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Última hora: não vos trazemos números da distopia lá fora; apenas alguns sons dos Cabaret Voltaire, se vos apetecer. No noticiário do Rimas e Batidas, a agenda de sexta-feira é consistente: eis uma avalanche de lançamentos com os quais se podem empanturrar, ou filtrar para uma tarde de suave descoberta. Ganhem postura com Megan Thee Stallion ou ginguem docemente com The Tibbs e Lindstrøm & Prins Thomas. Oiçam o mundo a arder com SAINt JHN ou fujam para o espaço sideral com Rob Mazurek. Façam o que fizerem, saboreiem tudo e mantenham-se seguros.
[Megan Thee Stallion] Good News
Dizem os estudiosos do jornalismo que algo tem mais probabilidade de fazer notícia quando associado a uma figura de alto impacto — será Megan Thee Stallion uma académica em disfarce? Good News é o primeiro álbum da rapper que tomou 2020 com força taurina: chegou a número 1 dos EUA com “Savage”, onde se sagrou primeira-dama da cidade de Houston — ao lado da presidente Beyoncé — e regressou ao cume ao lado de Cardi B, na sísmica “WAP”. Outros nomes constam neste pacote, como SZA, DaBaby, City Girls, Big Sean ou 2 Chainz, mas é Megan quem toma as rédeas deste disco (sucessor de 3 EP) estrepitoso, sexual e descarado. Por outras palavras, é Megan Thee Stallion em forma de álbum.
[Cabaret Voltaire] Shadow of Fear
Os pioneiros Cabaret Voltaire já foram três. Agora são apenas Richard H. Kirk: esse que ajudou a erguer um dos pilares do som (e não apenas da estética) industrial e continua a ser um dos nomes mais prolíficos do techno. Shadow of Fear marca o regresso oficial da entidade, afastada dos discos desde 1994, numa altura adequada à sua imagética da distopia. O som da tabla indiana na primeira faixa, “Be Free” é uma anomalia (tal como o título): trata-se de um disco de trepidação eletrónica, temperado pelo poder da maquinaria e bafejado do medo que lhes era tão familiar nos anos 70 como é ao mundo em 2020.
[Lindstrøm e Prins Thomas] III
Ao terceiro capítulo da sua colaboração, Lindstrøm e Prins Thomas perceberam algo: trabalham melhor à distância. O ideal pandémico deu-lhes jeito para III, uma casa de estrutura sólida e ar puro, onde cada parede deixa espreitar uma clarabóia. A sensibilidade ambient, coadjuvada por pinceladas de piano e bateria, não inibe a rigidez das batidas, mas amolece-as. O quadro é consonante com o trabalho a solo destes produtores noruegueses nos últimos anos, proponentes de uma disco galáctica, progressiva e macia ao toque.
[SAINt JHN] While The World Was Burning
Se pudermos fazer uma rectificação, SAINt JHN, é que ainda estamos a ver as labaredas. O álbum (que prazer é dizê-lo, em vez de projecto) é emocionalmente denso e conta com a colaboração de Kanye West, DaBaby, A Boogie Wit da Hoodie, Kehlani, 6LACK, JID, Lil Uzi Vert e Future. Já foi o protótipo SoundCloud, em 2016, com legítimos êxitos de algibeira e créditos com gente como Jidenna; tornou-se o hitmaker de “Roses”, uma das canções do Verão nos EUA, e faz agora o seu grande salto.
[Rob Mazurek & Exploding Star Orchestra] Dimensional Stardust
Como uma big band a interpretar uma supernova, Dimensional Stardust é o que sobra da explosão. Rob Mazurek é o desenhista deste projeto: um abstractivista auto-descrito, devoto da composição electroacústica e preso entre mundos que vão da escultura ao improviso (colaborador de Jeff Parker, para quem precisar de um nome sonante).
[The Tibbs] Another Shot Fired
Quem disse que os holandeses não têm soul? The Tibbs, adeptos de um pastiche norte-americano dos anos 60 e 70, são o som de um revivalismo. Pensemos em “The Marvellets, Booker T and the MGs, James Brown, The Supremes”, avisam no comunicado de imprensa sobre Another Shot Fired, o primeiro disco com a nova vocalista Roxanne Hartog (que substitui Elsa Bekman, agora a disparar a solo).
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