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Se as noções de género às vezes colidem nas visões particulares de cada um, há quem decida baralhar ainda mais as conversas quando os usa de forma adulterada. Na selecção desta semana, a palavra “punk” aparece em grande destaque, mas a verdade é que a música soa a tudo menos a isso (ou às suas variações mais ou menos conhecidas) — nada que torne o produto final menos interessante.
Para além dos projectos em foco, André Carvalho (Lost In Translation), Pedro Melo Alves (Lumina), The Rite of Trio (Free Development of Delirium), Constança Quinteiro (Aventurina), Kacy Hill (Simple, Sweet, and Smiling), Raquel Martins (The Way) e Zack Fox (shut the fuck up talking to me) vieram com propostas que merecem um pouco do vosso tempo.
[Young Thug] Punk
Se falarmos dos rappers mais influentes da última década, Young Thug aparece bem alto na lista. Figura quase alienígena no universo rap — e a recente entrevista publicada pela Complex só corrobora isso mesmo –, o artista de Atlanta procura em Punk outras águas onde mergulhar a sua voz processada, rodeando-se de guitarras e super estrelas como Gunna, Future, A$AP Rocky, Drake, Travis Scott, Doja Cat, Juice WRLD e Mac Miller para ganhar tracção nessa exploração.
[Beatoven] Mind Frames
Mind Frames é o título do álbum de estreia de Beatoven, produtor que aspira a meter o “super” antes com um ambicioso projecto de 19 faixas. De Ivandro e T-Rex a MOBBERS e Kelson Most Wanted, passando por MGDRV, Phoenix RDC e 9 Miller, vários são os convidados a abordarem os seus instrumentais que contêm elementos de trap e cadências afro.
[Gangster Doodles] Gangster Music Vol.2
DāM-FunK, Ovrkast, Knxwledge, Liv.E, Iman Omari, Zeroh, Teebs, M.E.D., The Gaslamp Killer, Lil B, Lord Apex, Open Mike Eagle, Mr. Muthafuckin’ eXquire e Koncept Jackson são alguns dos artistas que contribuem para o segundo volume de Gangster Music, compilação pensada pelo ilustrador canadiano Gangster Doodles. Tempo de se ser estranho à boleia de caras conhecidas.
[Kirk Knight] After Dark
Antecipado pelos avanços “Sunset” e “Call It Quits”, After Dark, o novo projecto de Kirk Knight, chegou sem grande burburinho, trazendo agarrado a si um par de curiosidades que importarão àqueles que foram acompanhado Joey Bada$$ e companhia: este é o seu primeiro trabalho a sair pelo selo da Blacksmith Recordings (o que terá acontecido com a Pro Era?) e está mais virado para um r&b importado do Canadá.
[Remi Wolf] Juno
Remi Wolf emana uma energia especial, que pode ser obviamente detectada quando ouvíamos a sua música. Porém, a passagem pela “cave” do produtor Kenny Beats foi decisiva para entendermos de que qualidades era feita. Em Juno, a artista traz a sua descontracção absolutamente contagiante para o centro — e relembra-nos que realmente a pop pode soar divertida e honesta.
[Joy Crookes] Skin
De que pele é feita Joy Crookes? Ainda estamos a descobrir, isso é certo, mas a jovem artista, acabada de celebrar o seu 23º aniversário, desvenda-nos um pouco os mundos que a sua voz contém. Nas 13 canções que compõem o seu álbum de estreia, a cantora canaliza a energia soul que os SAULT têm trazido para a mesa — e, por momentos, remete-nos ainda para ambiências de Woodkid e do seu The Golden Age.
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