pub

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 27/02/2019

CARDUME contém dez faixas instrumentais do produtor português sediado em Londres.

COLÓNIA CALÚNIA: nova temporada arranca com LP de Retarded Temaki

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 27/02/2019

Retarded Temaki é o autor de CARDUME, o primeiro lançamento de 2019 por parte da turma COLÓNIA CALÚNIA. O álbum instrumental contém dez temas e tem capa da autoria de Sérgio Faria.

CARDUME sucede ao EP homónimo do produtor, que se estreou há um ano pelo colectivo fundado por VULTO.. Agora num formato mais longo, Retarded Temaki continua a explorar a arte das batidas de hip hop através de uma visão de um discípulo da música house e techno, adaptando-se aos mais variados terrenos abrangidos por esta cáustica mescla de géneros: do banger subterrâneo de “à roda” ao hipnótico “almas vagueiam pela casa”, passando pelas texturas misteriosas de “até ao outro lado” e piscando até o olho ao tarraxo numa psicadélica deambulação pelo “parque à noite”.

Retarded Temaki é João Silvestre, DJ e produtor português, que actualmente se encontra sediado em Londres, apresentado à comunidade hip hop pela mão de Vilão, que contou com três dos seus beats em Mau da Fita. Além do EP de estreia em COLÓNIA CALÚNIA, 2018 viu também nascer All The Things, assinado enquanto Silvestre para a sua Padre Himalaya, uma net-label orientada para electrónica que faz mexer com o corpo e a mente.

O artista falou com o Rimas e Batidas e explicou a receita para este CARDUME, desvendando também alguns dos seus planos para 2019.



Apresentas hoje o sucessor do teu projecto homónimo por COLÓNIA CALÚNIA, no qual continuas a percorrer um caminho sinuoso entre o hip hop e a IDM. Qual é que foi a receita para chegar a estes temas?

A receita é sempre a fazer beats. Depois há uns que oiço e penso “epá, está a ficar fodido“. Também mostro à minha namorada todos os beats. Se ela estiver a apanhar uma seca, normalmente é porque são podres.

Pelo caminho editaste também um trabalho pela tua Padre Himalaya. Do teu ponto-de-vista, em que difere o CARDUME desses teus últimos dois projectos?

Desde sempre que os meus sons todos têm uma vibe dreamy e com influências em cenas de rap que vou ouvindo. Trago o sempre o hip hop para o techno/house e vice-versa. É que eu nem tento que seja assim, mas vai sempre lá parar. Isso acho que é a ponte que vai unindo os meus EPs e álbuns desde que comecei a fazer música. Mas este projecto acho um bocado mais emocional e não tão humorístico. Mais sobre momentos em que passo sozinho em Londres, quando estou mais a reflectir, a observar, e me lembro de pessoas de quem tenho saudades em Portugal, de não ter passado tempo suficiente com elas, ou de ver a vida das pessoas a seguir em frente e eu não acompanho esses passos porque vivo noutro país. Vai na volta, fico a navegar em pensamentos do género “como seria a minha vida se tivesse ficado em Portugal?” Era como se imaginasse uma segunda vida [risos]. Acho que o álbum reflecte um bocado isso também, olhar para minha vida como se tivesse a ver de fora. E como me faz lembrar de momentos em que estou a observar a minha vida e a dos outros a passar, chamei o projecto de CARDUME — ver várias vidas a passar-te à frente numa direcção, tão rápido que, quando dás por ti, já passou.

Os temas que aqui apresentas foram todos compostos durante os últimos meses ou há aqui um trabalho mais longo, de maturação, com muita experimentação e manipulação de samples e instrumentos virtuais? Como é que trabalhas as faixas no teu home studio?

Há sons aqui já com alguns anos. O “kebab” já tem para aí quatro anos, por exemplo. Tenho sempre bué sampling nos meus sons, bué granular sampling, com o ixiQuarks — acho que vou tatuar ixiQuarks no braço, estou sempre a falar desse software. Mas tem muito mais synths do que o habitual e até o acho mais melódico, o que é algo que eu quero bué melhorar, às vezes fica meio básico de mais. Home studio é Ableton Live e sampling para cima, com o ixiQuarks. Agora comprei dois synths numa feira, vamos ver no que vai dar. Mas lá está, se continuar podre a tocar piano, nem vale a pena ter synths. A ver se melhoro, se não mais vale dar os synths a quem dê melhor uso.

Que planos traçaste para o teu ano de 2019? Há por aí mais projectos no teu horizonte ou novas iniciativas por parte da Padre Himalaya?

Este ano, em princípio mais para o fim, devo lançar outro EP, que já acabei há algum tempo, como Silvestre. Fodasse, curtia bué trabalhar com alguns rappers da tuga, também, ou de Inglaterra. Tenho de melhorar os meus beats para eles não me darem “barra”. Depois poderão existir aí umas surpresas como Silvestre. Vamos lá ver.

Padre Himalaya é a procura eterna por artistas que me dêem “pica” editar. Estou agora a continuar a editora sozinho, estou a passar pela “travessia no deserto”, como diz o Augusto Inácio. Mas nem vale a pena editar música regularmente só porque sim, isso é podre. Este ano vou tentar fazer uma cena diferente, mais numa de dar o meu love a DJs que são mesmo influências para mim. E depois, é assim, quando editar a quinta release vai ser do caralho, como sempre!


pub

Últimos da categoria: Curtas

RBTV

Últimos artigos