindo [risos]. Epá, eu na minha cabeça estava só a samplar o som da Lumidee, “Uh Oh”. Eu há algum tempo que andava a querer usar esse sample, até porque já bué gente o fez. Eu curtia usá-lo num som com uns pads mais dreamy e pronto. Mas ya, eu estou sempre a misturar géneros e a misturar influências por várias razões. Eu canso-me se ficar sempre a ouvir a mesma coisa e, pá, há musicas de house e techno que são uma seca, sempre iguais. Então vou metendo outros estilos e samples às vezes, para surpreender-me a mim e para ser mais divertido. Recentemente regressaste a Portugal. Esta mudança teve alguma influência no delinear do EP? O EP já estava fechado quando aterrei em Portugal. Mas vão sair outros EPs em breve, por editoras de Londres que respeito muito, em que alguns dos sons já foram feitos em Lisboa. Mas eu aterrei há três meses, acho que ainda não sinto a influência de Lisboa na minha música.

pub

Últimos da categoria: Curtas

RBTV

Últimos artigos