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Texto: ReB Team
Fotografia: Amber Pinkerton
Publicado a: 25/04/2025

Banda sonora para a Liberdade.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de Nazar, Fly Anakin, Salami Rose Joe Louis ou Emma-Jean Thackray

Texto: ReB Team
Fotografia: Amber Pinkerton
Publicado a: 25/04/2025

No feriado mais importante de Portugal, não podemos deixar de assinalar as conquistas do passado que hoje nos permitem ser verdadeiramente livres, sem quaisquer amarras ou forças opressoras. Embora seja um tipo de Liberdade diferente, por cá gozamos desde sempre dessa importante condição que nos permite ir mais além para desbravar novos e diferentes terrenos sónicos, sem termos de nos comprometer com algum tipo género musical e ignorar tudo o resto que surge à volta. Isso volta a ser reflectido em mais uma Sexta-feira farta, de longe a mais “carregada” do presente ano de 2025 até ao momento, onde electrónica, rap, jazz ou R&B convivem em perfeita harmonia por entre uma selecção de 8 discos curada pela equipa do Rimas e Batidas.

Mas se têm camioneta a mais para a areia que oferecemos, podem ainda abastecer-se com o que editaram também Filipe Sambado & Coro Quis Saber Quem Sou (Quis saber quem sou – um concerto teatral), Myles 6ix & ICECOLD (Caco Por Dentro), Isak, Zigarro & Armando Teles (Peso Morto), Catarina Castanhas (Eclipse), Carl Karlsson (Caminhos), Light-Space Modulator (The Rising Wave), DjRUM (Under Tangled Silence), Omari Hardwick (Rize of the Sunz ’21 Boyz to Men’ (The Crown)), Tennis (Face Down In The Garden), Harry Shotta (Odyssey), Batu (Question Mark), ANKHLEJOHN (GRACE GIVEN), Natural Information Society & Bitchin Bajas (Totality), Deerhoof (Noble and Godlike in Ruin), Sumac & Moor Mother (The Film), Pharmacist (BIG PHARMA), Coco Jones (Why Not More?), Maria Usbeck (Naturaleza), Femi Kuti (Journey Through Life), Ledisi (The Crown), d4vd (WITHERED), Luke Stewart (The Order), Cam Archer & Nabeyin (BANNER BOYS), Fatboi Sharif & Driveby (Let Me Out), DESTIN CONRAD (LOVE ON DIGITAL), Kai Ca$h (CASH RULES), Jeff Goldblum & The Mildred Snitzer Orchestra (Still Blooming), Viagra Boys (viagr aboys), BIG|BRAVE (OST), Lila Tirando a Violeta (Dream Of Snakes), quinn (of the world), Eliana Glass (E), Wishy (Planet Popstar), fib (Heavy Lifting), Raf Reza (Ekbar), David Murray Quartet (Birdly Serenade), Cyrus Chestnut (Rhythm, Melody and Harmony) e Cloth (Pink Silence).


[Nazar] Demilitarize

Nazar afasta-se do “rough kuduro” de Enclave EP (2018) e Guerrilla (2020) para abraçar o negrume etéreo no seu terceiro disco, Demilitarize, hoje selado pela irreverente editora britânica Hyperdub. Influenciado por uma experiência pessoal de doença grave e por referências a obras de ficção científica como Ghost in the Shell, o produtor angolano mergulha a fundo nas suas emoções, explorando ambientes mais esparsos, com vocais submersos e um conjunto de atmosferas que tanto podem ser oníricas ou assombrosas, evocando mensagens de vulnerabilidade, renascimento e desmilitarização — tanto física quanto emocional.


[Fly Anakin] (The) Forever Dream

Novamente selado pela inglesa Lex Records, (The) Forever Dream representa uma fase de liberdade criativa para Fly Anakin. Produzido por gente como The Alchemist, Quelle Chris ou Child Actor, o projecto incorpora colaborações com rappers como Pink Siifu, BbyMutha, $ilkmoney, lojii e Denmark Vessey ao longo das suas 16 faixas. Esteticamente, o sucessor de Frank (2022) mistura hip hop com influências de jazz psicadélico, apresentando o habitual jogo de rimas complexas do MC de Richmond, Virginia, sobre batidas artesanais com grooves descontraídos.


[Salami Rose Joe Louis] Lorings

Salami Rose Joe Louis volta à editora de Flying Lotus, a Brainfeeder, para lançar um novo LP que marca uma viragem íntima e emocional na sua carreira. A artista californiana nascida Lindsay Olsen, conhecida pelas suas narrativas sci-fi e colagens sonoras excêntricas, opta aqui por uma abordagem mais introspectiva, explorando temas como síndrome do impostor, desilusões amorosas, relações familiares e frustrações com a indústria musical. Produzido quase inteiramente na sua workstation Roland MV-8800, Lorings apresenta uma fusão delicada de pop experimental, jazz electrónico e texturas lo-fi, contanto ainda com colaborações de artistas como Flanafi, Omari Jazz e Luke Titus.


[Emma-Jean Thackray] Weirdo

Grunge, pop, soul, p-funk e jazz são as coordenadas que Emma-Jean Thackray aponta na rota do seu novo disco, que a levou pela primeira vez ao catálogo da Brownswood, a editora fundada pelo renomado DJ e radialista Gilles Peterson. Weirdo é uma obra profundamente pessoal que reflecte luto, identidade e neurodivergência, no qual a artista britânica canalizou toda a sua dor e a resiliência após a perda repentina do seu parceiro em 2023. Com 19 temas, incluindo colaborações com Reggie Watts e Kassa Overall, o sucessor de Yellow (2021) destaca-se pela sua autenticidade e pela forma como desafia convenções musicais, ao mesmo tempo que promove a dança coo forma de celebrar a sobrevivência.


[DDPF] Di Dentu Pá Fora

Dino D’Santiago tem estado a desenvolver o projecto de reinserção social Di Dentu Pá Fora, através do qual trabalha directamente com os reclusos da prisão do Linhó com vista a ajudá-los a mudar os rumos das suas vidas com o auxílio da música. O professor, maestro e compositor Filipe Gameiro Neves coordena a iniciativa que hoje viu nascer o primeiro disco, que conta também com um forte input de Berlok na produção. São 11 músicas originais criadas e gravadas pelos formandos da escola daquele estabelecimento prisional, onde podemos escutar histórias de aprendizagem, sofrimento, amor ou saudade através de diferentes vias — do rap interventivo à balada cigana.


[Toupeira Guilhotina] EPIDERME

Andam entre a música criativa e a acção cultural subversiva. Dão-se pelo subterrâneo, usando o nome desse animal escavador a que aliam a lâmina para decapitar as ideias da intolerância. Toupeira Guilhotina surgem hoje com o segundo registo pela Profound Whatever, EPIDERME, uma obra que os mostra enraizados no terreno fértil da liberdade, feito de assertividade neste tempo urgente e de combate. A conjugação sonora de João Clemente (guitarra, e sintetizadores), Gonçalo Alves (na bateria e percussão), Nuno Jesus (baixo eléctrico) e Bernardo Rocha (na voz, trompete, poesia e percussão) traz o orgânico junto ao processamento da variada instrumentação num longa-duração envolto em terra para denunciar quem mau uso dela anda a fazer. Como os próprios melhor definem, tratam-se de “universos poéticos, focados em temas urgentes, tecendo um ácido alfabetário com alvos assumidos. De guilhotina afiada, ausente de tolerância contra intolerantes, aborda a degradação das instituições em Portugal, o ausente e promíscuo Boaventura Sousa Santos, a incompreensível obscuridão da condição piromaníaca de uma derme cada vez mais queimada e incapaz de se proteger.” É da natureza das topeiras fazer arejar o solo. E ar fresco precisa-se!


[Niontay] Fada<3of$

Fada<3of$ é uma homenagem emotiva a um amigo falecido em 2009. Niontay, rapper e produtor que nos tem acenado a partir de Brooklyn, explora aqui temas de luto, legado e celebração da vida, mantendo uma abordagem musical tão vibrante quanto experimental. Saído com a chancela da 10k, do seu amigo MIKE, o disco combina produções que fogem às normas com um amplo leque de interessantíssimas participações — desde as rimas de MAVI, Jadasea ou Sideshow, às batidas cedidas por Tony Seltzer, DJ Blackpower (alter ego de MIKE) e Harrison do irreverente colectivo Surf Gang.


[Silas Short] LUSHLAND

O novato Silas Short volta à casa pela qual se estreou com um EP, a Stones Throw Records, para agora inscrever o seu nome em LUSHLAND, o primeiro álbum. Esta é uma jornada de auto-descoberta que medita em torno de sentimentos como perda, mudança e aceitação e começa a delinear-se após uma experiência pessoal marcante em 2021, quando o jovem músico deixou Chicago rumo a Los Angeles na busca por novas possibilidades e inspiração. Combinando elementos de R&B, funk ou reggae, Short alcança aqui uma sonoridade que remete a influências como Erykah Badu ou D’Angelo, contaminada pelas ajudas dadas por James Poyser, Ryan James Carr, Kiefer e Peanut Butter Wolf no capítulo da produção.

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