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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 03/11/2023

Outras possíveis rotas urbanas.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de Tácio, Sónia Trópicos, Tkay Maidza, Actress ou Lady London

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 03/11/2023

A música urbana encontra-se a ser celebrada no Mucho Flow e no Jameson Urban Routes, os dois festivais que o Rimas e Batidas está neste momento a assumir cobertura através de reportagens. Entre venues e idas ao escritório, há sempre margem para escutarmos o que vai sendo editado a nível discográfico e que se poderá também manifestar em palcos num futuro breve. Depois da entrevista aos Afrokillerz, a propósito do seu novo UKÄRÄ, destacamos por aqui mais 9 obras que hoje viram a luz do dia.

Se tempo é um ingrediente que têm de sobra, podem sempre navegar por vocês mesmos por entre os trabalhos também lançados por Jockstrap & Taylor Skye (I<3UQTINVU), Sen Morimoto (Diagnosis), bar italia (The Twits), Tee Grizzley (Tee’s Coney Island), Ian Sweet (SUCKER), Jean-Michael Jarre (OXYMOREWORKS), Majid Jordan (Good People), Joey Alexander (Continuance), Matmos (Return to Archive) e Amor Muere (A Time to Love, a Time to Die).


[Tácio] Tanto Faz

Apesar de curto em extensão, há em Portugal alguma diversidade regional no que ao rap diz respeito. Nesse sentido, não é um “tanto faz” quando falamos de um rapper do Algarve ou do Alentejo, do Minho ou do Centro, da capital ou — e em especial — do Porto. Tanto Faz é (mesmo antes de o ser, até) um disco de hip hop à Porto, porque Tácio é, logicamente, um MC à Porto. É o sotaque? Nem tanto. As temáticas? Não é bem por aí. A estética? Sim, mas não só. No fundo, é um conjunto de idiossincrasias subtis, mas palpáveis, que fazem deste rap único, que ao longo dos anos vai renovando a sua discografia identitária. Agora é a vez de Tácio, assistido por Martello Sousa, deixar a sua marca nesse catálogo imaculado.


[Sónia Trópicos] Singela

Sónia Trópicos está de volta aos curta-durações. Singela traz mais meia dúzia de faixas editadas pela produtora da Margem Sul através dos quartéis da Cosmic Burger. Em 2022, Sónia Margarido já se havia estreado nesta casa editorial com Astral Anormal em dose equivalente, e neste segundo EP continua a explorar as suas capacidades criativas, desta vez com a canção popular como matéria-prima a desconstruir. 


[Actress] LXXXVIII

Ser actor — ou Actress, neste caso — é também usar máscaras. A de Darren Cunningham, músico britânico que chegou a jogar profissionalmente no histórico clube de futebol West Bromwich Albion (até o virar do milénio lhe trazer uma lesão grave, forçando-o a trocar os relvados por outras pistas), é especialmente enigmática. À imagem da sua própria música, aliás. E LXXXVIII, o seu novo disco a ser editado pela Ninja Tune, é mais uma prova cabal do misticismo que a sua criação artística contempla.


[Resavoir] Resavoir

Há quem até na hora de dar nomes às coisas não negligencie o exercício da criatividade, e depois há gente como Resavoir, que, talvez mais preocupado em concentrar esforços na criação musical propriamente dita, simplifique os títulos e os termos ao máximo. Assim, Resavoir volta a dar nome a um trabalho discográfico de Will Miller. Novamente sob a batuta da International Anthem, o produtor e compositor de Chicago — que já tocou para figuras como Chance The Rapper, Lil Wayne ou Mac Miller — apresenta o seu segundo longa-duração a solo, reacendendo o espectro luminoso que a sua por norma nos traz.


https://open.spotify.com/album/2TvE3Ck4cUcXwwD7bkO7pl?si=5576fd7c3bf14ecd

[Tkay Maidza] Sweet Justice

Não somos nada apologistas do jargão publicitário aplicado ao jornalismo, para promover o clique imediato, que se faz de apenas duas palavras: pára tudo. E serve a excepção para confirmar essa regra. Porque quando o beat é de KAYTRANADA, e a voz de Tkay Maidza, ainda que a tentação seja, efectivamente, a de mandar parar tudo (trânsito, máquinas de produção, o que quer que seja…), a reacção deveria ser precisamente a contrária. “Ghost!”, tema que junta estes dois diabólicos cúmplices na oitava faixa de Sweet Justice, é argumento mais que suficiente para mandar toda a gente mexer-se. E se esse não bastar (hipótese altamente improvável), é seguir a ordem definida no novo disco da australiana nascida no Zimbábue, e logo se verá quem consegue, realmente, parar seja o que for.


[Kevin Abstract] Blanket

American Boyfriend: A Suburban Love Story (2016) foi um disco fundamental na afirmação do ex-BROCKHAMPTON Kevin Abstract a solo. ARIZONA BABY (2019) apenas veio confirmar o potencial diferenciador daquele que desde cedo se evidenciou como uma espécie de líder do grupo texano. E Blanket surge agora já numa fase pós-boyband — tomando por definitivo o final da banda anunciado antes da edição de uma dose dupla de últimos trabalhos conjuntos, The Family e TM (2022) —, um terceiro trabalho em nome próprio para Clifford Ian Simpson que, pelas contas tradicionais, será o mais determinante na definição artística do polímata norte-americano. Bom, a julgar pela primeira escuta, o caminho far-se-á bem longe do rap… Como seria de esperar, aliás.


[Kyle Quest] get involved.

Começou como baterista dos Zanibar Aliens — banda na qual milita, também, o por esta altura bem mais popular Filipe Karlsson — e até acompanhou Mishlawi na estrada de baquetas na mão. Mas a quest de Kyle era outra: sob um novo alter-ego, Diogo Braga lançou-se a solo e fê-lo à boleia da sua própria voz. Depois de um primeiro EP, Be a Good Boy, editado em 2021, o músico de Cascais tem finalmente um primeiro longa-duração em mãos. E para quem começou logo a partir a casa toda enquanto rockeiro de retaguarda, get involved. revela-se na ponta oposta do espectro sonoro — o que só traduz, de antemão, uma versatilidade admirável em Kyle Quest.


[João Frade & Bruno Santos] Rascunhos

Dos rascunhos à peça final podem ir voltas sem fim ou ajustes exaustivos. Mas o rascunho é sempre o génesis para o que no final poderá já nem se assemelhar de maneira nenhuma à ideia de partida. E no caso de João Frade e Bruno Santos, esse ponto de partida passou pela base do processo criativo conjunto: o diálogo. Assim, trocaram-se ideias, perspectivas, pontos-de-vista, sobre o que representam os sons vindos do Brasil, de África, também de Portugal, e demais pontos do globo cuja música (até a mais tradicional) se vê amplamente categorizada por “world music”. O resultado espelha a beleza do processo.


[Lady London] S.O.U.L.

Qual será o significado do acrónimo S.O.U.L., aplicado ao primeiro álbum a solo de Lady London? “Só Ouve Um Longa-duração” faria sentido para quem se esquece aqui do “H”. Porque de resto não chegamos lá sem a ajuda da própria. Certo é que nesse primeiro longa-duração em nome próprio, a “senhora capital britânica” não só rappa do princípio ao fim como assume, também, a produção executiva do disco. E o seu tom é paradigmático da própria postura enquanto artista: é ela quem está no comando a toda a hora.

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